A Polícia
Federal cumpriu mandado de busca e apreensão no Porto de Itaquí, em São
Luís-MA, nesta quarta-feira, dia 5. Foi a operação Dólos, que resultou na
apreensão de aproximadamente 23 mil toneladas de manganês ilegal, avaliadas em
quase R$ 30 milhões.
Com apoio
da PF do Maranhão, foi apreendida a carga que seria transportada à China,
amanhã, quinta-feira, 6, a bordo de um navio mercante. As irregularidades são a
falta de pagamento de impostos e as notas fiscais “esquentadas”, em nome de
outra mineradora, de propriedade de um empresário detentor de polos de
exportação em Marabá e no Porto de Vila do Conde, em Barcarena. A empresa teve
a licença suspensa em maio de 2024 devido às práticas ilegais.
A
investigação, feita pela PF em Marabá, logo confirmou práticas irregulares pela
empresa de mineração, com sede em Marabá. A empresa estaria extraindo
irregularmente manganês e exportando para China.
O manganês
apreendido ficará sob responsabilidade de empresa que opera no porto de Itaquí,
como depositária, até que a Justiça defina o destino do minério.
Durante as
investigações, a Polícia Federal descobriu que a carga de minério foi
transportada via estrada de ferro, tendo em vista a facilidade do transporte e
dificuldade de fiscalização. A recorrência na apreensão de minérios em rodovias
paraenses leva os criminosos a buscarem alternativas com menor controle.
Segundo
nota da PF, no Pará, a prática da extração ilegal de minério é recorrente e o
combate feito pela Polícia Federal aos garimpos na região é constante. As
operações atuais são desdobramentos de outras recentes, como a operação Farra
do Manganês, Pertinácia I e II e B8, deflagradas em 2023 e 2024.
DENÚNCIA ANTECIPADA NA
IMPRENSA
No dia 31
de maio, portanto há seis dias, o portal A Província do Pará publicou notícia
antecipando esse transporte, dando nome da empresa que seria responsável, do
seu proprietário e até do navio onde o minério seria embarcado rumo à China.
“Uma carga
com 22 mil toneladas de manganês ilegalmente extraído de alguma mina irregular,
possivelmente em Marabá, no sudeste paraense, será transportada, no próximo dia
6 de junho, para a China, a bordo do navio mercante Stellar Alazania, sem
pagamento de impostos e com notas fiscais esquentadas em nome da mineradora
Três Marias LTDA, de propriedade do empresário Jamil Silva Amorim, que já tem
polos de exportação também em Marabá e no porto de Vila do Conde, em Barcarena,
região metropolitana de Belém”.
Em outro
trecho da notícia, A Província afirmava que “as 22.000 toneladas de minérios de
manganês, extraídas ilegalmente, no município de Marabá, que seguiram para o
Estado do Maranhão com o uso de “Notas Frias” se encontram, comprovadamente, no
pátio de estocagem da empresa VLI Multimodal, estando, inclusive, já
identificado no “LINE UP” do porto, em São Luís. O destino final é a China e o
embarque já está programado para o próximo dia 06 de junho de 2024, no navio
Stellar Alazania, que chegou à capital maranhense no dia 25 passado, sábado”.
A diferença
entre a carga antecipada pela A Província e a divulgada pela PF é de apenas uma
tonelada
A Província
afirma, também, que o empresário Jamil licenciou uma mina na Vila Capistrano de
Abreu, aprovada pela SEMAS/PA, mas faz extração ilegal de minério em outra
área, usando apenas a licença ambiental e as notas fiscais emitidas pela SEFA
pra acobertar o produto ilegal.
“O
Ministério Público do Estado recomendou a suspensão da licença, em decorrência
da fraude, mas a SEMAS fez a suspensão da licença por ouro motivo que não a
extração ilegal do minério. A ANM mandou uma equipe na área da mina e já
constatou que a área permanece intacta, sem qualquer movimentação de
exploração, o que levou à suspensão do título minerário da empresa Mineração
Três Marias LTDA, já publicado no Diário Oficial. A SEFA suspendeu a inscrição
estadual da empresa, mas, curiosamente, a inscrição estadual está válida
novamente, tendo em vista que o investigado conta com um renomado escritório
tributarista paraense para suas manobras jurídicas”.
O Blog não
conseguiu acesso à defesa da Mineração Três Marias e nem do empresário Jamil
Amorim, que seria de Belém.
A Vale foi
procurada, mas até a publicação desta notícia, não enviou nota para explicar
por que minério de origem ilegal foi transportado pela Estrada de Ferro
Carajás. A mineradora também precisa explicar se há dificuldade de fiscalização
da origem de minério de outras empresas que passam por sua ferrovia, como
afirma a PF.
Confira
nota da empresa VLI Multimodal sobre o assunto:
A VLI
esclarece que a movimentação ferroviária da referida carga foi iniciada apenas
após parecer favorável da Agência Nacional de Mineração (ANM), que, em outubro
de 2023, constatou os requisitos legais de conformidade para o transporte do
minério de manganês. Na ocasião, o órgão público determinou apenas a
atualização da licença ambiental, o que foi providenciado pela mineradora. A
fiscalização de eventuais irregularidades referentes ao local da lavra é
atribuição dos órgãos competentes, com os quais a VLI contribui para a
elucidação do caso. A VLI informa que não compactua com nenhum tipo de fraude.
Por fim, a VLI ressalta que as investigações em curso não têm como objeto as
atividades desempenhadas pela companhia, e sim as referentes à empresa detentora
do direito minerário.