Por Gustavo Kahil
“Se a empresa está colocando esse deságio na conta, existe a
possibilidade de que haja um reajuste negativo de gasolina nos próximos dias”,
diz o economista da Ativa (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)
A Petrobras (PETR3; PETR4) pode ter criado um tipo de
“desconto” proposital no preço da gasolina em relação aos valores internacionais.
Segundo uma análise da Ativa Investimentos, há um potencial
de alta atual de 6% no preço brasileiro, porém isso não quer dizer que ele será
feito.
“Nos últimos reajustes, a Petrobras fez elevações deixando, em média,
14% de potencial altista para trás, o que atribuíamos a uma defasagem temporal
na correção”, avalia o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.
Segundo ele, este “resto de reajuste” é atribuído ao processo de
estabilização dos preços para a tomada de decisão da companhia.
“Deste modo, começam a circular hipóteses que o benchmark da companhia
não é a zeragem completa da defasagem, mas sim um patamar mais baixo, a fim de
garantir market share”, analisa Sanchez.
Ele avalia que, no longo prazo a estratégia pode gerar arbitragem, mas
no curto prazo é completamente cabível.
“De todo modo, se a empresa está colocando esse deságio na conta, existe
a possibilidade de que haja um reajuste negativo de gasolina nos próximos
dias”, pontua.
O problema, diz o especialista, é a possível perda de previsibilidade.
“Avaliamos que, apesar de estratégico, a empresa perde um de seus
argumentos para ampliar a defasagem temporal de correção que é o de
previsibilidade. Ao adicionar esse deságio na conta, discricionário, ou pelo
menos pouco transparente, a empresa traz imprevisibilidade para as projeções”,
conclui.