Por Nilson Pinto
Entre as muitas histórias difundidas sobre esse nosso querido corte, a
picanha é a de que o neto do Conde Matarazzo Baby Pignatari perguntou ao
churrasqueiro “O que era? E como era?”.
O churrasqueiro, um argentino, como não tinha um nome, explicou que
era a parte de onde a ponta da vara que cutucava o dorso (anca) dos bois,
para se movimentarem.
No caso, essa ponta era conhecida como “picaña” (em espanhol).
Como a picanha não tem colágeno e sim uma boa capa de gordura, ela não
faz parte de grupos musculares de tração do animal, tornando-a macia. E,
com a gordura, muito suculenta.
E voltando a história da picanha
A demanda pela picanha, no fim dos anos 70 e depois 80, era grande,
com uma oferta pequena: duas 2 peças por animal.
E mais: muitos açougues não sabiam fazer a separação.
Então, por comodidade, deu-se então a procura por importadores em
nossos vizinhos, a Argentina e o Uruguai.
Isso porque lá não se tinha o hábito do consumo deste corte e que, por
vezes, ficava encalhado para a venda.
Ainda depois tivemos entraves que também dificultaram sua difusão,
como o aumento na alíquota de importação e o congelamento de preços, que
atingiram fortemente o setor.
Só pra legendar, em 1979, depois de greves e pressão sindicalista
,tivemos o fechamento das importações, com a “desculpa” de se preservar a
produção nacional.
Fato que durou mais de uma década, gerando em primeiro a
desindustrialização, perda de empregos, de renda, empobrecimento da nação e
um fato marcante que muitos se recordam resultante disso são os “carros
carroças”, dito por um presidente mais de uma década depois!
Com a reabertura tardia, ainda nossos vizinhos argentinos e uruguaios
descobriram a forma como era consumida a picanha no Brasil e os sabores
resultantes.
Ou seja, gerou uma difusão por lá e também alta demanda, e aí os
preços passaram para outro patamar!

O corte nos dias de hoje
Atualmente, com a evolução genética, a suplementação e manejos
eficientes, podemos dizer que vários outros cortes, inclusive os que
pertencem ao dianteiro (cortes de segunda), acabam disputando a preferência
dos churrasqueiros profissionais, assim como dos amantes de um bom churrasco.
Outro detalhe importante a falar é que com a evolução e as várias
raças, a picanha pode continuar sendo aquela com até menos de 1 quilo ou
também de tamanhos bem maiores, isso ainda sem pegar parte do coxão duro.
E nem preciso dizer: já é bem difundida a história de que a partir da
3° veia já não é mais picanha, e sim coxão duro.
Falando agora das formas de se fazer a picanha, a mais conhecida são
os steacks arredondados, da churrascarias rodízio.
Outra bem difundida são os também steacks de dois dedos na grelha
Mas existem várias outras formas e até na air fryer se faz picanha
hoje!
Quer saber como? Fatie em bifes, coloque na air fryer sem nada e
guarde aquela hemoglobina, sim, o “sangue” que vem no saquinho. Sele os dois
lados da carne, acrescente a hemoglobina e deixe selar. Retire a picanha da
air fryer e acrescente o sal por último, lembrando que esse é o truque pra
evitar que a carne perca aquela suculência.
Ou seja, a paixão pela picanha é nacional: ela é sinônimo de churrasco
e, com certeza, uma das maiores preferências do brasileiro!
Confira mais dicas sobre como preparar não só a picanha, mas diversos
cortes, molhos e acompanhamentos no @churrascovip e no canal ChurrascoVip By Nilson.

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