O técnico Tite anunciou nesta segunda-feira, na
sede da CBF, no Rio de Janeiro, os 26 jogadores que vão defender a seleção
brasileira na Copa do Mundo de 2022. A grande surpresa foi a presença do
lateral-direito Daniel Alves, que está no Pumas, do México.
O defensor, de 39 anos, havia ficado fora da
convocação para os amistosos contra Gana e Tunísia, os últimos antes da Copa.
“O critério do Daniel Alves premia qualidade
técnica individual, aspecto físico e mental”, disse Tite.
Confira
os convocados:
Goleiros
- Alisson – Liverpool
- Ederson – Manchester City
- Weverton – Palmeiras
Laterais
- Danilo – Juventus
- Alex Sandro – Juventus
- Daniel Alves – Pumas
- Alex Telles – Sevilla
Zagueiros
- Militão – Real Madrid
- Marquinhos – PSG
- Thiago Silva – Chelsea
- Bremer – Juventus
Meio-campistas
- Bruno Guimarães – Newcastle
- Casemiro – Manchester United
- Fabinho – Liverpool
- Fred – Manchester United
- Paquetá – West Ham
- Everton Ribeiro – Flamengo
Atacantes
- Neymar – PSG
- Vinicius Júnior – Real Madrid
- Antony – Manchester United
- Rodrygo – Real Madrid
- Raphinha – Barcelona
- Richarlison – Tottenham
- Pedro – Flamengo
- Gabriel Jesus – Arsenal
- Gabriel Martinelli – Arsenal
Outros dois jogadores que também não foram chamados
para os jogos contra Gana e Tunísia e estão na lista são os atacantes Gabriel
Jesus e Gabriel Martinelli, ambos do Arsenal.
– Tem sido um dos destaques do Arsenal na primeira
colocação da Premier League, um jogador do lance individual, da transição em
velocidade. Teve duas convocações e se manteve em alto nível. Poderiam ter
outros convocados e existem argumentos para outros. São escolhas. Dentro das
características da equipe, do modelo, precisamos de jogadores agudos pelos
lados. Assim a equipe se estruturou. É o caso do Martinelli – disse Tite.
Os convocados pelo treinador vão se apresentar na
próxima segunda-feira, em Turim, onde a Seleção permanecerá até o dia 19,
quando seguirá para o Catar.
A Copa do Mundo 2022 será disputada de 20 de
novembro a 18 de dezembro. A Seleção estreará no dia 24, contra a Sérvia. Os outros
dois times do Grupo G são Suíça e Camarões.
Veja
mais respostas de Tite na coletiva:
Situação
física de Richarlison
– Temos uma responsabilidade de transparência e
passar informações verdadeiras a vocês. Não só o Richarlison, não só com o
Dani, a orientação foi feita com todos os atletas no aspecto de melhoria. Não
só os convocados. Eu sei o quanto de humano tem a expectativa, mas antes disso
o respeito nosso. E a orientação a todos eles. É do Alexsandro, do Telles, do
Arana, que eu conversei ontem. De ter esta conduta, que ela seja com equidade a
todos.
Mais
sobre Daniel Alves
– Um acréscimo na parte técnica e tática. A
qualidade técnica e individual que o Dani Alves empresta neste quesito de
criação é impressionante, para ser um organizador, um articulador. Não temos
nele um jogador de 60, 70 metros de ida e volta. Esta é a função dele, fora
outras virtudes. Como capitão (o Cesar Sampaio) pode falar.
– Não quer fazer uma pergunta tua, e não pegar o
gancho… por que, que referência é o Twitter com os milhões de torcedores que
temos? Não vim para agradar quem está nas mídias sociais, que não sei qual
percentual é este público em relação ao brasileiro. Respeito opiniões
divergentes e não estou aqui para convencer a todos. Não tenho esta pretensão.
Só quero passar dados para que as pessoas façam sua análise e democraticamente
criem sua opinião. Todos têm meu respeito, mesmo esta parcela diminuta. São 220
milhões (de brasileiros)? Respeito, sim.
Sobre
os atacantes convocados
– Eu quero bater em uma tecla de equilíbrio, ele é
fundamental. Na vida, não só no esporte. Há uma geração de atletas de alto
nível, que estão se convocando. Eles estão buscando, com desempenho alto. Há
uma versatilidade e priorizamos atletas importantes no meio para frente, mas
não foge da ideia de equipe equilibrada. Para vencer em alto nível precisa de
criação e gol. Isto não quer dizer que consistência defensiva não gera o ponto
de equilíbrio para vencer. O bom momento deles gerou a convocação.
