Quinta-feira, 26 de Dezembro de 2024

Brasil
Publicada em 14/10/24 às 06:07h - 98 visualizações
CNN Money e CNBC chegam ao Brasil em novembro. Quem sobreviverá na guerra por audiência?
A CNBC Brasil estreia em 3 de novembro; a CNN Money, no dia seguinte

Jornal O Niquel

Da esquerda para a direita, Rubens Menin, Douglas Tavolaro e João Camargo, preparam os novos canais CNN Money e CNBC Brasil para disputar os mesmos patrocinadores. Há mercado para os dois?  (Foto: )

Após decisões consideradas equivocadas, que drenaram capital a deixaram temporariamente fora de combate em novos mercados, a maior rede de comunicação do Brasil, o Grupo Globo, terá que se contentar e assistir, na condição de mero expectador, como será a disputa por um nicho publicitário que protagonizará, em poucos dias, “uma guerra pela audiência”. No próximo dia 3 de novembro, vai ao “ar” a CNBC Brasil, e no dia seguinte, estreia a CNN Money. Mas, há anunciantes suficientes para os dois novos canais?

“Sempre tem espaço quando o conteúdo é de qualidade,” diz Erh Ray, o CEO da agência BETC Havas, uma das maiores compradoras de mídia do País. “Mas não tem segredo: precisa de audiência para justificar e atrair os investimentos dos anunciantes.”

Para Pipo Calazans, o CEO da DM9 – uma das maiores e mais premiadas agências de publicidade do Brasil –, o grande desafio para os dois canais será a execução do modelo de multiplataforma – em que o conteúdo é distribuído na TV a cabo, web, streaming, redes sociais e mídia out-of-home. “Espaço, há, mas como diria meu pai: A ver”, profetiza Calazans.

O duelo vai ser acirrado desde o Day One: os dois canais vão estrear praticamente no mesmo dia. A CNBC Brasil (o canal é em português, mas a ordem é chamá-la de “ci, en, bi, ci”) estreia em 3 de novembro; a CNN Money (ci, en, en, mônei), no dia seguinte, 4 de novembro.

Histórico
Três anos depois de seu divórcio na CNN Brasil, Rubens Menin e Douglas Tavolaro se preparam para travar uma guerra pela audiência com o lançamento simultâneo de dois canais de TV focados em economia e negócios.

O CEO e sócio de Rubens na CNN, João Camargo, não deixa dúvidas sobre o que será esta guerra.

“Nós seremos o único canal que vai sobreviver nos próximos 12 meses”, antecipou.

Mas e a CNBC?

“CNBC não é canal, é uma licença de transmissão.”

Tavolaro – o ex-vp de jornalismo da TV Record que lançou a CNN Brasil em 2020 com um investimento de Menin – também não esconde o tamanho do embate.

Aos amigos, diz que a CNN Money está sendo lançada de afogadilho, só para tentar atrapalhar o lançamento da CNBC, o icônico canal americano que é um must watch em Wall Street – a maior Bolsa de Valores do mundo, em Nova Iorque (EUA).

Tavolaro tem 85% da CNBC Brasil. Seu sócio minoritário é o Attention Economics (AE), um fundo especializado em empreendimentos de mídia digital. O managing partner do AE é um tarimbado executivo do setor, Greg Beitchman, um ex-vp comercial da Warner e da CNN International.

Em conversas com o mercado, Tavolaro lança dúvidas sobre como a CNN Money conseguirá gerar conteúdo suficiente para uma transmissão 24 horas sem ter material da CNN disponível para reprodução – já que a emissora de Atlanta (EUA) não possui outros canais CNN Money pelo mundo.

Enquanto a expansão do mercado de jornalismo é sempre bem-vinda, a dúvida no mercado é se haverá audiência e publicidade para justificar dois canais atuando no mesmo nicho.

