Por Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil - Brasília (Foto: )
O ministro da Economia, Paulo Guedes,
disse hoje (25), em Brasília, que a reforma tributária planejada pelo
governo vai tributar os rendimentos de capital e dividendos para reduzir os
impostos que incidem sobre os assalariados.
Durante audiência na Comissão
Temporária da Covid-19 do Senado, ele afirmou que o atual sistema tributário é
“perverso” e foi construído buscando caminhos “mais fáceis”, em vez de mais
justos para a arrecadação.
Antes de participar da audiência, o
ministro entregou ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, a
proposta da segunda fase da reforma tributária, prevendo que a faixa de isenção
do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) subirá dos atuais R$ 1,9 mil para
R$ 2,5 mil.
“Estamos fazendo a reforma tributária
onde vamos reduzir os impostos dos assalariados. Estamos tributando rendimentos
de capital porque o Brasil é um país de renda média baixa, e os impostos
estavam concentrados em cima dos assalariados, em vez de tributarmos quem vive
de dividendos, que são os rendimentos do capital”, explicou o ministro.
Ele disse que “há uma perversão em
nosso sistema tributário, que é muito complexo e foi dirigido por uma matriz de
facilidades de arrecadação da receita, por um lado, e, por outro, por
interesses corporativos”.
“Quanto à tributação sobre rendimento
de capital, é uma necessidade. Os maiores países do mundo tributam o rendimento
de capital e os dividendos. É o caso dos Estados Unidos e Inglaterra, por
exemplo. Não tem nada de errado com isso. Estamos eliminando uma perversidade
do sistema, porque hoje a gente tributa o trabalhador assalariado porque é
fácil”, argumentou.
“Da mesma forma, a gente tributa
combustível e eletricidade, porque também é fácil tributar. Só que isso sobe
por toda a cadeia produtiva e acaba encarecendo tudo para a população
brasileira. Então, a lógica tem de ser favorecer a população e o trabalhador
brasileiro. A lógica não pode ser baseada em onde é que é fácil arrecadar e que
interesses se pode favorecer com isenções. Se o Brasil crescer mais rápido,
tributando dividendos, não tem problema porque os mercados já sabem que vem a
tributação sobre dividendos, com uma alíquota de 20%.”, acrescentou.
Tributação de dividendos
O ministro da Economia ponderou que o
governo terá um cuidado especial para que a tributação de dividendos não
prejudique os profissionais autônomos que recebem dividendos por meio da
pejotização - situação na qual a relação de emprego é substituída pela prestação
de serviços via pessoas jurídicas (PJ). “Estamos atentos para proteger essas
pessoas. O inadmissível é que, em grandes empresas, bilionários paguem 0% sobre
dividendos”.
A expectativa apresentada por Paulo
Guedes é a de, no futuro, a Receita fazer uso de tecnologias que possibilitem
unificar diferentes fontes de renda. É o caso de contribuintes que, conforme
exemplo apresentado pelo ministro, têm seus rendimentos obtidos um pouco com
aluguéis de imóveis, um pouco com bolsa de valores, um pouco com dividendos.
“Dessa forma vamos unificar tudo e
entrar no progressivo. A reforma é uma abertura de porta nessa direção. Estamos
sinalizando que as empresas vão pagar menos. As pessoas físicas que vivem de
rendimento de capital, ou seja, quem realmente é rico no país ou é classe média
alta, tem de começar a pagar. E estamos desonerando os assalariados que ganham
R$ 1 mil, R$ 9 mil e já estão pagando imposto, enquanto quem é bilionário paga
zero nos dividendos. Isso é um absurdo. Estamos sinalizando que a música vai
mudar e iremos agora em outra direção", finalizou o ministro.
Edição: Kleber Sampaio