A cerimônia de assinatura do PNE aconteceu no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), na quarta-feira (26) (Foto: )
Com meses de atraso, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), finalmente, assinou e encaminhou ao Congresso
Nacional na quarta-feira (26), o projeto de lei que institui o novo Plano
Nacional de Educação (PNE) para o período de 2024 a 2034. O texto, que será
analisado por deputado e senadores, prevê 18 objetivos, compreendidos nas
temáticas de educação infantil, alfabetização, ensino fundamental e médio,
educação integral, diversidade e inclusão, educação profissional e tecnológica,
educação superior, estrutura e funcionamento da educação básica.
A proposta contém 58 metas e,
para cada meta, um conjunto de estratégias que expressam as principais
políticas, programas e ações envolvendo a União, os estados e os municípios,
para o alcance dos objetivos propostos.
Entre as inovações do PNE está a
ênfase na qualidade da oferta do ensino, com objetivos e metas focados no
alcance de padrões de qualidade na educação infantil, na educação profissional
e tecnológica, no ensino superior e na formação de docentes. Também há
objetivos específicos para as modalidades de educação escolar indígena,
educação do campo e educação escolar quilombola, relacionados à ampliação do
acesso para estes estudantes. O projeto mantém metas para os públicos-alvo da
educação especial e educação bilíngue de surdos.
Grupo de Trabalho
O projeto foi elaborado pelo
Ministério da Educação (MEC), a partir de contribuições de um grupo de trabalho
(GT) que discutiu a temática. Além disso, foram realizados debates com a
sociedade e com representantes do Congresso Nacional, de estados, municípios,
conselhos de educação, entre outros. Também foram consideradas as proposições
da Conferência Nacional de Educação (Conae), realizada em janeiro, o que acabou
atrasando a elaboração final do texto do projeto.
“Encaminhamos ao Congresso um
texto técnico e resultado da participação da sociedade. A marca deste plano é a
equidade. É um princípio que atravessa os 18 objetivos. Uma novidade é o fato
de termos metas focadas na redução de desigualdades entre grupos sociais”,
explicou Camilo Santana, ministro da Educação.
Para cada objetivo, foram
estabelecidas metas que os quantificam e permitem seu monitoramento ao longo do
decênio. A proposta contém 58 metas, que são comparáveis com os 56 indicadores
do plano vigente. Para cada meta, há um conjunto de estratégias que expressam
as principais políticas, programas e ações envolvendo a União, os estados, o
Distrito Federal e os municípios, para o alcance dos objetivos propostos.
Santana destaca que o novo PNE é
técnico, bem elaborado, com metas factíveis e com ferramentas de acompanhamento
e monitoramento. “Encaminhamos ao Congresso Nacional um texto bastante técnico
e fruto da participação da sociedade. A marca deste plano é a equidade. É um
princípio que atravessa todos os 18 objetivos do PNE. Uma novidade é o
fato de termos metas focadas na redução de desigualdades entre grupos sociais”,
explica.
O novo PNE também traz outras
inovações, como a ênfase na qualidade da oferta do ensino, com objetivos e
metas focados no alcance de padrões de qualidade na educação infantil, na
educação profissional e tecnológica, no ensino superior e na formação de docentes.
Além disso, há objetivos específicos para as modalidades de educação escolar
indígena, educação do campo e educação escolar quilombola, relacionados à
ampliação do acesso para estes estudantes. O projeto mantém metas para os
públicos-alvo da educação especial e educação bilíngue de surdos.
Há, ainda, a perspectiva da
educação integral como conceito. Mais do que jornada expandida, o texto aborda
essa modalidade na perspectiva da educação integral, incluindo condições
necessárias para o desenvolvimento pleno dos estudantes, com atividades complementares,
como, por exemplo, artes, línguas e esportes.
Projeto é prioridade desde o
início da gestão
O PL começou a ser debatido pelo
MEC desde o início desta gestão. Durante a cerimônia de transmissão de cargo,
em 2 de janeiro de 2023, o ministro Camilo Santana afirmou que começariam
naquele momento as discussões com todos os atores para a elaboração do novo
Plano.
