De janeiro a novembro de 2020, a Prefeitura de
Canaã dos Carajás arrecadou R$ 643 milhões através da Contribuição Financeira
pela Exploração Minerária (Cfem). O recurso adquirido com a produção de ferro
do Complexo S11D (Serra Sul Carajás) é, atualmente, 34 vezes maior do que quatro
anos atrás, antes da implantação da unidade de mineração da Vale em 2016.
No ano de inauguração do Complexo, Canaã recolhia
R$ 18,7 milhões de Cfem resultante da operação da unidade de cobre na Mina do
Sossego. Com o incremento da atividade minerária do ferro, a ampliação dos
royalties permitiu a realização de inúmeras obras na cidade, como a Etapa da
Transcarajás, o Terminal Rodoviário e a nova Avenida Weyne Cavalcante.
Também possibilitou a criação da lei que destina 5% da CFEM para um Fundo
Municipal de Desenvolvimento Sustentável.
O secretário de Planejamento da Prefeitura de
Canaã, Gean Meirey dos Santos, ressalta que os recursos têm sido aplicados para
desenvolver a cidade em outros setores que não dependam da mineração. “O
objetivo é não repetir erros do passado e atuar para que a cidade se torne
sustentável, forte em outros setores paralelos à atividade mineradora – hoje
principal fonte de arrecadação da cidade,” diz Gean.
Do ramo de movelaria, o proprietário da Samavi,
Josinaldo Pereira, diz que o Fundo de Desenvolvimento beneficia a manutenção de
empreendimentos na cidade. Com os recursos, foi possível aumentar a compra de
matéria-prima do fornecedor para a fábrica, com maior facilidade de pagamento.
“A criação do Fundo foi muito boa, facilita para o empreendedor em termos de
financiamento e prazo de pagamento,” explica. O Fundo Municipal concentra 5% de
todos os royalties da mineração para o fomento de negócios.
Polo Universitário
O antigo canteiro do projeto minerário S11D, doado
pela Vale à Prefeitura de Canaã em 2017, foi transformado em Polo Industrial e
Educacional e já está com 85% de sua capacidade ocupada, segundo a Secretaria
de Desenvolvimento Econômico. No local, passará a funcionar a primeira
faculdade pública do município, já em construção com recursos oriundos do Fundo
e novas empresas atraídas para a região.
Uma das primeiras a se instalar no distrito foi a
empresa de reciclagem de resíduos CarajásFlex. A opção foi motivada pela
infraestrutura oferecida. “O distrito tem uma estrutura invejável – uma
estrutura para um polo industrial de cidade grande, com água, energia, sistema
de incêndio, portaria e a manutenção do padrão com segurança 24 horas. E a
tendência é só melhorar,” afirma o proprietário da CarajásFlex, Daniel Peres.
Com a geração de 20 empregos diretos, a empresa
reaproveita o resíduo plástico e transforma em mangueiras usadas na construção
civil, sistemas de irrigação e na mineração. “Quero tirar milhões de toneladas
de material que iria parar nos aterros e lixões da nossa Amazônia e reciclar e,
no futuro, vamos estar poupando os recursos do nosso planeta,” revela o
empresário.
Por Dayse Gomes
– com informações da VALE