O projeto “Detetives do Mário Lago, uma jornada literária de sucesso”, desenvolvido pela professora Ideusa Ramalho de Oliveira, do Centro de Educação de Jovens e Adultos (Cepeja) da Rede Municipal de Parauapebas, é um dos 45 semifinalistas do Prêmio Luz na Educação (LED), promovido pela Rede Globo e Fundação Roberto Marinho, em reconhecimento às práticas de inovação em educação no Brasil.

Ao Jornal CORREIO, a docente compartilhou as expectativas de concorrer ao prêmio com o projeto que nasceu em 2021 e agora ganha reconhecimento nacional.

Na iniciativa desenvolvida por ela, os estudantes escrevem os próprios poemas, que depois são analisados pelos colegas. “Eu costumo dizer que uma coisa, por mais importante que seja, é você pedir para que o aluno explore um grande poeta brasileiro, outra coisa é você pedir que ele explore as obras de alguém que está ao lado dele. Eu tenho notado que isso impacta e motiva os alunos”, conta, orgulhosa.

Ideusa pontua que a implementação deste projeto de literatura é uma oportunidade de transformação educacional, social e cultural, onde o foco está em desenvolver a leitura e a escrita por meio da produção de textos criativos. E, para superar algumas dificuldades dos alunos, são usadas estratégias, como o uso do cordel, o desenvolvimento de oficinas práticas e a aplicação de aulas de caligrafia.

Aluno é orientado enquanto digita o próprio poema

A professora conta ainda que os principais aprendizados que o projeto proporciona para os alunos são o desenvolvimento da leitura e da escrita, a expressão criativa, o resgate da autoestima, e a melhora no desenvolvimento motor dos alunos. Já em relação aos professores, o grande ganho são as novas estratégias pedagógicas, a compreensão da necessidade dos alunos e o reconhecimento do trabalho desenvolvido pelos docentes.

A professora ressalta a importância de todos os colaboradores estarem inseridos no projeto, o que impacta diretamente para que os alunos tenham um senso de pertencimento ao projeto, e passam a ter os professores como espelho, e também por verem as próprias histórias publicadas.

SEMIFINALISTA

A professora Ideusa descreve a emoção de ter sido selecionada como uma das semifinalistas da premiação. “Senti uma imensa alegria e orgulho. Esse reconhecimento é o reflexo do impacto positivo que o projeto teve nas vidas dos estudantes, foi uma confirmação de que nós estamos no caminho certo, proporcionando uma educação transformadora e inspiradora. É um reconhecimento que reforça que a educação é a chave que abre portas para um futuro promissor, iluminando o caminho da transformação e do progresso”, conta ela.

Sobre os aspectos que mais contribuíram para que o projeto fosse finalista, a docente acredita que “Detetives do Mário Lago, uma jornada literária de sucesso” oferece uma força imensa aos critérios de avaliação do projeto LED, por ter uma metodologia autoral, e que gerou impactos concretos com a publicação de uma coletânea composta por 20 contos de mistério, um livro pré-montado com mais de 60 poemas que deverá ser publicado em 2025, além de exposições com 24 obras poéticas. “É transformando os alunos em artistas”, celebra a professora. “Os alunos do projeto são filhos das escolas públicas e o mérito de termos alcançado o LED até aqui, pois pelo fato de sermos semifinalistas já somos vitoriosos, estamos em destaque no cenário nacional e o reconhecimento desse trabalho é de cada um de nós”, vibra.

Para a docente, a premiação oferece visibilidade ao projeto, o que pode atrair mais apoio e recursos, ampliando ainda mais o impacto.

Ao ser questionada sobre as principais dificuldades enfrentadas pelos educadores na busca por práticas inovadoras no ensino, Ideusa destaca que, apesar de os educadores de Parauapebas estarem constantemente buscando por elas, enfrentam desafios que refletem as condições atuais da educação no Brasil. Entre os principais, diz, estão a falta de infraestrutura adequada nas escolas, a carência de recursos didáticos e tecnológicos, e a diversidade de níveis de aprendizagem nas turmas, o que exige abordagens personalizadas da parte dos professores, o que demanda mais tempo, dedicação e formação específica.

Estudantes que participam do projeto são de escola pública

LED

O LED é promovido pela Rede Globo e Fundação Roberto Marinho, em reconhecimento às melhores práticas de inovação em educação no Brasil. Seis projetos serão selecionados e dividirão o prêmio de R$ 1,2 milhão (R$ 200 mil cada), sendo apresentados para todo o Brasil em um programa especial na TV Globo em 2025.

(Theíza Cristhine)