Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Foto: )
O presidente da Câmara dos
Deputados, Arthur Lira (PP-AL), convocou para esta quarta-feira (18), sessão
extraordinária para a votação do projeto de lei (PL nº 3.117/2024). O PL
permite a dispensa de licitação para compras e obras em casos de calamidade pública.
O objetivo do texto é flexibilizar as regras de licitação desses tipos em
situações de emergência. A matéria retorna para apreciação da Câmara dos
Deputados, tendo em vista as alterações promovidas pelo relator, senador Paulo
Paim (PT-RS).
A matéria chegou ao Senado, que
aprovou o regime de urgência para a votação, e faz parte de uma série de
medidas legislativas para apoiar a reconstrução de entes federativos vítimas de
desastres naturais. O projeto prevê a dispensa de licitação para compras e
obras, inclusive de engenharia, e muda outras restrições legais quando isso for
necessário para enfrentar emergencialmente os efeitos de estado de calamidade
pública.
Em seu escopo, o projeto reúne
duas medidas provisórias editadas pelo governo para o enfrentamento da crise
climática no Rio Grande do Sul — as medidas provisórias (MP nº 1.216 e 1.221,
ambas de 2024). O projeto incorpora ainda, nas cláusulas de revogação e
convalidação, dispositivos das MPs nº 1.226 e 1.245, editadas também neste ano.
“As condições excepcionais de
contratação previstas no projeto, que abrangem a dispensa de licitação, a
redução dos prazos para a apresentação de propostas e de lances, e a ampliação
do valor máximo para a celebração de contratos verbais — de R$ 10 mil, na Lei
de Licitações e Contratos, para R$ 100 mil — são plenamente justificáveis pela
excepcionalidade do contexto em que são autorizadas”, disse Paim, ao ler o
relatório do projeto em Plenário.
O senador destacou que a
satisfação do interesse público em situações calamitosas exige pronta resposta
do poder público, “o que pressupõe, naturalmente, um afrouxamento do rigor
burocrático, sem prejuízo, é claro, da posterior e indispensável fiscalização
dos gestores públicos, que é assegurada na proposição”.
Encaminhadas pelo governo, as
emendas acrescentadas ao projeto propõem:
• aumento da autorização para
subvenção econômica para R$ 3 bilhões;
• autorização do uso do superávit financeiro do Fundo Social (FS), limitado a
R$ 20 bilhões, como fonte de recursos para a disponibilização de linhas de
financiamento, com a finalidade de apoiar ações de mitigação e adaptação às
mudanças climáticas e de enfrentamento a calamidades públicas;
• e autorização para o aporte em até R$ 600 no FGO [Fundo de Garantia de
Operações] para a cobertura de operações no âmbito do Pronaf e Pronampe.
Também foi apresentada emenda com
o objetivo de assegurar a eficácia de dispositivo constitucional que veda
peremptoriamente a contratação, com o poder público, das pessoas jurídicas em
débito com o sistema da seguridade social.
Presidente da República, Luiz
Inácio Lula da Silva, durante reunião com o Presidente do Senado Federal e do
Congresso Nacional, Senador Rodrigo Pacheco, Presidente da Câmara dos
Deputados, Deputado Arthur Lira, e Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
Ministro Luís Roberto Barroso, no Palácio do Planalto
Reunião no Planalto
Arthur Lira (PP-AL) defendeu na
terça-feira (17), em reunião no Palácio do Planalto, a destinação de mais
recursos para combater incêndios criminosos. Ele participou da reunião
convocada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para tratar
do assunto. Além de ministros, também estavam presentes os presidentes do
Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto
Barroso.
Lira afirmou que há um sentimento
forte de preocupação na Câmara dos Deputados com o combate mais ostensivo aos
incêndios criminosos. “Então se tiver uma possibilidade de a gente rever gastos
efetivos direcionados muito fortemente para o enfraquecimento, monitoramento
dessas organizações, eu acho que é muito fácil de você construir textos e
construir aprovações no Congresso Nacional que flexibilizam até o arcabouço
para que esse recurso chegue a um combate efetivo a essas pessoas que cometem
esse crime de maneira organizada.”
No combate às mudanças
climáticas, Arthur Lira destacou a aprovação recente de normas para
combustíveis limpos. “Eólica offshore, hidrogênio verde, biomassa, combustível
do futuro, biodiesel, crédito de carbono, um leque de votações importantes que
reforçam essa nossa característica de energia limpa quase 80% da energia gerada
no Brasil energia limpa partindo inclusive da hidrelétrica”.
Rodrigo Pacheco e Arthur Lira
mostraram preocupação de que as queimadas no Brasil sejam utilizadas por outros
países para adotar medidas protecionistas contra produtos nacionais. “A gente
luta o tempo todo quando vamos a eventos fora do Brasil contra isso que o
presidente Pacheco alertou, contra esse protecionismo europeu em cima da nossa
economia. Vivemos a dificuldade de conseguir nos impor economicamente perante
esses países mais ricos e mais desenvolvidos”, disse Lira.
Endurecimento de penas para
crimes ambientais
O presidente do Supremo Tribunal
Federal, Luís Roberto Barroso, apontou para a necessidade de endurecer as penas
para crimes ambientais. “Temos crimes ambientais que são queimadas,
desmatamento, extração ilegal de madeira, mineração ilegal e contrabando. Como
as penas são muito pequenas, elas acabam não tendo o efeito dissuasório
necessário”, ressaltou.
Em relação aos incêndios
criminosos, o ministro sugeriu vedar a regularização fundiária de áreas que
foram objeto de queimadas. “Para termos certeza de que não foram queimadas para
depois ter a regularização”, defendeu.
No entanto, o presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco, aconselhou ter cautela com propostas que aumente as
penas ou qualifiquem os crimes ambientais como crimes hediondos. “Temos que
conter e buscar um equilíbrio na formatação de leis, sob pena de descambarmos
para um populismo legislativo, que não solucionará o problema e vai acabar
afetando a Justiça Penal brasileira com medidas que sejam desproporcionais”,
ponderou.
Para o presidente do Congresso, o
problema no momento não é a falta de legislação ou penas. “O que se identifica
nestes incêndios no Brasil é que, para além do crime de incêndio, há também
organização criminosa. Instrumentos para evitar isto já existem na legislação.”
Na reunião, a ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, agradeceu ao Congresso Nacional por aumentar em 18% o
orçamento de sua pasta para combater os incêndios. No entanto, ela alertou que
atualmente há 106 incêndios ativos que não estão sendo combatidos por falta de
recursos.
Até 9 de setembro, as queimadas
no Brasil devastaram uma área de quase 188 mil quilômetros quadrados, o
equivalente ao território do estado do Paraná.
* Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do
Zé Dudu em Brasília.