Valder (à esq.) lamenta a morte de Adevaldo (à dir.) e diz não acreditar na versão da polícia (Foto: )
Será sepultado no final da tarde desta terça-feira (1º) o corpo de Adevaldo Rodrigues Pego, de 53 anos, em São Domingos do Araguaia, de onde é natural. Ele e mais quatro colegas de trabalho morreram durante uma ação policial em um área de garimpo ilegal, na região da Terra Indígena Sararé, no município de Pontes e Lacerda, distante cerca de 480km de Cuiabá, capital matogrossense.
O caso foi registrado na madrugada do último sábado (28). A Polícia Rodoviária Federal informou que dava apoio a agentes do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) em uma operação que visa combater a extração ilegal de ouro e desmatamento. De acordo com a PRF, os agentes teriam sido impedidos pelo grupo que servia de segurança dos garimpeiros e houve o confronto, que resultou nas mortes dos homens. Nenhum agente federal saiu ferido na ação. Os corpos foram removidos por uma aeronave para a Perícia Oficial e Identificação Técnica (POLITEC), no município.
Máquinas foram destruídas na operação
Ainda de acordo com a polícia, foram apreendidos um fuzil, uma metralhadora, uma espingarda calibre 12, duas pistolas, um revólver com carregadores e munições. Os agentes ainda teriam destruído trinta escavadeiras, 22 camionetes, dois caminhões, uma pá carregadeira, seis motocicletas, 25 acampamentos, além de aproximadamente 5 mil litros de combustível.
A reportagem do Correio de Carajás conversou com Valder Rodrigues Pego, irmão da vítima, que falou sobre o caso. Para ele, a versão apresentada pela polícia não procede. “Meu irmão era um homem bom, de coração puro, humilde, mas trabalhador no pesado. Não tinha inimizades com ninguém. Ele nunca mexeu com coisa errada”, relatou, informando que o irmão estava no local há aproximadamente dois meses.
PRF afirma ter apreendido armas na operação
Valder informou que o recebimento da notícia foi um golpe muito duro para a família que ainda se recupera do luto pela morte de outro irmão, ocorrida há pouco mais de uma semana. “Recebemos a notícia por meio de um grupo de WhatsApp. Uma moça viu a postagem, reconheceu se tratar de meu irmão e me comunicou o fato, aí gente procurou se informar direito com as autoridades locais”, declarou ele.
Valder faz questão de salientar que Adevaldo jamais entraria em confronto com a polícia e que não acredita na tese levantada pelos policiais. “É a defesa dela dizer que eles entraram em confronto. Eu afirmo que isso jamais aconteceu. Meu irmão jamais faria uma coisa assim”, disse, acrescentando acreditar que a polícia teria matado o irmão sem ter dado chance de defesa. “São mais de 50 anos de convivência com ele e sei que ele jamais enfrentaria a polícia”, finalizou.
O velório acontece na casa de José Rodrigues, pai de Adevaldo, na Travessa Francisco Viana, no Bairro Moisés.
(Luiz Carlos Silva – Freelancer)
Correio de Carajás