A disputa já se estendeu para a agenda dos políticos
A festa de lançamento da CNBC Brasil vai ser no dia 1º de novembro no Grand Hyatt de São Paulo, e os organizadores dizem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), confirmou presença, além de outros políticos e ministros.

Já a CNN Money pretende reunir 1.000 pessoas no dia 4 de novembro, na Casa Fasano; autoridades e políticos também são esperados, até porque João Camargo é o dono da Esfera, hoje a empresa dominante em eventos que reúnem políticos e empresários.Apesar de todo o glamour e capacidade de influência, canais de televisão sempre foram um negócio traiçoeiro, com custos que sorvem montanhas capital em troca de retornos duvidosos.Os próprios donos de TV são os primeiros a confidenciar que a vida é dura; e com o avanço da mídia online (leia-se a publicidade no Google) na última década, até os Marinho tiveram que cortar custos na carne nos últimos anos, e administrar uma dívida monumental, que não parou de crescer após o lançamento de sua própria plataforma de streaming, a Globoplay, que torrou uma fábula de dinheiro na produção de conteúdo que não agradou ao público, abrindo uma fenda em suas finanças.Como audiência não se constrói da noite pro dia, a sobrevivência dos novos entrantes, na prática, será decidida no mercado publicitário.

As armas dos contendores
A CNBC Brasil diz que já tem 14 anunciantes fundadores, e que vai chegar a 15 ou 16 até o dia da estreia. A CNN Money diz que tem 6 e “já é superavitária só com esses,” segundo João Camargo, que se tornou sócio de Menin na CNN Brasil com uma agenda de cortar custos e aumentar a receita.

A CNBC Brasil investiu mais de R$ 100 milhões para aparelhar o novo canal, segundo estimativas do mercado. Já a CNN Money está mais para uma marca nova do que um canal novo, já que vai aproveitar os jornalistas e técnicos da CNN Brasil, que tem 550 profissionais. A empresa promete pagar um extra a quem já é da casa, diz que vai contratar outras 45 pessoas e fazer só um estúdio novo.

Coincidentemente, nem Douglas nem Camargo querem estimar seu faturamento potencial.A CNBC Brasil terá notícias, realities e esportes, sempre conectados com o mundo dos negócios – além de uma boa dose de programação licenciada da CNBC americana.A CNN Money diz que não pretende “reinventar a roda”, e pretende reproduzir o modelo da finada TV Bloomberg: um apresentador de um lado da tela, gráficos do outro.

A CNBC Brasil quer popularizar o noticiário de economia e negócios. A CNN Money, também.

A CNBC Brasil vai estar no YouTube. A CNN Money, também.

A CNBC Brasil foi anunciada em março. A CNN Money surgiu em setembro, mas João Camargo garante que eles já planejavam o novo canal há um ano e meio, sob o escrutínio da CNN International.A CNBC Brasil se gaba de ser “completamente independente” e de não ter “um banco como sócio” (mas afirma que terá 3 bancos patrocinadores). A CNN Money é de Menin, cuja família controla o Banco Inter.

A CNBC Brasil projeta que vai atingir 50 milhões de pessoas. A CNN Money diz que já é dona do terceiro site de maior audiência do País e que, ano que vem, vai virar um portal.A CNBC Brasil apresenta aos seus anunciantes nomes do jornalismo de entretenimento (como Zeca Camargo) e de esportes (como Carol Barcellos), mas ainda não mostrou nenhum nome sênior do jornalismo econômico.

A CNN Money aposta 100% em jornalistas especializados em economia e negócios, como Fernando Nakagawa e Thais Herédia.A CNBC Brasil terá Christiane Pelajo. A CNN Money, William Waack.

Como bem dizia Ed Murrow (1908-1965), o papa do telejornalismo norte-americano: “Boa noite… e boa sorte!”

Fonte: Com informações do Brazil Journal.

* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.

Comunicação, mercado financeiro, negócio, publicidade






























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