Composição da Vale transportando minério de ferro do Pará para o Maranhão na Estrada de Ferro Carajás (Foto: )
Não demorou
uma semana para o governo federal retaliar a mineradora Vale S/A, após o
insucesso de emplacar na presidência da mineradora o ex-ministro da Fazenda de
governo anteriores do PT, Guido Mantega. E a conta, além de chegar à jato é
astronômica. Nesta terça-feira (30), o ministro das Comunicações, Juscelino
Filho, que não tem nada a ver com a disputa, meteu o bedelho elogiando a
decisão do governo federal de cobrar da Vale e da MRS Logística quase R$ 30
bilhões em outorgas não pagas, na renovação antecipada de contratos de três
ferrovias, ocorrida na gestão passada.
Ministro
das Comunicações, Juscelino Filho
As duas
empresas foram notificadas na última sexta-feira (26), por meio de documento
assinado e enviado pelo ministro dos Transportes, Renan Filho. O governo nega que
tenha havido retaliação e que a conta apresentada segue diretiva do Tribunal de
Contas da União (TCU).
“O objetivo
do nosso governo é investir os recursos na construção de novas ferrovias, algo
extremamente importante para o desenvolvimento do país. Desses quase R$ 30
bilhões, R$ 21,2 bilhões referem-se à Estrada de Ferro Carajás (EFC), que liga
o Maranhão ao Pará. Por isso, entendo que é justo que as bancadas federais
maranhense e paraense reivindiquem que um bom percentual vá para obras nos dois
estados, algo que sempre defendi como deputado federal”, disse Juscelino Filho.
A
notificação se baseia em decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que
aprovou um acordo entre o governo federal e a Rumo, empresa logística do grupo
Cosan. A concessionária pagará R$ 1,5 bilhão adicional pela renovação da
concessão da Malha Paulista de ferrovia, feita antecipadamente em 2020. O
Ministério dos Transportes deu 15 dias para que Vale e MRS informem as
providências adotadas para o cumprimento do rito determinado pelo TCU.
Juscelino
Filho lembrou que no governo passado, em reuniões no Ministério dos
Transportes, declarou que era essencial destinar os recursos da renovação da
EFC para a infraestrutura do Maranhão.
“A situação
melhorou no primeiro ano do governo Lula, mas é claro que nosso estado ainda
precisa de investimentos significativos no setor. Esperamos que haja um acordo.
Se não houver, a ideia é levar a discussão ao Tribunal de Contas, com
representação contra as empresas, alegando que houve lesão aos cofres
públicos”, frisou.
No caso da
Estrada de Ferro Carajás, o contrato de concessão terminava em 2027, mas foi
renovado de forma antecipada em 2020 por mais 30 anos. Para isso, com outorga
precificada em R$ 15,9 bilhões, a Vale descontou investimentos feitos e não
amortizados, pagando apenas R$ 641 milhões. Trazida a preços atuais corrigidos,
a diferença é de R$ 21,2 bilhões. A EFC, de quase 900 quilômetros de extensão,
dos quais 697 Km estão no Maranhão, é usada para escoar minério de ferro da
Serra dos Carajás (PA) até o Porto de Itaqui (MA).
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente
do Blog do Zé Dudu em Brasília.