Brasília – Os atletas
jogadores de futebol não querem ver nem “pintado de ouro” o deputado federal
Hélio Leite (DEM-PA). É de autoria do parlamentar paraense o projeto de lei (PL
1.013/2020), o motivo da rejeição dos jogadores. Segundo o texto da proposta,
originalmente prevê a suspensão do pagamento pelos clubes de parcelas do Programa
de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro
(Profut), durante à pandemia do novo coronavírus.
A matéria está em discussão na Câmara dos
Deputados. Durante a discussão da matéria, vários parlamentares apresentaram emendas
ao texto original do projeto, que tem o deputado federal, Marcelo Aro (PP-MG),
como relator. Algumas delas suprimem direitos de atletas, o que gerou protestos
de jogadores e ex-jogadores nas redes sociais.
As emendas preveem a impossibilidade de rescisão
contratual dos jogadores com os clubes que não recolherem FGTS e contribuições
previdenciárias devidas. Além disso, o projeto também prevê a revogação do art.
57 da Lei n° 9615/1998 (Lei Pelé), que determina repasse de porcentagem dos
salários de jogadores profissionais.
Estão suscetíveis aos efeitos da Lei, caso
aprovada, por exemplo, jogadores do Ceará: (Fernando Prass, Diogo Silva,
Richard, Charles, Fabinho e Vina), do Corinthians (Cássio, Cantillo, Fagner,
dentre outros), Gabigol, atacante do Flamengo, Vanderlei Luxemburgo, técnico do
Palmeiras, Leandro Castán, zagueiro do Vasco. Sem contar, jogadores da dupla
grenal dentre outros.
Lobby
Deputado Hélio
Leite disse que emendas ao projeto descaracterizaram o texto original
Os jogadores acusam Hélio Leite de fazer lobby para
cartolas do futebol. A apresentação da matéria acata, segundo os jogadores,
pedido da Comissão Nacional de Clubes (CNC) e da CBF, que querem o congelamento
por 12 meses das parcelas do Profut. O parlamentar nega a acusação e diz que o
texto original de seu projeto foi descaracterizado.
Outro projeto de lei (PL 2125/2020) também prevê
que, durante o período de calamidade pública pela Covid-19, aprovada no
Congresso em 20 de março, o dinheiro arrecadado com a loteria Timemania seja
repassado diretamente aos clubes — atualmente, a verba é automaticamente
transferida para a Receita para a redução da dívida com o Profut.
Segundo o deputado federal Arthur Maia (DEM-BA),
autor do projeto, a ideia é que a quantia seja usada para o pagamento de custos
de manutenção dos clubes e salários até R$ 10 mil durante o período da pandemia
do coronavírus.
“Colocamos esse teto para evitar críticas e causar
a má impressão de que o Governo está ajudando os clubes a pagar supersalários
de jogadores” justificou o deputado.
“O futebol é um dos setores mais prejudicados dessa
pandemia, e responde a quase 1% do PIB nacional. É preciso salvar os clubes
brasileiros neste momento”, defendeu.
Profut
O Profut é um programa de refinanciamento de
dívidas fiscais do futebol. Instituído em 2015 pelo então governo Dilma
Rousseff, ele permitiu que clubes tivessem descontos sobre juros, multas e
encargos e parcelassem as dívidas por impostos não pagos em até 20 anos.
Alternativa
direta com o Governo
O congelamento do Profut durante o período de
pandemia do coronavírus via projeto de lei é apenas uma das opções de CBF e CNC
para aliviar o caixa dos clubes neste momento.
A outra alternativa seria uma medida provisória do
Ministério da Cidadania — que abriga a Secretaria Especial do Esporte — com o
Ministério da Economia. E as entidades já trabalham também por esse caminho.
A CBF encaminhou ao Ministério da Cidadania na
última semana de março um ofício solicitando o congelamento do Profut durante a
pandemia.
O Ministério inclusive já teria baixado uma
portaria interministerial autorizando o pedido da entidade pelo período de
quatro meses, dependendo apenas de assinatura do Ministério da Economia para
confirmação.
O Ministério da Cidadania não confirmou a
existência da portaria. A pasta disse apenas que “tem mantido diálogo com as
principais entidades esportivas do país e trabalha internamente para encontrar
soluções técnicas e administrativas que contribuam para o melhor uso dos
recursos públicos sem prejudicar o planejamento das entidades do sistema
esportivo brasileiro.”
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.