A usina Onça Puma, em Ourilândia do Norte, no sul do Pará, especializada na produção de níquel e que emprega mais de 1,9 mil trabalhadores diretamente (Foto: Wesley Costa / Fato Regional / Arquivo) (Foto: )
O acordo que pode restabelecer a licença de
operação da Mina de Onça Puma, em Ourilândia do Norte, no Sul do Pará, está
perto de ser firmado entre a Vale e o Governo do Estado. A confirmação consta
numa petição da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) ao Supremo Tribunal Federal
(STF), que resultou no cancelamento da audiência de conciliação marcada para
esta quinta-feira (20). No documento, há o indicativo de que o
termo seja apresentado até o final deste mês.
No texto da petição, a PGE diz que está sendo
finalizando o acordo com a Vale e a Mineração Onça Puma, já em fase de ajustes
e revisão, para ser apresentado antes do início do recesso judiciário (que
começa no dia 1º de julho). Diante da informação, o Núcleo de Solução
Consensual de Conflitos do STF (Nusol) decidiu aguardar a apresentação do
termo. A solução pode se estender à Salobo Metais, que opera a mina de Sossego,
em Canaã dos Carajás.
Por ora, não há data confirmada para
restabelecimento da licença de operação. No entanto, se o acordo for celebrado
e o STF reconhecer e homologar, é questão de pouco tempo até que a mina volte à
normalidade. Devido à suspensão da LO, 108 funcionários foram
colocados em férias coletivas. Isso gerou um ambiente de
incertezas e preocupação em Ourilândia do Norte (sede do empreendimento) e
região.
A primeira audiência de conciliação no STF ocorreu em
maio. A PGE apontou o que seriam 14 itens que teriam levado à suspensão da
Licença de Operação. A Vale, através dos representantes legais,
se comprometeu a rever e fornecer mais informações e documentos exigidos, que
tratam da área ambiental, social, técnica e jurídica. O acordo só não chegou a
ser fechado na ocasião porque a PGE disse que precisava apresentar a resposta
da Vale ao governador Helder Barbalho. Contudo, havia indicativos de boa-fé da
empresa em cumprir as exigências apresentadas.
A usina Onça Puma, em
Ourilândia do Norte, no sul do Pará, especializada na produção de níquel e que
emprega mais de 1,9 mil trabalhadores (Foto: Agência Vale / Arquivo)
A mina de Onça Puma opera a exploração de uma das
maiores reservas de níquel do mundo. Em 2022, a Vale anunciou investimentos de
US$ 555 milhões para ampliar a produção da mina. Atualmente, a mina tem
capacidade de produção de 12 mil toneladas de níquel por ano e respondeu por
10% da produção de níquel de 2023. O empreendimento emprega mais de 1,9 mil
pessoas diretamente.
Por que a operação da Onça Puma foi suspensa e
a questão foi parar no STF?
A licença de operação do empreendimento foi
suspensa pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas)
em fevereiro. O órgão alegou “inconformidade nos relatórios de informação
ambiental anuais” e “descumprimento de ações de mitigação de impactos
decorrentes das atividades de mineração” para a decisão. O Tribunal de Justiça
do Estado do Pará (TJPA) suspendeu a determinação em caráter liminar. Em abril,
a LO foi suspensa novamente.
A Procuradoria-Geral da República havia considerado
que o STF não deveria julgar o caso, pois a suprema corte foi acionada pela
Vale Metais Básicos e pela Mineração Onça Puma — duas empresas privadas — e a
Prefeitura de Ourilândia do Norte. O PGR, Paulo Gonet, considerou que as partes
não poderiam ter feito esse pedido. Mesmo assim, o ministro presidente, Luís
Roberto Barroso, preferiu convocar uma audiência de conciliação e tentar
resolver o impasse.
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)