Apesar do desmatamento, que já
dizimou 25% das florestas do Pará, o estado ainda concentra os municípios que
mais rendem dinheiro quando o assunto é extração vegetal. O estado movimentou
R$ 2,615 bilhões — o maior valor do país — no ano passado e sete das dez
localidades mais produtivas estão por aqui. O resultado também é superior ao de
2022, quando o faturamento foi de R$ 2,413 bilhões. As informações foram
levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu.
A constatação decorre da pesquisa
intitulada “Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura” (PEVS), divulgada
nesta quinta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) e que computa dados consolidados em 2023. Os microdados analisados pelo
Blog do Zé Dudu mostram que muitos municípios do Pará ganham mais dinheiro com
a exploração de recursos de florestas naturais do que com a própria arrecadação
vinda de fontes como tributação própria, estado e União.

É o caso, por exemplo, de Prainha
e Limoeiro do Ajuru, respectivamente medalhas de prata e bronze no extrativismo
vegetal brasileiro, que só ficam atrás de outro paraense, Portel, que
movimentou R$ 270,15 milhões em commodities florestais cobiçadas pelo mundo
inteiro. Embora prósperos na produção florestal, esses municípios estão,
curiosamente, entre os menos desenvolvidos socialmente do país, uma clara
demonstração de que a riqueza gerada por eles não se traduz em desenvolvimento
humano e progresso social.
Principal fonte econômica
Prainha, município localizado ao
lado de Santarém, é uma potência desconhecida. Cercada por rios e matas onde o
homem ainda não pisou, a produção oriunda de suas florestas nativas totalizou
R$ 244,58 milhões, operações que estão 37% acima da receita bruta arrecadada
pela prefeitura local, no valor de R$ 152,99 milhões, conforme checou o Blog do
Zé Dudu nas prestações de contas oficiais do governo de Prainha entregues a
órgãos de controle externo.
Já Limoeiro do Ajuru, nas
proximidades de Cametá, movimentou R$ 222,17 milhões com extrativismo vegetal,
quase o dobro da arrecadação total do município, consolidada em R$ 117,32
milhões em 2023.
Outros lugares onde o
extrativismo é significativo são Santarém (R$ 185,62 milhões, 4º lugar
nacional), Paragominas (R$ 143,86 milhões, 6º), Oeiras do Pará (R$ 133,39
milhões, 7º), Melgaço (R$ 125,69 milhões, 8º), Aveiro (R$ 98,03 milhões, 11º),
Juruti (R$ 72,92 milhões, 12º), Almeirim (R$ 72,72 milhões, 13º) e Breves (R$
69,21 milhões, 15º).

Cesta de produtos florestais
O Blog do Zé Dudu apurou que os
dois principais produtos das florestas paraenses mais valorizados lá fora são a
madeira, que rendeu R$ 1,764 bilhão ano passado, e o açaí, com R$ 651,06
milhões. Na sequência, vêm o carvão vegetal (R$ 101,32 milhões), a lenha (R$
40,01 milhões), a castanha-do-pará (R$ 31,53 milhões), o palmito (R$ 14,58
milhões) e o cumaru (R$ 4,76 milhões).
O Pará é grande exportador na
balança comercial de madeira, castanha e açaí, sendo um dos maiores
fornecedores globais dessas especiarias. A título de informação, o Blog do Zé
Dudu levantou que, só em madeira, o estado embarcou ano passado cerca de 202 milhões
de dólares, de acordo com dados do Ministério da Economia.