Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro (Foto: )
O ministro da Economia, Paulo Guedes,
disse que o governo pode prorrogar o auxílio emergencial, caso a pandemia da
covid-19 se agrave no país e o programa de imunização não atinja níveis
suficientes para a maior parte da população. Pelo prazo atual, o benefício será
pago até julho.
Segundo o ministro, já existe uma
proposta de emenda à Constituição (PEC) aprovada no ano passado, que permite o
aumento de gastos para cobrir as necessidades de combate e reflexos da pandemia
e, por meio dela, é possível estender o pagamento, como foi feito para este ano.
“Se Deus quiser, teremos dias
melhores à frente e vamos celebrar também o fim dessa doença, mas o auxílio
emergencial é uma arma que nós temos e pode, sim, ser renovado. Se, ao
contrário do que esperamos, se a doença continuar fustigando, e as mortes continuam
elevadas, a vacina, por alguma razão não está chegando, tem que renovar, vamos
ter que renovar”, afirmou Guedes, ao participar hoje (27) do encontro Diálogos
com a Indústria, realizado em um hotel de Brasília, pela Coalizão Indústria,
que conta com a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e congrega 15
entidades.
Apesar disso, não é com esta
possibilidade que o governo está trabalhando neste momento, disse o ministro.
“Não é a nossa expectativa hoje. A expectativa é que está avançando a imunização,
mas vamos observar. O auxílio é uma ferramenta para uma camada de proteção e,
sim, que tem que ser renovado. Hoje achamos que, se a vacinação em massa
progride, pode ser que não seja necessário [ampliar o pagamento do auxílio]”,
afirmou.
Para Guedes, a resposta para se vai
haver ou não a prorrogação do auxílio emergencial é a pandemia e o ritmo de
vacinação. “Se nós tivermos vencendo o combate, a vacinação em massa e, mais,
até o final de julho, tivermos vacinado 60%, 70% da população e com 100% da
população idosa vacinada, onde está a maior parte da incidência de óbitos. Se
nós atingirmos o controle da pandemia através da imunização, porque antes era a
ideia de imunização de rebanho, não se falava em vacina, nunca se falou em
vacina, teste em massa, quando a doença chegou, depois é que foram se
desenvolvendo estes armamentos adicionais. Desenvolveu-se a vacina e começou a
busca pela vacina”, informou, acrescentando que, além dos percentuais mais
elevados de vacinação, vai ser considerada a queda nos casos de óbitos com
retorno aos níveis registrados no fim da primeira onda entre 100 e 300 por dia.
“Hoje é fácil dizer que o governo não
viu isso e aquilo. Na verdade, o Brasil inteiro foi para as eleições. Se a
classe política achasse que a doença estava aí, firme e forte ainda, ela tinha
adiado as eleições. Havia uma convicção de que a doença estava arrefecendo.
Aconteceram as eleições, depois vieram as festas de fim de ano, as festas dos
mais jovens”, destacou.
Guedes comentou que, embora o
programa anterior para a liberação do auxílio emergencial tivesse prazo para
terminar em 31 de dezembro de 2020, algumas parcelas ainda seriam pagas nos
dois primeiros meses deste ano. “A economia ainda estava relativamente
protegida por dois meses. Dois meses e meio depois, então, entraram os nossos
programas de novo.”
Segundo o ministro, o cálculo da
primeira fase do auxílio tinha sido feito com base em expectativas do
Ministério da Saúde sobre a evolução da pandemia logo no começo dos casos no
Brasil. O cenário, no entanto, não se confirmou, e veio a segunda onda e a
necessidade de novos auxílios.
De acordo com Guedes, aí entrou o timing político
que foi o processo eleitoral das presidências da Câmara dos Deputados e do
Senado. “Existia o protocolo, que era uma PEC que já renovava, já tinha
cláusula de calamidade pública. Era apertar o botão e disparava tudo outra vez,
era o nosso aprendizado. Só que havia um processo político. Quem dá o timing das
coisas que acontecem é a política. Estava vindo uma eleição com disputa forte
de quem seria o presidente da Câmara e o presidente do Senado. Então, acabamos
esperando”, disse Guedes. Após a eleição de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara e
Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no Senado, Guedes reuniu-se com os dois no Ministério
da Economia, e o assunto era auxílio emergencial e vacina.
.
Edição: Nádia Franco