A gestão que se encerrou dias atrás, do ex-prefeito Darci
Lermen, parece que não quer acabar nunca para que a nova, do prefeito Aurélio
Goiano, entre em ação. Pelo menos, não no colo dos órgãos de fiscalização. A
“fofoca” do momento é a denúncia de uma empresa de tecnologia da informação ao
Tribunal de Contas dos Municípios do Pará (TCM-PA), que acusa a Secretaria
Especial de Governo (Segov) de suposto calote de, pasme, R$ 2.655.809,14. A
informação foi levantada com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu.
A empresa Centrodata Telecomunicações Eco Tecnology, que
agora bota a boca no trombone para receber o que diz ser seu de direito, venceu
licitação iniciada em 2023 e homologada em janeiro de 2024, firmando contrato
com a toda-poderosa Segov no valor de R$ 5.098.189,14 pelo período de um ano,
entre 19 de março de 2024 e 19 de março de 2025.
O contrato previa prestação de serviços de implantação e
locação de softwares, sob alegação, por parte da Secretaria Especial de
Governo, da necessidade de operacionalizar arquivos virtuais com cópias de
segurança e preservar a integridade de documentos para futuras consultas,
otimizando a gestão pública em nível documental.
No dia 16 de abril, contudo, o contrato foi suspenso em
razão de uma medida cautelar do TCM. Porém, alegando que a decisão de mérito da
medida cautelar não “andava” e que o prazo para tal havia expirado, o então
titular da Segov, Denis Gabriel Assunção, mandou “seguir o baile” e liberar o
contrato da Centrodata, revogando a suspensão recomendada pelo Tribunal de
Contas dos Municípios em 12 de agosto.
Ao longo de 2024, pelo que apurou o Blog do Zé Dudu no
Portal da Transparência, a Centrodata recebeu da Prefeitura de Parauapebas R$
521.749,25, sendo que desde que o contrato denunciado ao TCM passou a ser
vigente, em 19 de março, foram efetuados sete pagamentos totalizando R$
310.349,25, todos feitos pela Secretaria Municipal de Administração (Semad), à
exceção do último pagamento, no valor de R$ 44.511,25, em forma de dispensa de
licitação feita pela Segov.
É provável que a empresa, assim como outras dezenas de
prestadores de serviços à Prefeitura de Parauapebas, tenha trabalhado para a
Segov com a promessa de pagamento, mas levou calote. Na denúncia formulada ao
TCM, a empresa reclama de que, apesar de haver prestado os serviços
contratados, o Município estaria inadimplente. E, além da regularização dos
pagamentos não efetuados, ela pede a “responsabilização dos gestores
envolvidos”.
Cenas dos próximos capítulos
A denúncia está pautada na primeira sessão plenária
ordinária de 2025, do TCM-PA, prevista para a próxima quinta-feira (16), e será
relatada pela conselheira Ann Pontes. O plenário pode rejeitar a denúncia,
assim como pode acatar sua procedência, iniciar devassa fiscalizatória em
contrato e eventuais pagamentos e culminar na responsabilização do ex-gestor.
Diga-se de passagem, Parauapebas vai ser nome constante na
mesa do TCM em 2025 devido à quantidade de denúncias formuladas ao tribunal,
sobretudo nas áreas de educação, saúde e administração, além da apreciação das
contas dos ordenadores de despesas do ano de 2023.
Apenas este ano, já são quatro os processos abertos perante
o Tribunal para solicitação de informações, entre as quais sobre as
contratações de pessoal do governo do prefeito Aurélio Goiano, que poderá vir a
enfrentar problemas se não desistir da ideia de trocar os servidores
temporários que ingressaram na prefeitura por meio de Processo Seletivo
Simplificado (PSS) por servidores contratados diretamente, como se fazia até a
justiça barrar a farra de contratações de temporários, em 2023, durante a
gestão do ex-prefeito Darci Lermen. O ano de 2025 vai ser frenético até para os
órgãos de controle externo.

