Sede do Ministério da Fazenda (Foto: )
O
Ministério da Fazenda anunciou, na última segunda-feira (8), novas condições
para a renegociação de dívidas com a União, com a possibilidade de descontos em
até 70% nos juros e multas. Também será possível parcelar o débito em até 145
vezes. Pessoas físicas e jurídicas têm até o dia 30 de abril para aderir à
renegociação, que tem a possibilidade de ser prorrogada.
As
facilidades levarão em conta a capacidade de pagamento do devedor. A
expectativa do governo é recuperar cerca de R$ 24 bilhões em 2024. A pasta
criou uma força-tarefa para atender a demanda.
As
negociações abrangem apenas os débitos inscritos na Dívida Ativa da União. O
programa, chamado de “Transações por Adesão”, considera a capacidade de
pagamento das empresas antes de oferecer o desconto. Ou seja, os maiores
abatimentos serão para os contribuintes com menor capacidade de arcar com seus
compromissos de dívida. O desconto, conforme o edital lançado para 2024, vai
recair apenas na parte acessória da dívida (juros, multas e encargos legais).
O valor
principal da dívida será cobrado integralmente. A exceção é para os
microempreendedores individuais (MEIs). O governo está oferecendo até 50% de
desconto sobre o valor global da dívida para esse público.
“Essa
política pública é voltada para o resgate econômico-financeiro das empresas,
das pessoas físicas e jurídicas. Para garantir a manutenção do emprego, da
renda, da subsistência do negócio ou da família,” disse o procurador-geral
adjunto de Gestão da Dívida Ativa da União e do FGTS, João Henrique Chauffaille
Grognet.
Regras
Na prática,
o benefício abarca micro e pequenas empresas, Santas Casas de Misericórdia,
sociedades cooperativas, organizações da sociedade civil (como sindicatos),
instituições de ensino e empresas em recuperação judicial. Há, contudo, um
teto: são elegíveis débitos de até R$ 45 milhões.
Como o
desconto é destinado aos contribuintes com dificuldade econômico-financeira,
quem tiver capacidade de arcar com a dívida total não receberá nenhum
abatimento.
“Vai ter
pessoa física ou jurídica com direito a 0% de desconto, porque ela tem a
capacidade de pagar tudo. E vai ter pessoa que vai ter o direito máximo, 70%.
Entre 0% a 70%, você tem a gradação normal,” explicou Grognet.
Simulação para pagamento do
débito
O
contribuinte já pode fazer simulações e realizar a negociação no Portal
Regularize,
plataforma de serviços criada pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
(PGFN). A avaliação é automática. Em média, leva menos de seis minutos para,
desde o acesso ao sistema, concluir a negociação com os valores e descontos
definitivos, segundo a PGFN.
Está
previsto que os técnicos da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, ao longo do
prazo de adesão, vão realizar uma força-tarefa com o envio de SMS e de
correspondência para contribuintes endividados.
‘’A
capacidade de pagamento é única para cada contribuinte. A partir da realidade
fiscal dele, a gente consegue chegar ao desconto para os devedores. Esses
números e a própria negociação, o contribuinte tem acesso no Regularize,”
antecipou o coordenador-geral da Dívida Ativa da União e do FGTS da PGFN, Theo
Lucas Dias.
Dinâmica parecida com o
Refis
Essa
dinâmica de renegociação de dívidas está sendo vista pela Fazenda como um
contraponto aos chamados “Refis” – antigos programas de recuperação fiscal do
governo. Pelos cálculos da PGFN, foram cerca de 50 versões desse programa de
2000 até 2018. A lógica de negociação, nesses casos, era dar desconto maior
para quem pagava a dívida à vista ou quem pagava com menor número de parcelas.
A capacidade de pagamento não era considerada.
“Era muito
grave, pois os contribuintes que tinham a capacidade de pagar tudo,
aproveitavam nessa oportunidade, para pagar o seu passivo todo com desconto,
isso é muito injusto sob a perspectiva da justiça fiscal,” analisa o
procurador-geral adjunto de Gestão da Dívida Ativa.
A partir da
pandemia, a modalidade de Transação por Adesão começou a ser colocada em
prática, já considerando a saúde financeira das pessoas jurídicas para as
propostas de renegociação. O contexto de crise sanitária levou muitas empresas
de serviços, por exemplo, a ficaram no vermelho.
Em 2023, a
expectativa da Fazenda é que o montante recuperado com renegociações de dívidas
tenha ficado em cerca de R$ 48 bilhões. Desse total, cerca de R$ 22 bilhões
foram a partir da política de “Transação por Adesão”. O restante foi a partir
de parcelamentos tradicionais.
O montante
recuperado anualmente é fundamental para o resultado primário, avaliam técnicos
da PGFN. A expectativa é recuperar cerca de R$ 24 bilhões em 2024 com o novo
edital de negociações com desconto de até 70% e R$ 50 bilhões com o valor
global para o ano. Os dados são estimativas iniciais. Na peça orçamentária,
essa previsão de valor fica diluída, de acordo com cada tributo
Por Val-André Mutran – de Brasília