As exportações de produtos e
subprodutos de madeira do estado do Pará sofreram queda no acumulado entre
janeiro e maio de 2024, em comparação com o mesmo período do ano passado. De
acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
(MDIC), analisados e divulgados pela Associação das Indústrias Exportadoras de
Madeira do Estado do Pará (Aimex), o valor total exportado foi de US$ FOB
92.568.933, correspondendo a 105.799.972 kg, uma diminuição de 16,40% no valor
e de 10,73% na quantidade exportada, em relação a 2022.
Segundo Guilherme Carvalho,
consultor técnico da Aimex, este resultado é semelhante ao cenário de 2021,
quando os efeitos da pandemia de COVID-19 ainda impactavam fortemente a
economia global. Naquele ano, o setor de madeira do Pará enfrentou desafios devido
à integração dos sistemas de controle e monitoramento dos órgãos ambientais
estadual e federal, e ao aumento dos custos de frete, consequência da
desestruturação mundial da rede de oferta e procura causada pela pandemia.
Outro fator que contribuiu para a
retração foi a queda no preço por tonelada. Em maio deste ano, o preço recuou
7,83% em relação a abril, passando de US$ FOB 854/ton para US$ FOB 787,12/ton.
Comparando com janeiro, a queda foi ainda mais acentuada, atingindo 26,73% (US$
FOB 1.074,38/ton).
O mercado europeu, responsável
por 37,97% das importações de madeira do Pará no período analisado, também tem
mostrado sinais de fraqueza devido à estagnação econômica e à alta inflação. No
entanto, a Comissão Europeia prevê uma expansão gradual da economia para os
próximos meses, com o PIB projetado para crescer 1% em 2024 e 1,6% em 2025. Em
resposta, o Banco Central Europeu (BCE) iniciou um processo de flexibilização
da política monetária, cortando os juros em 0,25 pontos percentuais no início
de junho. A expectativa é que essa medida possa melhorar o consumo de madeira
no continente.
Nos Estados Unidos, o maior
importador de madeira do Pará (39,94% do valor entre janeiro e maio), o cenário
permanece incerto quanto à redução das taxas de juros. O mercado de trabalho
continua forte, com 272 mil novas vagas criadas em maio, superando a previsão
de 185 mil vagas. Esse desempenho robusto, junto com o aumento dos salários por
hora, tem dificultado a queda da inflação, o que, por sua vez, retarda a
flexibilização da política monetária pelo Sistema de Reserva Federal dos
Estados Unidos (Fed).
No Brasil, a valorização do dólar
frente ao real, com um avanço de 2,40% e a cotação ao final de maio a R$
5,2416/US$, aliado ao aumento dos juros futuros devido às projeções de
inflação, contribui para a desvalorização do real frente ao dólar.
Apesar do cenário desafiador, o
consultor técnico da Aimex avalia que, devido à relevância cada vez maior do
debate sobre a finitude dos recursos naturais, o produto madeira tem excelentes
perspectivas para o futuro, por ser um produto flexível, estruturalmente forte,
e o carbono incorporado mais baixo de qualquer mercadoria comercialmente
disponível, além de ser um recurso natural renovável e biodegradável.
“Por outro lado, o comércio de
madeira tropical, é o caso do Pará, também sofre altos e baixos além da
concorrência com a madeira tropical dos países africanos e do sudeste asiático.
Entretanto, os recentes dados de recuperação da economia dos países importadores,
com a expectativa de redução dos juros, sinalizam uma gradual melhora no
consumo de madeira para os próximos meses, havendo a possibilidade de
recuperação das exportações,” observa Carvalho.
E conclui: “É importante destacar
que incertezas decorrentes do prolongamento da guerra entre Rússia e Ucrânia, e
do conflito geopolítico no oriente médio são fatores de risco que podem afetar
a economia mundial e mudar o atual cenário, podendo impactar ainda mais as
exportações de madeira do estado”