ECONOMIA Publicada em 16/10/21 às 06:09h - 161 visualizações
Governadores articulam ação no STF contra mudança na tributação sobre combustíveis A expectativa no Senado é que a proposta consiga avançar, apesar da resistência a alterar impostos que possam prejudicar estados e da visão de que o projeto aprovado na Câmara confirma o discurso do presidente Jair Bolsonaro, que culpa governadores p
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POR FOLHAPRESS
ECONOMIA IMPOSTO-ICMS
(FOLHAPRESS) - Contrários ao projeto que muda a regra de tributação sobre
combustíveis, governadores devem entrar com uma ação no STF (Supremo Tribunal
Federal) para tentar barrar a medida caso o Senado também aprove a proposta. O
texto passou pela Câmara nesta quarta-feira (13).
A expectativa no Senado é que a proposta consiga avançar, apesar da
resistência a alterar impostos que possam prejudicar estados e da visão de que
o projeto aprovado na Câmara confirma o discurso do presidente Jair Bolsonaro,
que culpa governadores pelo preço dos combustíveis. Lideranças das principais
bancadas acreditam que "algo precisa ser feito".
Patrocinado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o projeto
prevê que o ICMS (imposto estadual) passe a ser um valor fixo. Os estados e o
Distrito Federal poderão definir anualmente as alíquotas específicas. A taxa do
tributo será calculada com base no valor médio dos combustíveis nos últimos
dois anos.
Hoje, o ICMS é calculado com base em um preço de referência, conhecido
como PMPF (preço médio ponderado ao consumidor final), revisto a cada 15 dias
de acordo com pesquisa de preços nos postos. Sobre esse valor, são aplicadas as
alíquotas de cada combustível.
Com a mudança, Lira e aliados do governo afirmam que o preço da gasolina
deverá cair 8%. No caso do etanol, a queda seria de 7%, e de 3,7% para o
diesel. O método de cálculo, no entanto, não foi divulgado.
Governadores, que perderão receita, e parlamentares da oposição dizem
que a medida não ataca o real problema da alta dos preços dos combustíveis, que
está relacionada à desvalorização do câmbio e ao aumento do valor do barril de
petróleo no mercado internacional.
"O forte aumento que os preços dos combustíveis sofreram nada tem a
ver com [as alíquotas do] ICMS. Os preços vão continuar subindo e isso vai
desmoralizar a todos", avalia o presidente do Consórcio Nordeste e
governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
O argumento para acionar o STF é que não caberia ao Congresso definir as
regras do ICMS, e sim aos estados.
"Estou impressionado como votam no Congresso Nacional um projeto
sobre tributação estadual. Não há autorização constitucional para aqueles
preceitos", disse Dias.
O presidente do Fórum dos Governadores e governador do Distrito Federal,
Ibaneis Rocha (MDB), também afirmou que a proposta da Câmara é
inconstitucional.
"A Petrobras, que é uma empresa pública, é uma empresa do povo
brasileiro, que vem constantemente gerando aumentos no combustível e no gás de
cozinha da população. Estão querendo transferir a responsabilidade para os
estados, mas nós vamos barrar isso no Supremo Tribunal Federal", afirmou
Ibaneis.
A Febrafite (Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos
Estaduais) calcula que a proposta de Lira geraria uma perda de R$ 24 bilhões
por ano na arrecadação de estados e municípios.
O cálculo foi usado pelo Comsefaz (Comitê Nacional dos Secretários de
Fazenda Estaduais), que divulgou uma nota nesta quarta contra o projeto
patrocinado pelo presidente da Câmara.
No Senado, existe o sentimento que "algo precisa ser feito"
para segurar o preço dos combustíveis, de modo a não atrapalhar a retomada do
crescimento econômico e segurar a inflação.
"Acho que algo precisa ser feito para freiar essa disparada de
preços dos combustíveis e energia elétrica", responde Eduardo Braga
(MDB-AM), líder da maior bancada do Senado, quando questionado sobre as chances
de a proposta avançar no Senado.
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