O auxílio-internet, se aprovado, beneficiará apenas o universo de famílias cadastradas no CadÚnico (Foto: )
Brasília – Não param de chegar à
Mesa Diretora da Câmara dos Deputados projetos de lei de impacto financeiro,
num orçamento que não tem mais espaço fiscal. A mais recente proposta assegura
a pessoas de baixa renda e a agricultores familiares recursos para comprar o
acesso à internet, incluindo equipamento como celulares e computadores (PL n°
3.501/2020). Apelidado de “auxílio-internet”, o texto foi apresentado
inicialmente há quatro anos pelo deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE).
A
Reportagem do Blog do Zé Dudu analisou a proposta, que restringe o escopo dos
beneficiários, concedendo o auxílio-internet ao universo de famílias
cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal
(CadÚnico), com a finalidade exclusiva de pagamento de serviços de
telecomunicações.
No
Parágrafo Único da redação do projeto, o auxílio-Internet terá o seu valor
definido em ato do Poder Executivo. Sua fonte de receita virá dos recursos do
Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel), criado pela Lei n° 5.070,
de 7 de julho de 1966, do Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações (Fust), criado pela Lei n° 9.998, de 17 de agosto de 2000 e do
Tesouro Nacional.
“Adormecido”
nos escaninhos da Câmara, o projeto “acordou” em ano eleitoral, e deve tramitar
em quatro Comissões Temáticas da Casa.
Vitaminado
Analisada
na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e
Família da Câmara, o PL não teve dificuldade para ser aprovado nesta
terça-feira (30), tendo sido adicionada ao texto original a criação da Política
Nacional de Conectividade da Agricultura Familiar, “vitaminando” a proposta.
Sugerida
pela relatora do texto na comissão, deputada Flávia Morais (PDT-GO), a Política
Nacional de Conectividade da Agricultura Familiar terá como beneficiários
prioritários os agricultores familiares que participem do Programa Bolsa
Família, do Programa de Aquisição de Alimentos ou que desenvolvam atividades em
localidades atendidas por serviço digital de assistência técnica e extensão
rural.
A proposta
estabelece que seja pago preferencialmente à mulher responsável pela família e
que a primeira parcela seja suficiente para a compra do dispositivo de acesso à
internet.
O texto
prevê que, na aquisição dos equipamentos, haverá preferência para bens com
tecnologia desenvolvida no Brasil. A política contará com recursos do orçamento
da União, do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) e
outros recursos de fontes nacionais e internacionais.
“Vários
benefícios e programas, hoje, são disponibilizados através de aplicativos e,
muitas vezes, as famílias mais vulneráveis estão em localidades mais distantes
que ainda não têm conectividade,” afirmou, enfatizando que a conectividade traz
cidadania. “Hoje nós estamos, para além da educação, trabalhando outro tema
importante, que é a telessaúde, a telemedicina, que tem a necessidade dessa
conectividade para chegar nos lugares mais distantes”.
A proposta
que cria o auxílio-internet para as famílias de baixa renda ainda precisa ser analisada
pelas comissões de Ciência e Tecnologia, de Finanças e Tributação, e de
Constituição e Justiça. Se aprovada, segue para exame dos senadores.
Por Val-André Mutran – de Brasília