O domingo de Páscoa de 2023 será marcado por um reencontro na capital
paraense. Hoje, os torcedores paraenses terão oficialmente de volta o Estádio
Olímpico do Pará, o Mangueirão. Seja nas arquibancadas ou no gramado,
torcedores e jogadores dividirão a emoção de estarem juntos na reabertura
oficial do Novo Mangueirão, com clássico RE-PA, válido pelo Campeonato
Paraense.
"Realmente agora podemos considerar a história antes e depois do
Novo Mangueirão. Eu, que joguei na estreia oficial do estádio, em 1978, nunca
vou esquecer aquele jogo. Hoje o nosso gramado não deve nada ao de Maracanã,
Morumbi e até a estádios da Copa do Qatar. Foi empregada toda a tecnologia
possível aqui", comenta o ex-jogador Raimundo Nonato Mesquita, autor de
dois gols do placar de 4x0 da Seleção Paraense contra a Seleção do Uruguai, durante
a partida oficial de inauguração do estádio há 45 anos, no ano de 1978.
O ex-jogador é hoje engenheiro agrônomo do Mangueirão e o responsável
pelo gramado do estádio. Do tipo gramínea, a grama é uma variedade
"Bermudas Celebration", a mais utilizada em campos esportivos
profissionais e apropriada para o clima tropical de Belém.
O campo foi uma das etapas de modernização do Estádio Olímpico do Pará
- jornalista Edgar Proença, feitas pelo Governo do Pará, por meio da
Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas (SEDOP), que agora
segue as diretrizes da Federação Internacional de Futebol (Fifa).
Luis Cláudio, de 13 anos, torcedor do Clube do Remo, ficou encantado
com o que viu no último evento teste e pediu para voltar. O pai, Cláudio
Mendes, disse que não perderia a oportunidade do jogo histórico. "É uma
sensação indescritível. Realizar cada um dos sonhos do Luís Cláudio, é uma
dádiva para nós como pais. As obras de modernização deixaram o estádio muito
mais agradável para o público como um todo, as várias rampas de acesso
melhoram a circulação das torcidas, ficou muito mais acessível para aqueles que
possuem alguma necessidade especial de locomoção", pontuou o advogado
Cláudio Mendes.
"Estamos devolvemos o nosso maior palco do futebol da Amazônia
para essa torcida extraordinária. Ao longo do tempo, não se investiu no
estádio para que ele estivesse nessa dimensão. Agora, nós voltamos a entregar
o Mangueirão moderno, com acessibilidade e à altura de receber grandes
eventos. Queremos também que o Mangueirão seja um incentivo aos clubes
paraenses, para que se sintam engajados e motivados a investir cada vez mais
em seus times", comentou o governador Helder Barbalho.
Inclusão - A acessibilidade
é fundamental para a família do adolescente. Agora, pessoas com Transtorno do
Espectro Autista (TEA), como ele, terão espaço de acomodação sensorial no
novo Mangueirão. É um projeto intersetorial desenvolvido pela Secretaria de
Estado de Saúde (Sespa) para garantir conforto durante os eventos, evitando
situações de estresse em crianças, jovens, adultos e idosos com diagnóstico
de TEA.
Modernização - O estádio, que começou a ser
edificado em 1973 e abriu as portas pela primeira vez há mais de 40 anos,
teve que se adequar a exigências de segurança, novos padrões estabelecidos
pela Fifa e modernizações tecnológicas.
Projeto do arquiteto paraense Alcyr Meira, o Mangueirão, batizado
assim pelos moradores da cidade das mangueiras, foi construído por módulos e
se tornou um ícone para o Pará. "O Estado ganhou uma projeção grande.
Foi uma festa muito bonita. Até hoje alguns torcedores me reconhecem e eu
fico muito feliz de ter feito parte dessa história. Eu sinto muito orgulho
desse projeto. Futebol é a alma do povo brasileiro", comenta o
arquiteto.
A total reestruturação do Mangueirão elevou o nível de segurança e
conforto do estádio, agora, com capacidade para 50 mil torcedores. A obra de
modernização traz a garantia da realização de grandes eventos esportivos de
nível Internacional.
São novas rampas de acesso, elevadores, cabines de transmissão,
camarotes, banheiros, restaurantes, cobertura, instalações, sistema de sonorização
e iluminação cênica, placares, controle de acesso, substituição da pista de
atletismo, novas acomodações para atletas, área externa refeita, projeto de
sustentabilidade, recuperação da estrutura, postos policiais, câmeras com
reconhecimento facial e ampliação do setor de cadeiras com substituição dos
assentos por poltronas retráteis.
Além do futebol
Palco de grandes eventos para além do futebol, o Mangueirão recebeu
shows importantes, como o do grupo musical Menudo, em 1985. Também ganhou
reconhecimento internacional com o Gran Prix Caixa de Atletismo, com a marca
de mais de 42 mil expectadores presentes, sendo o maior em público do Brasil
em competições de atletismo. Além de celebrações religiosas, como o XVII
Congresso Eucarístico Nacional, realizado pela Arquidiocese de Belém, em
2016, e eventos das igrejas Quadrangular e Assembleia de Deus.
Nova era
O principal palco do futebol paraense está pronto para receber os
torcedores, os eventos inesquecíveis e as novas revelações, apoiadas por quem
fez carreira no esporte e sabe o valor do Mangueirão para os paraenses.
José Róbson do Nascimento, o Robgol, tem o estádio como uma casa. De
longa trajetória pelo Paysandu, o jogo mais marcante foi a vitória de 5 a 2
contra o São Paulo, em 2003, pelo Campeonato Brasileiro.
"Em uma tarde mágica ganhamos de goleada. E o melhor, eu marquei
3 gols em apenas 8 minutos", exalta o ex-centroavante. "Se já era
bom jogar naquela época, imagina agora seguindo aos padrões exigidos pela
Conmebol e pela Fifa. Posso afirmar que estamos recebendo um grande presente,
um verdadeiro incentivo para o esporte paraense", ressalta Robgol.
Reabertura
Aprovado por bicolores e azulinos, o Mangueirão reabre hoje para mais
uma partida do clássico Remo e Paysandu pelo Campeonato Paraense, às 16h. Um
jogo que liga o passado e o futuro, para quem tem o privilégio de ser e fazer
parte dessa história.
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