
Sede do Palácio da Justiça na Praça dos Três Poderes (Foto: )
Brasília – O presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, publicou a pauta que vai
a julgamento a partir de 1° de fevereiro de 2024, na retomada dos trabalhos do
judiciário. Temas polêmicos como o aborto e a posse de drogas ficaram de fora,
enquanto 29 julgamentos de réus dos Atos de 8 de Janeiro serão retomados, com
previsão de, até o final daquele mês, as respectivas sentenças terem sido
proferidas.
A abertura
do Judiciário está marcada para o dia 1º e, no dia 22, haverá a sessão solene
de posse de Flávio Dino, que assume a vaga na Corte aberta com a aposentadoria
da ministra Rosa Weber. Para a primeira sessão, Barroso pautou a continuidade
do julgamento sobre a regra que impõe o regime de separação de bens no
casamento de pessoas maiores de 70 anos.
Outro tema
que já foi pautado foi o recurso contra a decisão que permitiu a chamada
“revisão da vida toda” do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que
possibilita uma mudança no cálculo das aposentadorias. No plenário virtual,
três ministros chegaram a votar para que o resultado do julgamento seja
anulado, mas a votação terá de ser reiniciada.
Em
fevereiro, um caso que deve ser julgado diz respeito ao reconhecimento de
vínculo empregatício entre plataforma e entregador, alvo de impasse entre a
Justiça do Trabalho e o STF. Também retornam à pauta as ações que cobram um
plano governamental para o combate ao desmatamento na Amazônia e de prevenção
de queimadas na floresta e no Pantanal.
Três ações,
as quais questionam se a Constituição Federal admite atribuir ao Ministério
Público poderes de investigação criminal e se a aplicação das normas da Lei
Orgânica do Ministério Público da União aos Ministérios Públicos dos Estados
ofende a autonomia dos estados e do Distrito Federal, também foram incluídas.
A escolha
de processos que desagradem ou acenem ao Legislativo deve pesar na hora da
elaboração do restante da pauta por parte de Barroso, que tem buscado adotar
uma postura conciliatória com o Congresso e mantido diálogo com o presidente da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Em setembro, quando o julgamento sobre o aborto
foi iniciado, o presidente do STF informou ao deputado que iria interrompê-lo,
em sinal de respeito a um debate que pode ser realizado pelos parlamentares
sobre um tema visto como polêmico.
Ele já
afirmou que, no próximo ano, não pautará o processo que discute a
descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, justificando que o
tema não está maduro o suficiente para ser analisado.
Por outro
lado, a continuidade de julgamentos do 8 de Janeiro envolvendo pessoas que
estiveram envolvidas tanto com o financiamento dos atos, quanto na incitação
dos crimes cometidos contra as sedes dos três Poderes, é inegociável e volta à
pauta logo no reinício dos trabalhos.
Após a
condenação de 30 pessoas em 2023, mais 29 julgamentos estão programados para
serem concluídos na primeira semana de fevereiro.
O tribunal
também poderá incluir na pauta o julgamento de processos sobre o regime de
responsabilidades das plataformas digitais em relação a conteúdos postados por
usuários e a possibilidade de suspensão de aplicativos de mensagens por ordem
judicial. São quatro ações que discutem os temas.
Por Val-André Mutran – de Brasília