Além do Instituto Federal do Pará já existir, que receberá melhorias, o MEC anunciou a construção de outras cinco unidades no Pará (Foto: )
Com
investimento total de R$ 3,9 bilhões, o Ministério da Educação (MEC) anunciou
na terça-feira (12), a criação de 100 campi de institutos Federais em todo o
País. Com a medida, o Ministério da Educação (MEC) criará 140 mil vagas, a
maioria em cursos técnicos integrados ao ensino médio. De acordo com o governo,
serão investidos R$ 2,5 bilhões para a construção das novas unidades por meio
do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e R$ 1,4 bi para estruturas já
existentes instaladas em todo o país.
Além da
criação dos novos campi, o governo anunciou melhorias nas unidades já
existentes; o dinheiro será usado para construção de refeitórios, bibliotecas,
quadras esportivas e salas de aula, além da aquisição de equipamentos.
Atualmente,
a rede federal tem 656 campi em todo o País. Gestores, porém, têm apontado a
demanda de mais verba diante das restrições orçamentárias dos últimos anos e do
ingresso de mais alunos de camadas vulneráveis, com a expansão das cotas.
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O ministro
da Educação, Camilo Santana, afirmou que a política será uma ferramenta para
ampliar o número de matrículas na educação técnica. Segundo ele, as novas
unidades terão um patamar obrigatório mínimo de matrículas na modalidade.
“A lei que
aprovamos define pelo menos que cada unidade deve ofertar 50% das vagas em
matrículas da educação técnica profissional. Esse é o acordo que estou fazendo
com reitores: todos terão que ter no mínimo 80% das matrículas em ensino
técnico profissionalizante”, disse.
“Estamos
tirando R$ 1,4 bi para consolidação das unidades já existentes. Onde não tem
restaurante para aluno, vamos fazer restaurante para o aluno, onde não tem
laboratório, vamos fazer”, afirmou o ministro.
O
cronograma de construção e operação das unidades não foi detalhado na
terça-feira. Em oportunidades anteriores, o governo chegou a falar que os novos
institutos poderiam estar em funcionamento em 2026.
Institutos Federais
São Paulo
terá o maior número de municípios beneficiados com a criação dos institutos. No
total, 12 cidades serão atendidas no Estado. Considerando as regiões do país, o
Nordeste terá o maior número de unidades, com 38 novos campi. Em seguida, a
região Sudeste receberá 27 unidades; o Sul, 13 unidades; o Norte com 12; e o
Centro-Oeste, com 10.
Segundo
especialistas, a ampliação das vagas do ensino técnico é fundamental para dar
mais oportunidades aos jovens e conectar a formação das novas gerações com o
mercado. O Brasil está entre os cinco países com menor taxa de matriculados na
educação profissional, considerando 45 nações analisadas pela Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
No Brasil,
só 10% dos alunos cursam o técnico, quando a taxa é de 68% na Finlândia e de
49% na Alemanha. A oferta de vagas no técnico é limitada e algumas vezes é
necessário ser aprovado por processo seletivo (vestibulinho).
Crescimento e orçamento
Vozes
especializadas no assunto são unânimes em afirmar que que a criação dos
institutos federais garantiu o crescimento dos locais onde foram inseridos e
reduziu o êxodo de jovens para cidades grandes em busca de oportunidades. A
expansão do modelo é uma política pública importante, que é preciso garantir a
ampliação orçamentária para garantir a qualidade das unidades já existentes.
“Se não
houver incremento no orçamento para essa despesa e para a reposição dos
salários para os outros servidores, é um ponto sensível”, disse Álvaro
Chrispino, doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) e professor do Cefet-RJ.
De acordo
com ele, o governo precisará criar mecanismos para atrair professores
qualificados para os locais onde os novos institutos serão instalados.
“Imagine
que haja no interior de um Estado um instituto federal, o governo abre concurso
e coloca exigência de doutorado para docente. Essa é uma dificuldade, porque a
carreira pede isso. Alguém que tenha sido formado num grande centro terá
disposição para se fixar no interior? Esse é sempre um desafio em um País do
tamanho do nosso. Como faço a gestão disso? Qual o perfil do concurso para
atender a demanda local?”, analisa Chrispino.
Menos verba
Dados
compilados pelo Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) mostram que, em 2024, excluindo
as despesas com pagamento de pessoal, os institutos federais têm orçamento
aprovado cerca de 7,5% menor do que o disponível em 2023. Neste ano, são R$
2,48 bilhões para essas instituições ante R$ 2,68 bilhões em 2023.
O governo
havia encaminhado ao Congresso projeto com previsão de R$ 2,5 bilhões para os
institutos federais neste ano, mas a quantia foi reduzida no Legislativo. Os
valores considerados incluem recursos para custeio das atividades, como
pagamento de água, luz e outras; investimento, como obras; e assistência
estudantil.
O ano de
2023 havia sido aquele com o maior valor disponível desde 2017, após o governo
federal inserir a recomposição do orçamento dos institutos no âmbito dos
créditos abertos pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que
elevou o total de recursos para início da nova gestão.
O
levantamento do Conif mostra ainda que atualmente há R$ 68,8 milhões em obras
paralisadas, R$ 134,29 milhões em fase de planejamento e licitação, e R$ 666,31
milhões em execução.
Na
terça-feira, o governo anunciou um investimento de R$ 1,4 bilhão para
incrementar a estrutura das unidades que já existem.
“Necessitamos
de forma urgente de recomposição orçamentária na rede, além da melhoria da
Política de Assistência Estudantil, para alimentação e transporte escolar.
Infelizmente, temos jovens que ainda passam fome e fazem a única refeição do
dia em nossas instituições”, afirmou o presidente do Conif, Elias Monteiro,
durante discurso no Palácio do Planalto, durante o anúncio do MEC.
Confira a lista completa dos
100 novos campi:
Pará
O MEC
divulgou durante o anúncio da criação de cinco novos campi do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), quais as cidades que serão contempladas no estado do
Pará. Atualmente, o estado possui 20 unidades integradas à Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Os novos campi serão
construídos em municípios que não contam com a presença dos Institutos Federais
(IFs) ou que têm baixa cobertura de educação profissional. São eles: Barcarena;
Redenção; Tailândia; Alenquer e Viseu. O investimento estimado para construção das novas unidades é de R$ 125
milhões. Devem ser geradas 7 mil novas vagas.
O objetivo
da nova expansão é aumentar a oferta de vagas na Educação Profissional e
Tecnológica (EPT), criando oportunidades para jovens e adultos. A construção de
novos campi nos municípios impacta o setor da construção civil, o que gera
emprego e renda. As novas escolas, quando estiverem em funcionamento, serão
indutoras de desenvolvimento local e regional.
O programa
de expansão dos IFs marca a retomada de investimentos na criação de novas
unidades no Brasil, quase dez anos após a última expansão estruturada da Rede
Federal. Também celebra uma das políticas educacionais mais bem-sucedidas no
âmbito da educação profissional, que permitiu a chegada da educação pública de
qualidade às localidades mais distantes dos grandes centros e da capital dos
estados. Assim, tornou-se uma das redes mais capilarizadas na oferta de cursos
técnicos, superiores e de pós-graduação. Essa política foi experimentada há 20
anos em países asiáticos, que hoje praticamente dominam o topo da excelência
tecnológica no mundo.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente
do Blog do Zé Dudu em Brasília.