Nenhum dos 144 municípios do
Pará, nem mesmo sua capital, Belém, ou suas estrelas da indústria mineral,
Parauapebas e Canaã dos Carajás, posiciona-se entre os 1.000 mais desenvolvidos
do Brasil, quando o assunto é progresso social. Essa é a conclusão a que chegou
o IPS Brasil, que organiza o Índice de Progresso Social (IPS), segundo o qual o
estado nortista é detentor dos municípios com os menores e piores indicadores
de desenvolvimento.
O Blog do Zé Dudu se debruçou
nesta quinta-feira (4) sobre os microdados do IPS liberados ontem (3), dos
quais se inferem que os municípios paraenses têm um longo caminho a trilhar
caso queiram se igualar minimamente ao nível de progresso social alcançado e
oferecido em estados como São Paulo, Santa Catarina ou Paraná, por exemplo.
Para entender o tamanho do avanço
e até mesmo dos desafios de cada localidade no tocante às necessidades humanas
básicas de sua gente, aos fundamentos de bem-estar e às oportunidades, o IPS
traz uma compilação de dezenas de indicadores que geram uma nota em escala de 0
a 100, em que quanto mais próximo de 100 a localidade estiver, mais evoluída
será.
E é aí, nessa espécie de
“vestibular” do progresso, que o Pará vai mal e reprova: o estado tirou nota
53,20 e foi o último colocado nacional, 2,5 pontos atrás, por exemplo, do
vizinho Maranhão e muito longe, 14 pontos, do estado mais desenvolvido, São Paulo,
que apresentou IPS de 66,25. A capital paraense, Belém, é simplesmente a quarta
mais atrasada, com nota 62,51, muito abaixo de Brasília, a primeira colocada
entre as capitais, com nota 71,25.
Atrasados em massa
Belém, metrópole com 1,3 milhão
de habitantes, deveria ser espelho de desenvolvimento e progresso social senão
para o país, ao menos para o estado que representa. Mas está muito longe disso,
segundo o IPS, que se vale dos dados mais recentes de fontes como Ministério da
Saúde, Ministério da Educação, Ministério das Cidades, Conselho Nacional de
Justiça, Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) e Mapbiomas.
Se dos 1.000 municípios mais
adiantados e prósperos do país, nenhum é paraense, na outra ponta o Pará
domina: dos 10 mais atrasados, sete (70%) estão aqui no estado, a saber:
Trairão (38,69), Bannach (38,89), Jacareacanga (38,92), Cumaru do Norte (40,64),
Pacajá (40,70), Uruará (41,26) e Portel (42,23).
À exceção de Belém, nenhum outro
município conseguiu ultrapassar a nota 60 no IPS. O Blog do Zé Dudu filtrou que
81 localidades ficaram na faixa entre 50 e 59,99 pontos no índice, sendo que a
maior surpresa foi Soure (59,37), na Ilha do Marajó, uma das localidades mais
pobres do Brasil, ter tirado nota maior que Canaã dos Carajás (56,91) e
Parauapebas (55,56), ambos os quais situados na maior província mineral de
ferro de alto teor do globo.
Canaã e Parauapebas, aliás, não
estão sequer entre as 3.000 cidades mais desenvolvidas do Brasil. A Terra
Prometida está posicionada em 3.326º, enquanto a Capital do Minério se localiza
perdida na posição 3.922º. Numa perspectiva mais didática, é como se os dois
endinheirados municípios paraenses estivessem a quase 20 anos de distância do
progresso social do município com o maior IPS do Brasil, Gavião Peixoto, no
interior de São Paulo, que cravou nota 74,49.
Em termos ilustrativos, é como se
Gavião Peixoto tivesse chegado a 2024 sendo o que é, ao passo que Parauapebas
estaria sendo o que é, mas em 2006, por exemplo, tendo de trilhar um longo
caminho, especialmente nas áreas de saneamento básico, educação e segurança
pública, para se igualar à cidade campeã nacional. É um descompasso histórico e
de difícil reparação para o estado que vai receber, ano que vem, o maior e mais
importante evento sobre mudanças climáticas da década no mundo, a COP 30.