A fofoca sobre a conclusão do
estudo de viabilidade de um possível novo projeto de mineração na província
mineral de Carajás causou frisson, tanto no mercado de commodities, quanto nos
municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás. Cidadãos, gestores públicos,
políticos e interessados no assunto vêm há dias se perguntando: onde será o tal
projeto e para quem ficarão os eventuais royalties de mineração? Parauapebas ou
Canaã?
Má notícia aos navegantes: o
projeto de níquel Jaguar, alardeado pela mídia especializada e
republicado aqui mesmo no Blog do Zé
Dudu, não ficará nem lá nem cá. A parada final é o município de São Félix
do Xingu, de cujo subsolo a mineradora australiana Centaurus Metals espera
retirar 18,7 mil toneladas de níquel metálico por ano, durante 18 anos, tendo
de investir, para isso, cerca de R$ 2,37 bilhões em moeda de hoje para obter
algo em torno de R$ 9,2 bilhões de caixa livre anualmente. É, como se diz no
popular, “um negócio da China”, só que no Brasil, mas em São Félix.
O Blog do Zé Dudu foi atrás de
informações atualizadas sobre o projeto Jaguar e descobriu algumas
curiosidades. A primeira delas é a localização do projeto, que está no extremo
leste de São Félix do Xingu, numa região inserida na província mineral de Carajás.
Diferentemente do que muita gente em Parauapebas pensa, aliás, a referida
província não está restrita apenas a este município, já que é comum se fazer
confusão entre a Serra dos Carajás (esta, sim, localizada dentro de
Parauapebas) e a província mineral de Carajás (que é uma área muito mais ampla
e que se espalha por diversos municípios do sudeste do Pará).
Para se chegar à região de
extração do níquel do Jaguar, o melhor caminho é ir por Tucumã, cuja cidade
está a 38 quilômetros da futura mina, sendo mais perto que a própria cidade de
São Félix do Xingu.
Descoberta do níquel
O ano era 2010, e a mineradora
multinacional Vale “passeava” pela região farejando minerais preciosos. Acabou
descobrindo níquel. Já em meados de 2019, a Vale e a Centaurus fecharam
contrato de compra e venda de ativos minerários por meio do qual o projeto
Jaguar passou a ser de propriedade desta última.
Dos R$ 2,37 bilhões previstos
como investimento no projeto de extração e processamento de minério de níquel,
cerca R$ 1,5 bilhão será para garantir a implantação da mina e o restante, para
a operação. Inclusive, durante a etapa de implantação há, conforme o Relatório
de Impacto Ambiental (Rima), perspectiva de geração de 2.100 empregos diretos,
podendo chegar a 2.650 no pico das obras — entre o nono e o décimo mês de
avanço das obras físicas.
Na fase de operação da mina,
prevê-se a geração de 1.200 postos, 87% deles preenchidos por profissionais de
nível médio técnico e 13% de nível superior. A empresa diz que irá priorizar a
mão de obra dos municípios de São Félix do Xingu, Tucumã e Ourilândia do Norte.
Aliás, a Centaurus estima que, quando em operação, o Jaguar deve despejar cerca
de R$ 24 milhões em royalties de mineração por ano aos cofres da Prefeitura de
São Félix do Xingu, além de R$ 90 milhões ao longo da exploração ao Governo do
Pará.
Atualmente, os vizinhos mais
próximos e que devem ser bastante beneficiados com o movimento do
empreendimento, se este vingar, são as vilas de Minerasul (distante 9 km) e
Ladeira Vermelha (distante 14 km). É esperado que as duas virem dormitório
temporário durante as obras e vejam suas rotinas serem transformadas pelo
movimento que há de vir.
No Rima, a Centaurus conclui
afirmando que o projeto Jaguar é “essencial para contribuir com a economia”. Em
diversos países, segundo a empresa, o níquel já está definido como mineral
estratégico. “Cabe ressaltar que o projeto vai gerar empregos, melhorar a
economia local e aumentar a arrecadação de impostos na região, trazendo mais
desenvolvimento socioeconômico e qualidade de vida para a população”, destaca.
Na AEON 94991510100