O presidente da República, Jair Bolsonaro, fala sobre a situação dos combustíveis em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, em Brasília (Foto: )
Brasília – Uma reunião
nesta terça-feira (7), encaminhou a negociação entre o Governo Federal e o
Congresso Nacional para uma medida concreta que baixe o preço dos combustíveis
no país. Um dia antes, na segunda-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro (PL)
bateu o martelo sobre a redação final de uma proposta de emenda constitucional
(PEC), em encontro com o ministro da Economia, Paulo Guedes, a ser encaminha ao
Congresso Nacional com pedido de urgência.
Paralelamente, no Senado, o plano é fazer uma
convocação para tentar aprovar o projeto de lei complementar (PLP) nº 18/2022 ,
já aprovado na Câmara dos Deputados, fixa um teto de 17% ao ICMS que incide
sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo ao
reconhecer estes setores como serviços essenciais. O projeto quer reduzir o
preço dos combustíveis ao consumidor final e conter a pressão inflacionária.
O plano é que o governo encaminhe ao Congresso a
PEC abrindo uma exceção no teto de gastos para compensar os estados pela perda
de arrecadação com o estabelecimento do teto no ICMS sobre os combustíveis.
Como contrapartida pelo ressarcimento, o governo quer que os estados derrubem a
zero a alíquota do ICMS sobre o diesel e o gás de cozinha. Esse plano valeria
até 31 de dezembro deste ano.
Já há resistências de muitos congressistas que já
adiantaram que não vão concordar com a proposta porque o governo não explicou
de onde sairiam os recursos para bancar os estados.
No decorrer das negociações para a construção da
proposta, o governo promete ainda zerar os impostos federais que incidem sobre
a gasolina e o etanol, mas não se comprometeu a reduzir a zero o ICMS incidido
sobre ambos. A alíquota do imposto estadual ficaria fixada em 17% até o fim do
ano.
O anúncio foi feito em pronunciamento à imprensa no
Palácio do Planalto que contou com participação de ministros de Estado e dos
presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG).
Além de propor ressarcir os estados pela perda de
receita com ICMS, o governo também propôs reduzir a zero a tributação de PIS,
Cofins e Cide sobre a gasolina e o etanol. Hoje, diesel e gás de cozinha já são
isentos de tributos federias.
A sugestão da PEC foi a solução apresentado pelo
Planalto com o objetivo de induzir os estados a aceitarem a proposta de redução
do ICMS no PLP 18. O ministro da Economia, Paulo Guedes, não revelou o valor de
recursos a serem repassados aos estados, mas há quem aponte que os valores
poderiam ultrapassar os R$ 20 bilhões.
“Em havendo o entendimento por parte dos senadores
e em se aprovando o PLP e promulgando de forma bastante rápida uma emenda à
Constituição, essa diminuição de carga tributária faria valer imediatamente na
ponta da linha para os consumidores, para enfrentarmos o problema fora do
Brasil [guerra na Ucrânia] que tem reflexos para todos nós aqui dentro”,
declarou o presidente Bolsonaro.
O ministro Paulo Guedes disse que a PEC trata de
uma transferência “extraordinária” de recursos para que os estados não sejam
penalizados pela perda de receitas e afirmou que tudo será feito dentro do teto
de gastos, sem extrapolá-lo.
“Esse conceito é um conceito sólido e estamos
mantendo nosso duplo compromisso. Primeiro vamos proteger a população
novamente, o governo federal transferindo recursos não para dar subsídios, mas
para transferir e permitir redução de impostos. É o que estamos fazendo e é
muito parecido com o que ocorreu com a cessão onerosa. Na verdade, nós
transferimos recursos para os estados”, declarou.
A equipe econômica garantiu que o Tesouro tem
receitas orçamentárias extraordinárias que ainda não foram lançadas no
Orçamento em função do excesso de arrecadação e que a operação para ressarcir
os estados está contemplado em função dessas receitas. “Os recursos vindo
extraordinários acima das nossas previsões serão repassados à população através
da redução de impostos dos estados”, destacou Guedes.
Relator do PLP 18 prometeu para esta terça a
apresentação de seu relatório
A participação de Pacheco e Lira na reunião desta
segunda foi importante para alinhar o debate político em torno da engenharia
política por trás do PLP 18. Inclusive, o relator do texto no Senado, Fernando
Bezerra (MDB-PE), ex-líder do governo, que esteve presente na reunião no
Palácio do Planalto desta segunda, quer apresentar seu parecer até esta
terça-feira (7).
Caso o relator acate as sugestões feitas pelo
governo e altere sua redação para prever as mudanças a serem feitas, o PLP 18
volta à Câmara. Os deputados, assim, teriam que referendar as alterações. Na
sequência, deputados e senadores precisariam aprovar e promulgar a PEC a ser
enviada pelo governo. Se houver acordo de lideranças, a PEC pode queimar etapas
e ir direto para votação em dois turnos nas duas Casas e se for aprovada será imediatamente
sancionada por Bolsonaro.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira
elogiou as propostas do governo e se comprometeu a dar resposta aos problemas
da alta dos combustíveis e da energia elétrica. “Penso que essa iniciativa
avança no sentido de diminuição dos índices inflacionários e de um acalento da
vida daquelas pessoas que estão na ponta, no sofrimento, no dia a dia, nas
cidades mais humildes e na base da pirâmide. Afeta a classe média, tira o humor
dos mais ricos e massacra os mais humildes”, declarou.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco disse que
vai levar a proposta do governo para conhecimento dos senadores e espera que,
com diálogo, seja possível buscar um consenso que possa convergir os interesses
e percepções da Câmara, do Senado, do governo e dos estados. “De fato, é a
oportunidade ao diálogo, ao consenso e o que é mais importante: favorecer o
consumidor final em relação ao problema gravíssimo do preço dos combustíveis”,
disse.
Pacheco salientou que a proposta do governo inclui
a desoneração do gás natural, o GLP, não apenas do gás de cozinha. Para ele, as
isenções refletirão para o consumidor final uma “desoneração importante”.
“Acolheremos as reivindicações, levaremos ao Senado Federal a todos para a
apreciação do PLP e das medidas legislativas e propostas para fazer valer as
iniciativas.”
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.
ZE DUDU