Pela primeira vez, a receita do Pará registrada no
balanço orçamentário para os primeiros quatro meses do ano ultrapassou de uma
tacada só a arrecadação dos estados de Santa Catarina, Ceará e Goiás, atrás dos
quais a maior economia do Norte tradicionalmente sempre esteve. E tudo com a
mãozinha da pandemia do novo coronavírus. A informação foi levantada pelo Blog
do Zé Dudu, que analisou as contas oficiais do quadrimestre compreendido entre
janeiro e abril de todas as 27 Unidades da Federação.
Pode parecer estranho, principalmente devido ao
fato de o Pará ter sido assolado com bastante intensidade pela Covid-19, tendo
registrado mais de 4.500 óbitos, mas a pandemia pressionou com muito mais força
a economia e as finanças dos estados do Centro-Sul. Mesmo sem adotarem
restrições tão rígidas de distanciamento e fechamento de atividades produtivas
quanto no Pará, Santa Catarina e Goiás viram os cofres minguar.
Estados extremamente dependentes de comércio,
serviços, indústria automobilística e agronegócio assistiram incólumes à
receita ser devastada pelas quarentenas impostas em cada canto. Como, no Pará,
as mineradoras — grandes geradoras de compensações, taxas e impostos — não
paralisaram a lavra, o estado até apresentou alguma queda, mas foi menos
intensa que nos outros lugares e lhe favoreceu a escalada na lista da
arrecadação.
E, de forma inédita, posicionou-se entre os dez
maiores arrecadadores do país no primeiro quadrimestre deste ano. Com R$ 8,652
bilhões reportados em receitas, o Pará alcançou o 8º lugar, atrás apenas de São
Paulo (R$ 76,258 bilhões), Minas Gerais (R$ 29,798 bilhões), Rio de Janeiro (R$
19,952 bilhões), Bahia (R$ 14,398 bilhões), Rio Grande do Sul (R$ 14,264
bilhões), Paraná (R$ 13,852 bilhões) e Pernambuco (R$ 11,058 bilhões). Na cola
do Pará vêm Santa Catarina (R$ 8,6 bilhões), Ceará (R$ 8,405 bilhões) e Goiás
(R$ 7,989 bilhões).
Receita
por habitante
O Blog também fez outro recorte que ilustra a
capacidade financeira dos estados: a divisão da receita arrecadada pela
quantidade de habitantes. O Distrito Federal é, naturalmente, o que detém a
maior receita média nesse quesito, R$ 2.573, por ser sustentado com verba do
próprio Governo Federal. Como ele, guardadas as devidas proporções, estão os
estados mais novos do país, como Roraima (R$ 2.395), Acre (R$ 2.284), Amapá (R$
2.110) e Tocantins (R$ 1.819), intensamente sustentados pela União.
Com R$ 1.005 no quadrimestre, o Pará apresentou a
7ª pior capacidade de geração de receita por habitante, só não superada pelos
nordestinos Bahia (R$ 968), Rio Grande do Norte (R$ 952), Ceará (R$ 920),
Alagoas (R$ 902), Paraíba (R$ 896) e Maranhão (R$ 728). O vizinho Amazonas,
devido à Zona Franca, tem receita per capita de R$ 1.505, uma das mais elevadas
do país.
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