As empresas devem investir em políticas claras de trabalho,
transparência das lideranças e um bom pacote de benefícios e
remuneração (Imagem: REUTERS/ Aly Song)
“The great resignation”, ou, em bom e velho português, algo como “a
grande renúncia”, é um movimento observado nos Estados Unidos que está chegando
ao Brasil.
Ele consiste, no que foi observado em maio de 2021 nos EUA, em uma onda
de demissões de colaboradores qualificados, em busca de uma nova carreira,
melhores condições de trabalho e qualidade de vida. Traduzindo: uma espécie de
fuga da já conhecida, e agora listada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Síndrome de Burnout.
Uma sondagem feita entre 3 a 30 de novembro de 2021 pela Robert Half, empresa de
recrutamento especializado, demonstra que, entre profissionais qualificados com
mais de 25 anos, essa tendência também pode estar se desenvolvendo no Brasil.
A Robert Half ouviu 1.161 profissionais, igualmente divididos entre
recrutadores, empregados e desempregados. Segundo o levantamento, 49% dos
empregados pretendem buscar novas oportunidades em 2022.
Os que buscam uma nova carreira em 2022 ainda apontaram como principais
razões o desejo de inovar ou aprender algo novo (19%); a busca de realização
pessoal (17%); e a expectativa de uma melhor qualidade de vida (12%).
Para Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a
América do Sul, “nesse cenário, podemos trabalhar com duas hipóteses. Tanto de
um movimento positivo, que se divide entre a busca de mudança de emprego e a
vontade de empreender, quanto na ótica inversa, em que a desistência pode ser
atrelada à insatisfação com o trabalho atual, dado que a pandemia trouxe maior
pressão psicológica em relação à vida profissional”.
Mantovani ainda explica que, para se manter atrativas e competitivas
nesse cenário, as empresas devem investir em políticas claras de trabalho,
transparência das lideranças e um bom pacote de benefícios e remuneração,
condizente com o mercado.
EUA buscam por estrangeiros
Em novembro de 2021, 4,5 milhões de norte-americanos pediram demissão,
ou melhor, renunciaram de seus trabalhos (Imagem: Reuters/Mike Blake)
Em paralelo a isso, o cenário norte-americano tem baixa taxa de desemprego, alta rotatividade
da mão de obra e elevada quantidade de vagas sem preenchimento. Para Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, essa
conjuntura se estabelece com outras circunstâncias.
Para Rodrigo Costa, especialista em investimento nos EUA e CEO da AG
Immigration (um dos principais escritórios de advocacia imigratória dos Estados
Unidos), “as empresas estão com muita dificuldade em contratar
profissionais para diversas posições, como motoristas de caminhões, vendedores
de lojas, operadores de máquinas e atendentes de redes de fast food. Até mesmo
profissões que exigem qualificação mais elevada, como médicos, dentistas e
pilotos de avião estão em falta”.
Em novembro de 2021, 4,5 milhões de norte-americanos pediram demissão,
ou melhor, renunciaram de seus trabalhos, um recorde que indica o aquecimento
do mercado.
Costa ainda aponta: “é por isso que o presidente Joe Biden tem se esforçado tanto para aprovar seu pacote de novas leis
imigratórias, buscando legalizar milhões de trabalhadores que hoje se encontram
indocumentados no país e, ao mesmo tempo, retirando obstáculos para a entrada
de novos imigrantes de maneira legal nos Estados Unidos”.