Lesão
de Coutinho
– A gente tem que premiar e valorizar
principalmente a competição em alto nível e quem foi chamado. A informação já
veio lá atrás, vimos todos os jogos no fim de semana, de todos os convocáveis,
para ter as informações e uma definição. O pior é quando o cara machuca e não
pode brigar por uma vaga. A experiência de um atleta que parou com 27 anos e
precisou abrir uma loja de artigos esportivos para fazer um concurso público
para lecionar, porque a vida me tirou a chance de ser atleta. Queria o Couto, o
Arana, quem mais ficou fora por lesão… Diego Carlos, uma série de outros
atletas que tiveram. Tal qual os que não foram convocados pelo aspecto técnico,
fica o respeito e lastimar.
As
dúvidas finais na lista
– Não sei (quanto 2018 influenciou na lista).
Alguma coisa incorporei, mas é cruel comparar as situações. Esquece Adenor, sem
a campanha de 2018 não seria convidado a permanecer. O desempenho trouxe a
chance de continuar o trabalho. Os atletas, com este trabalho todo nas
diferentes áreas, dá consistência. O trabalho com base… podem me chamar de
demagogo, mas vou fazer o que a minha racionalidade manda. O trabalho todo
refletido, com o crescimento dos atletas dá chance de responder se somos uma
das favoritas na Copa. E eu tenho gratidão a isso.
O
peso de estreantes na lista
– Experiência conta, assim como conta o momento,
como conta a capacidade de concentração do atleta. Uma série de fatores são
levados em consideração. A carreira toda, o nível que se mantém. O Éverton
Ribeiro retomou e tem a consistência do 10. Quando voltou dos Emirados já tinha
a expectativa. Temos este aspecto, tem 32 anos, mas acho que a primeira Copa do
Mundo. Jogos em alto nível, final de Libertadores, de Mundial, de Copa do
Brasil, jogos de alto nível na Europa. Os treinamentos… na Juventus, tinha 15
ou 16 atletas de seleção. A experiência é muito relativizada.
Favoritismo
na Copa
– Não posso me reportar ao que vem de fora. Estamos
focados em fazer o melhor trabalho possível. Com quatro anos de trabalho, ele
fica muito mais consistente. Este é o que o período nos dá. Talvez o desempenho
dos atletas tenha dado esta relação com o torcedor. Vejo em um crescente, em
uma expectativa boa. Sempre são colocadas três ou quatro seleções no mais alto
nível. E o torneio tem características específicas, principalmente com um jogo
só a margem de erro fica pequena. Talvez mais ainda do que a Copa do Brasil,
com jogos ida e volta. Mundial é um jogo só. O Juninho e o César vivenciaram
isto dentro de campo. Mas a gente assume que o Brasil, sim, é um dos favoritos,
e minha opinião é de que sim, é um dos.
Mudar
time de acordo com adversário
– Existem duas formas que temos de atuar, com dois
atacantes de flanco, com Paquetá do lado, segundo meio-campista mais na frente.
E tem peças de reposição com características parecidas. Não acredito em tirar
de zona de conforto, acredito colocar em zona de confiança e desafiar a ser
melhor. Ninguém vai tirar de zona de confiança.
– O que trouxemos, dar confiança e desafiar em alto
nível. Mas pedir para fazer uma função que não exerce no clube, aí é professor
lampadinha, Pardal… e eu já passei (risos).
Qual
setor do time mais o preocupa e a escolha de Bremer
– A carreira do Bremer e seu desempenho em alto
nível no Torino e Juventus o chancelaram. Talvez a gente não tenha olhado com a
devida atenção já antes. Veio com segurança impressionante. Atleta de alto
nível, esta foi a geradora, e a concorrência que ele tem, normal e natural.
– Sobre os setores, em termos defensivos temos
jogadores versáteis. O Danilo ontem jogou de zagueiro e pode fazer a função
como lateral e a construção. O Militão, também. Temos jogadores versáteis na
defesa, e na frente temos jogadores com cada vez mais desempenho nos seus
clubes e os chancelam a convocar mais atletas do meio para frente pelo momento
que vivem. A geração criou isso. Uma equipe equilibrada, mas qualitativa. A
qualidade dos atletas permite estas escolhas.
Seleção
está pronta?
