
Ministro da Economia, Paulo Guedes, prevê forte retomada da economia após aprovação de reformas econômicas (Foto: Jornal O Niquel)
Brasília – A recuperação
da atividade econômica será incrementada após a aprovação das reformas
(administrativa e tributária) no Congresso Nacional, prevê o ministro da
Economia Paulo Guedes. Após o anúncio do aumento da arrecadação de impostos e
contribuições federais de R$ 137,16 bilhões em junho deste ano, Guedes
autorizou o desbloqueio de R$ 4,5 bilhões do Orçamento 2021 que estavam
contingenciados.

Na foto, o paraense José Tostes, secretário
especial da Receita Federal
De acordo com a Receita Federal, o comportamento da
arrecadação de junho decorre do conjunto positivo das principais variáveis
macroeconômicas no mês e do crescimento de 89,4% dos valores compensados de
tributos.
Também influenciaram o desempenho o crescimento da
arrecadação das principais formas de apuração de IRPJ/CSLL, que resultaram em
alta de 77% nos valores arrecadados, e o diferimento de tributos em 2020 que
respondem por uma redução na arrecadação daquele mês, frente a junho de 2021,
de aproximadamente R$ 17,9 bilhões.
Outro fator foi a redução de alíquotas em 2020 do
IOF Crédito.
De acordo com o paraense José Tostes, secretário
especial da Receita Federal, no acumulado do primeiro semestre, a arrecadação
federal somou R$ 896,87 bilhões, o maior volume para o período na série
histórica da Receita, iniciada em 2007.
O montante representa um avanço real de 24,49% na
comparação com os primeiros seis meses do ano passado.

Desbloqueio
A maior parte dos recursos bloqueados era do
Ministério da Educação (R$ 1,6 bilhão), mas a suspensão das verbas também
atingiu outros ministérios de forma pulverizada: Agricultura (R$ 80 milhões),
Cidadania (R$ 205 milhões), Ciência e Tecnologia (R$ 255 milhões), Comunicações
(R$ 145 milhões), Defesa (R$ 672 milhões), Desenvolvimento Regional (R$ 383
milhões), Economia (R$ 831 milhões), Infraestrutura (R$ 40 milhões), Justiça
(R$ 3 milhões), Minas e Energia (R$ 90 milhões), Presidência (R$ 36 milhões),
Relações Exteriores (R$ 143 milhões), Saúde (R$ 26 milhões) e Turismo (R$ 56
milhões).
De acordo com o Relatório de Avaliação de Receitas
e Despesas do 3º bimestre, a projeção da equipe econômica para as receitas
primárias totais da União neste ano passou de R$ 1,752 trilhão para R$ 1,816
trilhão. Já a estimativa para a receita líquida — livre de transferências para
os governos regionais — passou de R$ 1,433 trilhão para R$ 1,476 trilhão neste
ano.
Do lado das despesas primárias, a previsão de gasto
total em 2021 passou de R$ 1,620 trilhão para R$ 1,631 trilhão. Com as revisões
deste relatório, o volume de gastos obrigatórios passou de R$ 1,501 trilhão
para R$ 1,512 trilhão, enquanto as despesas discricionárias foram mantidas em
R$ 119,346 bilhões neste ano.
A Economia reduziu ainda a estimativa de déficit
primário total de 2021 para R$ 155,418 bilhões. No relatório bimestral
publicado em maio, a estimativa de rombo total era de R$ 187,683 bilhões.
A meta de resultado primário do Governo Central
deste ano é de saldo negativo de até R$ 247,1 bilhões. Para além dessa meta e
dos limites do teto de gastos, o governo está autorizado a fazer outros gastos
por meio de créditos extraordinários, como de até R$ 62,8 bilhões com o auxílio
emergencial e outros R$ 9,98 bilhões com a nova edição do Programa Emergencial
de Manutenção do Emprego e da Renda (BEM).
De acordo com a Economia, as despesas sujeitas ao
teto de gastos caíram de R$ 1,490 trilhão para R$ 1,473 trilhão. Com isso, há
agora uma folga de R$ 12,303 bilhões para o limite de R$ 1,485 trilhão na regra
fiscal.
Nessa folga está incluída a economia de R$ 9,463
bilhões com o pagamento de benefícios do Bolsa Família para os beneficiários
que recebem o auxílio emergencial. Sem essa rubrica — que tem a execução
limitada por um acórdão com o Tribunal de Contas da União (TCU) —, o espaço
para o teto é de R$ 2,807 bilhões.
Desonerações
As desonerações concedidas pelo governo resultaram
em uma renúncia fiscal de R$ 46,95 bilhões no primeiro semestre deste ano,
valor maior do que em igual período do ano passado, quando ficou em R$ 45,60
bilhões.
Apenas em junho, as desonerações totalizaram R$
7,08 bilhões, abaixo do registrado em igual mês do ano passado (R$ 8,39
bilhões).
A PEC Emergencial aprovada pelo Congresso Nacional
no começo do ano incluiu um plano de redução gradual dos incentivos e
benefícios de natureza tributária (subsídios, isenções e desonerações) para 2%
do Produto Interno Bruto (PIB) em oito anos (o patamar atual é de
aproximadamente 4,2% do PIB).
As desonerações foram uma das mais desastrosas
políticas econômicas adotadas principalmente nos dois governos da ex-presidente
Dilma Rousseff (PT), beneficiando gigantes empresariais que foram questionados
se realmente mereciam o benefício.
A equipe econômica pretende usar a reforma
tributária do Imposto de Renda para cortar benefícios em troca de uma redução
maior no IRPJ cobrado das empresas, o que pode trazer uma nova dinâmica à arrecadação
federal.
Em entrevista na sexta-feira (23), o relator da
reforma Tributária na Câmara, deputado federal Celso Sabino, que acaba de se
filiar ao PSL, disse que o texto passou por importantes melhorias e que
sugestões dos partidos estão sendo estudadas. O relator tem a expectativa de
rápida votação e aprovação da matéria logo após a retomada dos trabalhos, a
partir de 1º de agosto, com o término do recesso legislativo.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.
FONTE ZE DUDU