A “Capital Nacional do Minério de Ferro” é mesmo
surpreendente, quando o assunto é arrecadação. De setembro do ano passado até
agosto deste ano, a receita cresceu tanto que nem mesmo os reajustes salariais
pomposos liberados aos quase 9.000 servidores no meio do ano foram capazes de
inibir o faturamento da Prefeitura de Parauapebas. E olha que a concessão de
aumento ao funcionalismo, no meio do enfrentamento a uma pandemia, era temor de
prefeito e secretários de governo.
Em 12 meses corridos, o caixa de Parauapebas
recebeu aproximadamente R$ 1,702 bilhão, a maior receita líquida da história. E
pagou, no mesmo período, R$ 599,79 milhões, comprometendo assim 35,25% da
arrecadação e mantendo-se tranquilamente abaixo da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF), cujo teto de gastos com servidores para as prefeituras é de 54%.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé
Dudu, que se debruçou sobre as contas da Prefeitura de Parauapebas encaminhadas
ao Tesouro Nacional na semana passada. Atualmente, Parauapebas tem fôlego para
gastar até, no máximo, R$ 918,88 milhões com servidores, quase a arrecadação
liquida inteira da Prefeitura de Marabá. No entanto, a folha, embora robusta,
está em torno de R$ 320 milhões mais leve.
A título de comparação, o desembolso de aproximadamente
R$ 600 milhões com a folha de pagamento da Prefeitura de Parauapebas seria
suficiente para sustentar o município de Redenção por três anos ou o de Tucuruí
por quase dois. Além disso, hoje Parauapebas só fica atrás de Canaã dos Carajás
no ranking de gestão fiscal quanto ao comprometimento da receita com a folha de
pagamento.
Em Canaã dos Carajás, até o final do 2º
quadrimestre, os gastos com servidores sequestravam apenas 20,91% da receita
local, uma das despesas proporcionalmente mais baixas do país. Se a prefeitura
daquele município quisesse dobrar o salário de todos os seus servidores, ela
poderia fazê-lo sem comprometer a LRF. Até o momento, contudo, o governo de
Canaã não reportou seu Relatório de Gestão Fiscal (RGF) do 2º quadrimestre ao
Tesouro.
Balanço
fiscal
Até as 14 horas desta segunda-feira (5), o Blog
observou que somente 51 das 144 prefeituras paraenses haviam cumprido com as
obrigações fiscais. O prazo legal para envio ao Tesouro foi encerrado em 30 de
setembro. A Prefeitura de Parauapebas é vice-líder em eficiência fiscal da
máquina pública, devido ao baixo grau de comprometimento da receita com o
funcionalismo, atrás apenas do governo de Canaã dos Carajás. Parauapebas é
seguido de perto da Prefeitura de Ourém, que comprometeu apenas 36,16%. As
administrações de Ananindeua (40,7%), Ourilândia do Norte (41,6%), Água Azul do
Norte (41,76%) e Marabá (44,04%) vêm na sequência, também respeitando a lei.
Por outro lado, 20 das 51 prefeituras com contas
prestadas até o momento estão acima do teto de gastos com pessoal. A pior
situação é a de Augusto Corrêa, onde 70,82% da arrecadação foram parar no bolso
dos servidores, muito mais que os 54% determinados por lei como limite. Também
estão em maus lençóis as seguintes prefeituras:
- Chaves (67,98%)
- Igarapé-Miri (66,98%)
- Monte Alegre (66,26%)
- Afuá (66,01%)
- Pacajá (63,59%)
- Bragança (63,4%)
- Belterra (62,82%)
- Quatipuru (60,26%)
- Bujaru (60,07%)
- Mojuí dos Campos (59,98%)
- Pau D’Arco (59,6%)
- Piçarra (58,65%)
- Xinguara (58,5%)
- Dom Eliseu (58,1%)
- Abel Figueiredo (57,12%)
- Viseu (57,04%)
- São Miguel do Guamá
(56,54%)
- Capanema (55,93%)
- Goianésia do Pará
(54,57%)