
Publicado em 01/04/2021 - 17:25 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília (Foto: )
A alta internacional das commodities (bens
primários com cotação internacional) e a recuperação do consumo global levaram
o governo a projetar um superávit recorde da balança comercial este ano.
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, o
país deverá encerrar o ano exportando US$ 89,4 bilhões a mais do que importará.
A projeção representa alta de 75% em
relação ao superávit de US$ 50,9 bilhões registrado em 2020. Até hoje, o
recorde anual na balança comercial foi registrado em 2017, quando o Brasil
exportou US$ 66,99 bilhões a mais do que tinha comprado do exterior.
A cada três meses, a Secex atualiza
as estimativas de saldo para a balança comercial. Em janeiro, o órgão previa
que o indicador encerraria o ano com superávit de US$ 53 bilhões. Os números
apresentados hoje mostram crescimento tanto das exportações como das
importações em relação à projeção anterior.
De acordo com as previsões da Secex,
o país exportará US$ 266,6 bilhões em 2021 e importará US$ 177,2 bilhões. Nas
estimativas apresentadas em janeiro, as exportações estavam em US$ 221,1
bilhões; e as importações, em US$ 168,1 bilhões. Na comparação com 2020, o
crescimento das exportações saltou de 5,3% para 27%. A alta das importações
passou de 5,6% para 20,4%.
Consumo
Segundo o secretário de Comércio
Exterior, Lucas Ferraz, dois motivos explicam a elevação da estimativa. O
primeiro é a valorização das commodities no mercado internacional. De janeiro a
março, os preços médios dos produtos agropecuários subiram 11,5% em relação ao
mesmo período do ano passado. A valorização dos minerais foi ainda maior: alta
de 30% na mesma comparação.
A segunda razão para a equipe
econômica revisar as projeções está relacionada ao aumento do consumo
internacional, em um cenário de recuperação da pandemia da covid-19. De acordo
com o secretário, vários países estão diminuindo o consumo de serviços, normalmente
produzidos por economias avançadas, e aumentando as compras de bens físicos, o
que favorece países emergentes como o Brasil.
“Novas informações, com base em
relatórios internacionais, sugerem que este ano haverá aumento expressivo do
comércio global. Em meio à pandemia, o consumo global tem se redirecionado de
serviços para bens manufaturados e agrícolas”, explicou Ferraz.
Petróleo
Nos três primeiros meses do ano, o
desempenho da balança comercial acumula superávit de US$ 1,648 bilhão, o menor
saldo para o período desde 2015. Naquele ano, a balança tinha registrado
déficit de US$ 5,577 bilhões nos três primeiros meses. O Ministério da
Economia, no entanto, atribui o encolhimento do saldo comercial à importação de
plataformas de petróleo ocorridas nos dois últimos meses, que distorceram o
resultado.
Essas plataformas, que estavam
registradas em nome de subsidiárias da Petrobras no exterior, tinham sido
exportadas na década passada sem jamais terem saído do litoral brasileiro. Com
o Repetro, o novo regime tributário para o setor de petróleo, e a nova política
da estatal, essas plataformas têm o registro transferido para o Brasil, o que
configura uma importação.
Segundo o Ministério da Economia, o
saldo comercial melhorará significativamente nos próximos meses, com o início
da safra de grãos no Brasil e a diminuição das importações de plataformas de
petróleo. Apesar do otimismo da pasta, a previsão de superávit comercial está
muito acima das estimativas do mercado financeiro. Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal divulgada pelo Banco Central, os
analistas de mercado projetavam superávit comercial de US$ 55 bilhões para 2021
até o fim da semana passada.
Edição: Fernando Fraga