Foto: Divulgação esbrasil (Foto: )
Quando morei na China, no final da
década de 1980 e início dos anos 1990, pude ver com meus olhos o início do
crescimento daquele país.
A cultura chinesa regada pela
docilidade de um povo que há mais de 4 mil anos vive sob domínio dos
imperadores, a maioria déspota, permitiu que a troca pelo regime comunista não
fizesse qualquer diferença para eles, exceto em Hong Kong e Macau, onde os
ventos de liberdade sopraram com maior velocidade.
Mas o mundo desenvolvido (Europa e
Estados Unidos) percebeu que poderia usar a China a seu favor. Enquanto um
engenheiro europeu ganhava 5 mil dólares por mês para trabalhar
36 horas por semana, um chinês trabalharia com muita vontade até 80 horas por
semana, em troca de apenas 50 dólares mensais (como não é um país
cristão, lá não existe domingo). Era um sonho para as empresas mundiais.
Estados Unidos e Europa investiram
trilhões de dólares na China por mais de 20 anos seguidos, fazendo com que a
economia chinesa crescesse a gigantescas taxas de 12% a 15% ao ano por décadas.
Chegamos à década de 2010 com a China ultrapassando as potências europeias e
asiáticas e se tornando a segunda potência mundial.
(Foto: Jason Lee/Agência Brasil)
Isso acendeu uma luz nas nações mais
desenvolvidas, que decidiram reduzir os investimentos na China e os
transferiram para a Índia. Entretanto, o ritmo alucinante do
crescimento chinês ainda levou alguns anos para sentir o redirecionamento dos
investimentos, reduzido “suavemente” dos 15% para algo em torno de 6%. A Índia
agora é a bola da vez, com a economia crescendo a estonteantes 10% ao ano.
Mas as nações desenvolvidas não consideraram dois pontos básicos: ambos os
países (China e Índia) possuem uma população acima de 1,3 bilhão; e também
precisam de muita comida para alimentar sua população.
Uma pequena ascensão social de 10% da
população, por conta do aumento de oportunidades de trabalho e renda,
representa toda a população de vários países europeus.
Isso tem levado os chineses e indianos a “invadirem” os países mais pobres,
sejam da Ásia ou da África para, à semelhança do que a Europa fez nos séculos
passados, explorar
todas as riquezas desses países pobres. Se apenas 1% dos 10% mais ricos desses
países
resolvessem investir seus lucros na Europa ou EUA poderiam criar (e têm criado)
problemas no sistema bancário mundial. A China hoje já possui mais de 4
trilhões de dólares em títulos do tesouro americano e investimentos diversos em
países pobres (Brasil, inclusive) acima de 1,5 trilhão de dólares.
Os indianos e chineses (mais estes),
que prezaram pouco pela ética ou valores morais judaico-cristãos (são países
onde o cristianismo é minoria), encontraram nos países pobres um “ambiente”
amigável para praticar seu esporte favorito: a corrupção.
Os chineses, há mais tempo no mercado
e com menos problemas de consciência, conseguiram dominar mais áreas na África.
Porém, para prover comida, a joia da coroa era a América do Sul, sendo o Brasil
a mais preciosa. Novamente, por uma mistura de ideologia e corrupção, a China
tem levado vantagem sobre a Índia. Vários países latinos já estão beijando os
pés chineses, pagando seus empréstimos com comida e matéria-prima
subvalorizadas.
Mas o sonho de consumo dos chineses
sempre foi o Brasil. Tudo estava indo bem, mas
quando os chineses finalmente resolveram comprar o Brasil, eis que os
brasileiros, alheios
a tudo o que se passava no mundo, resolveram colocar Bolsonaro na presidência.
O
problema é que os governos passados prometeram mundos e fundos para os
chineses, que pagaram grandes lotes de propina na esperança de garantir comida
e recursos naturais por mais 500 anos. Agora, mesmo comprando muitas terras,
cooperativas
agrícolas, empresas, portos, ferrovias, etc., suas atividades a cada dia estão
mais restritas
no Brasil. A xenofobia está à flor da pele.