– Nós conversamos um pouco a respeito em outra
reportagem. Quatro aspectos são fundamentais: o mais importante é a qualidade
técnica, a parte física, da saúde, a parte tática e o aspecto mental. Atletas
de alto nível trabalham sob pressão, técnicos trabalham sob pressão. Tem um
ditado que técnico do Brasil é condenado a vencer. Tu trabalha com este
estigma, esta pressão. A Rebeca (Andrade, ginasta brasileira) deu uma
entrevista sensacional, que ela vê as adversárias, mas fica mais focada no seu
trabalho, seus movimentos, porque ali é uma variável que ela não domina. Talvez
a Rebeca nesta manifestação pode reproduzir o que é uma pressão enorme, mas que
todos de alto nível temos de absorver e ficar focados no nosso trabalho.
Mais
preparada que 2018?
– Sim, mas não deve ser comparado. Aquele era um
ciclo de recuperação, hoje é um ciclo inteiro de quatro anos. Injusto com toda
a situação. Recupera, pega na sexta colocação, com um terço da competição…
agora é outra situação, ver mais aspectos táticos, ver mais atletas, ter mais
contato. Aqueles dois anos agora contam a favor, mas comparar isso é como
comparar gerações. Agora sim, chega com todo este processo de trabalho muito
mais tranquilo, mais em paz, confiante, sim, pelos quatro anos de trabalho que
tivemos, associados aos dois. Não estou dizendo que vai ganhar, mas chega mais
forte e estruturado. Inclusive humanamente mais entrosado. Os atletas sabem
como a gente trabalha. Sim, chega mais forte, mais firme, mais consistente para
o Mundial.
Jogadores
que ficaram fora
– Uma vez o pessoal colocou qual era o conselho que
eu daria… não dou conselho. A resposta que dou é: quando estivemos juntos, cada
um se sentiu… e o comportamento da comissão técnica com eles. É difícil, mas há
um respeito profissional e humano com cada um deles. Mas mais do que falar
publicamente, nosso comportamento no dia a dia com cada um deles. Ali você vê
se te dão atenção. Escolhas te trazem o peso de deixar alguém fora,
respeitando.
Apenas
três jogadores do futebol brasileiro convocados
– A pergunta é ampla e remete a um aspecto
estrutural do futebol de uma maneira geral, investimento financeiro…
precisaríamos de simpósios para falar destes termos. Sobre desigualdade,
precisamos ter cuidado com os cortes. Dos atletas que estão aqui, são nascidos
de quantas regiões do Brasil? Podemos pegar este recorte. Qual o clube de
origem de onde esteve? Há uma série de recortes que podemos pegar para que a
gente possa, enfim… entender. Fiquei com esta curiosidade, quantas regiões do
Brasil estão representadas? Não tem um pré-requisito. Fico muito à vontade para
falar, não tenho a crença irracional de que fizemos a escolha de todos os melhores.
Se a gente de dez, acertar sete, vamos ser competentes. E estamos fazendo o
acompanhamento.
Futuro
fora da Seleção
– Falo com muita paz, está na hora de outros
líderes estarem aqui. Assim se forma o futebol. Depois tem que vir o outro
treinador e fazer uma grande escolha. É convicção e paz. Não tem porque ganha e
vai rever. Não vai rever, vai torcer pelo outro. Vai ter um pouco de ciúmes
(risos), mas o futebol precisa criar novos técnicos, novas estruturas. Isto
talvez seja o maior legado que eu orgulhosamente deixe para a sequência.
Relação
que criou com os jogadores
– A gente mostra que a gente é um ser humano, que
erra e quando erra reconhece com eles. A gente procura estudar bastante, os
aspectos fisiológicos, médicos, técnicos e táticos, a organização, logística,
direcionamento. Quando a relação de lealdade se estabelece, o conjunto fica
mais forte. O atleta precisa saber que a comissão sabe que precisa de uma
conduta, com transparência, fala pela frente. Sem dois discursos. Sem modificar
comportamento com atleta mais jovem ou mais experiente. A relação toda do ser
humano, da competência profissional, da conduta, do ser duro, mas falar pela
frente. De não expor de forma pública, porque vai dar componentes legais para
debates, mas vai solucionar o problema? O conjunto da obra é importante para
ter respeito, consideração, para atingir o alto nível.
Arbitragem
na Copa do Mundo
– Há, sim, uma atenção em relação à arbitragem. O
Matheus fala fluentemente inglês, teve recentemente uma conferência juntamente
para acompanhar o que a Fifa falou sobre as árbitros.
Fonte: GE