Em junho, foi instituído o GT
para analisar os problemas da educação nacional e elaborar um diagnóstico
contendo diretrizes, objetivos, metas e estratégias para o PNE 2024-2034. O
colegiado era formado por representantes da Pasta e autarquias vinculadas –
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep); Fundo
Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) –, do Conselho Nacional de
Educação, do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais e Distrital de Educação
(Foncede); União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (Uncme); Fórum
Nacional de Educação (FNE); União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação (Undime); Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação
(Consed); Comissão de Educação da Câmara dos Deputados (CE/CD); e Comissão de
Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal – (CE/SF). O GT foi coordenado
pela Secretaria de Articulação Intersetorial e com os Sistemas de Ensino (Sase)
do MEC.
A Conferência Nacional de
Educação (Conae), convocada por decreto presidencial e promovida pelo MEC,
também discutiu a proposta do novo PNE. Com o tema “Plano Nacional de Educação
2024-2034: Política de Estado para garantia da educação como direito humano com
justiça social e desenvolvimento socioambiental sustentável”, a etapa nacional
da conferência foi realizada entre os dias 28 e 30 de janeiro de 2024. O
encontro nacional foi precedido pelas etapas municipais, intermunicipais,
distrital e estaduais. As conferências contribuíram para o fortalecimento dos
fóruns municipais, distrital e estaduais de educação e para o debate sobre
políticas públicas de educação.
Objetivos
O texto entregue ao Congresso
Nacional tem como objetivos:
1 – Ampliar a oferta de
matrículas em creche e universalizar a pré-escola.
2 – Garantir a qualidade da
oferta de educação infantil.
3 – Assegurar a alfabetização ao
final do 2º segundo ano do ensino fundamental para todas as crianças, com
inclusão e redução de desigualdades.
4 – Assegurar que crianças,
adolescentes e jovens em idade escolar obrigatória concluam o ensino
fundamental e o ensino médio na idade regular, em todas as modalidades
educacionais, com inclusão e redução de desigualdades.
5 – Garantir a aprendizagem dos
estudantes no ensino fundamental e no ensino médio, em todas as modalidades
educacionais, com inclusão e redução de desigualdades.
6 – Ampliar a oferta de educação
integral em tempo integral para a rede pública.
7 – Promover a educação digital
para o uso crítico, reflexivo e ético das tecnologias da informação e da
comunicação, para o exercício da cidadania.
8 – Garantir o acesso, a
qualidade da oferta e a permanência em todos os níveis, etapas e modalidades na
educação escolar indígena, na educação do campo e na educação escolar
quilombola.
9 – Garantir o acesso, a oferta
de atendimento educacional especializado e a aprendizagem dos estudantes
público-alvo da educação especial e dos estudantes público-alvo da educação
bilíngue de surdos, em todos os níveis, etapas e modalidades.
10 – Assegurar a alfabetização e
ampliar a conclusão da educação básica para todos os jovens, adultos e idosos.
11 – Ampliar o acesso e a
permanência na educação profissional e tecnológica, com inclusão e redução de
desigualdades.
12 – Garantir a qualidade e a
adequação da formação às demandas da sociedade, do mundo do trabalho e das
diversidades de populações e seus territórios na educação profissional e
tecnológica.
13 – Ampliar o acesso, a
permanência e a conclusão na graduação, com inclusão e redução de
desigualdades.
14 – Garantir a qualidade de
cursos de graduação e instituições de ensino superior.
15 – Ampliar a formação de
mestres e doutores, de forma equitativa e inclusiva, com foco na prospecção e
solução dos problemas da sociedade.
16 – Garantir formação e
condições de trabalho adequadas aos profissionais da educação básica.
17 – Assegurar a participação
social no planejamento e gestão educacional.
18 – Assegurar a qualidade e
equidade nas condições de oferta da educação básica.
* Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do
Zé Dudu em Brasília.