A realidade é que os chineses estão
sofrendo na América do Sul. Investiram muitos
bilhões na Venezuela, confiantes no petróleo, mas a produção de 3,5 milhões de
barris diários caiu para 400 mil. Na Argentina, com a crise do coronavírus, a
queda na produção foi de mais de 40%, ou seja, não tem comida para pagar os
empréstimos. Pelo lado americano e europeu, a pressão está cada dia maior e os
acordos comerciais que privilegiavam a China nos mercados mundiais estão, um a
um, sendo revisto com sérios prejuízos para os chineses. Até Joe Biden,
presidente dos Estados Unidos, continuou a política restritiva americana com a
China (e ainda chamam o Trump de nacionalista).
A pergunta de 1 trilhão é: Qual será
a consequência disso tudo para a China e a
Índia? As questões comerciais dos chineses com europeus e americanos são o
menor dos problemas. A questão “custo” ainda será importante por algum tempo,
logo a China conseguirá vender seus “xing-lings” por um bom tempo. Mas o
gargalo será arranjar comida para quase 3 bilhões de pessoas (China + Índia),
que estão ficando um pouco mais ricas e exigindo um pouco mais de comida em
seus pratos.
Será que os dois maiores produtores
de alimento do mundo (EUA e Brasil) vão dar colher de chá para China e Índia? Acho
muito difícil, ainda mais se Bolsonaro conseguir um novo mandato de mais quatro
anos. Daí, a urgente necessidade de evitar, a “qualquer custo”, sua reeleição.
O grande problema é que a crise
alimentar já está batendo à porta e esperar mais seis
anos será uma eternidade. Estados Unidos e Europa consomem aproximadamente 40%
de todos os alimentos produzidos no mundo. Se considerarmos os grandes países
da
Ásia (Japão, Coréia, Malásia, etc), já teremos mais de 70% dos alimentos
produzidos
comprometidos. Como alimentar com 30% os 50% restantes da população do mundo?
Não tem mágica nem matemática. Em
pouco tempo, teremos fome nesses pobres países
ricos. Estamos falando de muitos milhões de pessoas sem comida suficiente para
viver.
Consegue entender agora a razão de todo esse esforço da China, aliada aos
governadores
de esquerda, para destruir o governo Bolsonaro? É uma questão de sobrevivência.
Só resta a China, e por tabela a
Índia, tomar o maior celeiro de comida do mundo. Se não tomarem o Brasil, além
de boa parte da população desses países passar fome, o preço das commodities
vai disparar nos mercados mundiais. Recentemente, o presidente Emanuel Macron
disse que vai separar áreas na França para plantar soja. Hoje, isso parece uma
piada, pois o custo de 1 tonelada de soja na França deve ser 30 vezes maior que
no Brasil. Mas, e daqui a 10 anos quando faltar soja no mercado? Macron pode
ser tudo, menos louco.
Atualmente, poucos países, como o
Brasil, EUA, Canadá e Argentina, conseguem alimentar sua população e essa
situação deve perdurar por muitos anos. O Brasil está em uma situação muito
privilegiada, pois usamos apenas 16% de nosso território com a agricultura e
pastagem para gado. Podemos ainda crescer 100%, sem comprometer qualquer
sistema ecológico.
Por qualquer ótica que se tente
resolver essa questão chamada “comida” passaremos pelo
Brasil e todos sabem disso, daí a luta da Europa e dos Estados Unidos, por
exemplo, para impedir que nossa agricultura cresça usando como argumento a
destruição da Amazônia. Querem destruir (ou pelo menos tentar) aquele que será
o maior celeiro do mundo até 2030. Mas a pedra no sapato chama-se Bolsonaro e a
direita brasileira.
Creio que tanto Estados Unidos quanto
Europa deveriam tratar melhor o Brasil. É a única chance que possuem para
dobrar o grande dragão, exceto se, mais uma vez, a China resolver eliminar 20%
da sua população, já que o vírus chinês não conseguiu matar nem 1% da população
mundial.
Resumo: se a China comprar o Brasil,
o mundo passará fome. Se não comprar, a China
passará fome. Nada é impossível para esse país onde morrer pela nação é um ato
heroico
para o pobre povo chinês. Por isso tudo é possível, não duvidem.
Espero que o Brasil se prepare e,
para o bem do mundo, que os chineses, os governadores e políticos corruptos,
junto com a imprensa ideologicamente comprometida e parcial, não consigam
derrubar Bolsonaro, acelerando a mudança da cor da nossa bandeira para vermelha
com estrelas. O que a falta de comida no prato pode fazer no mundo!
J.E. Conti (joeconti@uol.com.br) é engenheiro, consultor
de negócios, escritor e empresário.
Foto: Divulgação
ESBRASIL