A operação consiste na retirada de não indígenas que ocupam irregularmente parte das terras Apyterewa (homologada em 2007) e Trincheira Bacajá (homologada em 1996), no Pará (Foto: )
- Terminou
ontem, segunda-feira (30) o prazo para a saída voluntária de todos os invasores
das Terras indígenas Apyterewa e Trincheira Bacajá, localizadas entre os
municípios de São Félix do Xingu, Altamira, Anapú e Senador José Porfírio, no
Pará. A Operação de Desintrusão começou no início do mês de outubro e o
balanço, até o momento, é de que boa parte dos invasores já saiu da região.
Durante esse período, 14 órgãos dos governos Federal e do Estado do Pará
realizaram diligências todos os dias, visitando pontos distantes e notificando
invasores sobre a necessidade de deixarem os lotes que ocupam nas duas áreas,
no período estipulado.
O processo
de desintrusão teve início no dia 2 de outubro sob protesto dos invasores
Até agora,
foram realizados 119 cadastros pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (Incra) que podem garantir o acesso ao Programa Nacional de Reforma
Agrária ou a outros programas de assistência social do Governo Federal após a
saída das Terras Iindpigenas (Tis). As equipes do incra já estiveram em 851
pontos que tinham algum tipo de interferência de invasores.
Balanço
Desde o
início da operação, já foram realizadas vistorias em mais de 90% das
edificações identificadas na Terra Indígena Apyterewa, por meio de ações de
geoprocessamento. De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, as visitas
realizadas na região, durante esta semana, foram feitas por meio de
reconhecimento aéreo. Na ocasião, foram verificadas casas que estavam com
sinais de abandono e outras residências com moradores nos locais.
Políticos
que atuam na região afirmam que o processo é ilegal e que os invasores foram
levados para a região pelo próprio governo
Ainda
durante a operação, foram apreendidos 230 litros de agrotóxico, nove animais
silvestres, 14 armas de fogo, 9 mil metros de arame, 202 botijões de gás, 150
metros de cabos de alta-tensão, 63,74 metros cúbicos de madeira, 46 maquinários
leves, dois maquinários pesados, um veículo, três caminhões, dois tratores,
seis motocicletas, 70 gramas de maconha e 113 litros de gasolina.
As equipes
de fiscalização de áreas como meio-ambiente, defesa animal, trabalho e emprego,
entre outras, já realizaram 19 autuações e aplicaram multas que totalizam mais
de R$ 4 milhões. Desmatamento, trabalho em condições análogas à escravidão e
medicamentos veterinários irregulares têm sido os maiores motivos de aplicação
de multas durante a desintrusão.
Fonte: Rede
Brasil Mais (Polícia Federal)
Com a
atividade intensa da equipe da Operação de Desintrusão, o resultado foi
imediato e os índices de desmatamento caíram fortemente. Em outubro de 2022, a
Rede Brasil Mais da Polícia Federal registrou o desmatamento de 10,68
quilômetros quadrados e, agora, depois do início da Desintrusão, apenas 0,16
quilômetro quadrado foi derrubado. O número representa uma queda de 98,5%. Os
alertas de desmatamento despencaram de 91 em 2022 para apenas 12 neste an
Mesmo com
tantos resultados positivos, a expectativa é de que todos os que invadiram as
TIs se retirem, antes do prazo final, de forma pacífica e conciliadora. Mas a
expectativa do governo não tem eco para vários políticos que atuam na região.
Vários deles insistem em afirmar que a desintrusão é ilegal, que o próprio
governo federal criou projetos de assentamento na área e agora mudou de ideia.
Agricultor morto à tiros
No dia 16
de outubro, o agricultor Ozéas dos Santos Ribeiro, conhecido como “Barbicha” ou
“Doidão”, foi morto a tiros durante a primeira fase da operação de desintrusão
da Terra Indígena Apyterewa, localizada em São Félix do Xingu, sul do Pará.
Testemunhas denunciaram e apontaram a Força Nacional como autora dos disparos.
Os
habitantes da comunidade Vila Renascer alegam que Ozéas passou quase quatro
horas sob custódia da Força Nacional antes de ser baleado. As circunstâncias
que levaram a essa abordagem permanecem obscuras.
Após o
incidente, barricadas foram erguidas e incêndios foram provocados,
desencadeando confrontos com as forças de segurança que usaram bombas de efeito
moral para conter a situação.
A operação
de desintrusão começou em 2 de outubro por determinação judicial, com o
objetivo de devolver aos povos indígenas o uso exclusivo de seus territórios
nas terras Apyterewa e Trincheira Bacajá, no Pará. Estas terras são habitadas
por cerca de 2.500 indígenas de várias etnias, além de registros de indígenas
isolados e de recente contato.
Segundo o
governo federal, a operação consiste na retirada de não indígenas que ocupam
irregularmente parte das terras Apyterewa (homologada em 2007) e Trincheira
Bacajá (homologada em 1996).
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente
do Blog do Zé Dudu em Brasília.