ECONOMIA Publicada em 11/07/22 às 07:05h - 171 visualizações
Entenda um pouco sobre política de preços dos combustíveis Mauri entrevista Ricardo Milhan gerente do Petro Posto Xingu na Líder FM 98.7
Jornal O Niquel
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Mauri entrevista Ricardo Milhan gerente do Petro Posto Xingu na Líder FM 98.7 (Foto: Jornal O Niquel)
Na sexta feira, 08, Mauri entrevistou Ricardo
Milhan esclarecendo um pouco sobre a atual política de preços dos combustíveis
e a isenção de impostos.
O Presidente da República Bolsonaro zerou os
Impostos Federais sobre combustíveis e gás de cozinha na tentativa de conter a
constante alta de preços e nos estados reduzir para 17%. Aqui no Pará, o óleo
diesel já era de 17%, o que fez baixar um pouco o preço foi aplicar a média dos
últimos 60 meses ou seja os últimos 05 anos, os demais era de 29 % e agora
baixou para 17%.
A oscilação de preços dependendo da região, se deve
principalmente aos elevados custos de frete. Não podemos querer o mesmo preço
do combustível aplicado em uma região produtora de combustíveis e outra
distante a 1000 Km ou 3000Km.
Por exemplo no Paraguai o preço do combustível é
bem mais barato porque não são cobrado impostos, aqui o custo Brasil é muito
alto. Nossa carga tributária é uma das mais altas do mundo, infelizmente.
Hoje os postos de combustíveis pagam outros
diversos encargos, existem vários órgãos fiscalizadores tudo isso eleva os
custos operacionais. Mercado livre, concorrência, o que oferta a diferença de
preços também.
A rede Petro Posto Xingu está à disposição de todos
com combustíveis de qualidade, os menores preços e o melhor atendimento da
região disse Ricardo.
Vinculado ao mercado internacional,
valor dos combustíveis explodiu nos últimos dois anos. Bolsonaro faz críticas
frequentes aos reajustes anunciados pela estatal, e Lula promete
"abrasileirar" os preços se for eleito.
O presidente da
Petrobras, José Mauro Coelho, anunciou nesta segunda-feira (20/06) sua renúncia do cargo, em meio à
crescente pressão do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da Câmara,
Arthur Lira, contra a política de preços dos combustíveis praticada pela
estatal.
Os dois líderes
anteriores da empresa – Roberto Castello Branco e Joaquim Silva e Luna –
também perderam a cadeira após críticas
de Bolsonaro à política que define o preço dos combustíveis vendidos às
distribuidoras, hoje vinculados à flutuação do valor praticado no mercado
internacional.
Mas a troca do
presidente da estatal não deve esfriar o debate sobre a política de preços, que
promete ser um dos temas da campanha eleitoral deste ano. O ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, pré-candidato ao Planalto, usou o primeiro dia de
propaganda partidária do PT na televisão neste ano, em 24 de março, justamente
para criticar os valores praticados pela Petrobras e prometeu
"abrasileirar" o preço dos combustíveis.
"Seu salário
sobe quando o dólar sobe? Então por que a Petrobras está reajustando o preço
dos combustíveis em dólar? O Brasil é autossuficiente em petróleo. E o custo do
nosso petróleo é em real. Nos governos do PT, a gasolina, o gás e o diesel eram
em real. Lutar para abrasileirar o preço dos combustíveis é um compromisso do
PT", afirmou Lula.
Já Bolsonaro,
pré-candidato à reeleição, afirmou em março que a política de preços era
resultado de uma norma "errada", e em junho defendeu a instalação de
uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras, seus
diretores e conselheiros. "É inadmissível, com uma crise mundial, a
Petrobras se gabar dos lucros que tem", afirmou o presidente.
Na sexta-feira
(17/06), a Petrobras anunciou um reajuste de 14,26% no preço do diesel e de
5,18% no preço da gasolina vendidos para as distribuidoras. Em março, a estatal
já havia reajustado o diesel em 24,9% no diesel e a gasolina,
em 18,8%. Após o reajuste chegar ao valor praticado nos postos de
combustíveis, o preço médio da gasolina deve ficar em cerca de R$ 7,38 o litro
e o do diesel, em cerca de R$ 7,52 – 40% e 76% maiores,
respectivamente, do que os valores médios de janeiro de 2019, primeiro mês
do governo Bolsonaro, já descontada a inflação do período.
A Petrobras
usa o Preço de Paridade de Importação (PPI) para definir o valor que cobrará
dos distribuidores. Ele considera o preço dos combustíveis
praticado no mercado internacional, os custos logísticos de trazê-los ao
Brasil e uma margem para remunerar os riscos da operação. Como o preço no
mercado internacional é em dólar, a cotação da moeda também influencia o
cálculo.
Essa fórmula foi
adotada no governo Michel Temer. Nos governos Lula e de Dilma Rousseff, a
definição do preço considerava a variação do petróleo no mercado internacional,
mas também os custos de produção de petróleo no Brasil. Dessa forma, a estatal
segurava impactos de oscilações dos preços no mercado internacional para o
consumidor interno.
Dependendo da
diferença dos preços, porém, em alguns momentos essa política fazia a Petrobras
lucrar menos do que poderia ou ter prejuízo por vender, no mercado
interno, combustíveis por um valor abaixo do que ela havia pagado para
importar, o que era desvantajoso para os acionistas.
O Brasil é autossuficiente
em petróleo, mas não em combustíveis. Em 2021, o país importou 23% do diesel e
8% da gasolina que consumiu. Os importadores privados alegam que, se o preço
cobrado pela Petrobras for abaixo do praticado no mercado internacional, eles
não teriam incentivos para atuar. Nesse cenário, dizem, ou a Petrobras voltaria
a importar e revender a preços mais baratos ou haveria desabastecimento.
Queda de braço
Os conflitos sobre
quais interesses a Petrobras deve atender é antigo e decorre da história da
empresa, fundada sob o mote nacionalista "O petróleo é nosso", do
fato de ser a maior companhia do Brasil, e do perfil de sua composição
acionária, com peso cada vez maior de investidores privados que aportam capital
em troca do recebimento futuro de dividendos.
O governo federal
possui 50,3% das ações ordinárias da companhia, que dão direito a voto. O
governo escolhe o presidente e a maioria dos diretores do Conselho de
Administração da estatal e, portanto, tem grande poder para definir sua gestão.
Mas como a Petrobras
é uma empresa de capital aberto, ela também tem obrigações com todos os seus
acionistas, inclusive os privados. Das ações ordinárias, 41,5% pertencem a
investidores estrangeiros e 8,2% a investidores brasileiros. Nas ações
preferenciais, que dão direito a receber dividendos, mas não a voto, a
participação dos investidores privados é ainda maior: 49,9% pertencem a
investidores estrangeiros e 31,6% a investidores brasileiros.
O impeachment de
Dilma teve como pano de fundo, entre outros motivos, escândalos de corrupção na
Petrobras investigados pela Operação Lava Jato que revelaram
grandes prejuízos à empresa. Em seguida, a posse de Temer e a eleição de
Bolsonaro marcaram uma inflexão na política do governo para a estatal.
Mudança de rumo
Uma grande
alteração promovida por Temer e mantida por Bolsonaro foi a nova política de
preços, que tem duplo objetivo: aumentar a lucratividade da estatal, mas também
criar condições para o funcionamento de um mercado privado e competitivo de
refino, importação e distribuição de combustíveis.
O aumento da
lucratividade foi alcançado. Em 2021, a Petrobras registrou o maior lucro de
sua história, de R$ 106 bilhões, e anunciou que pagará R$ 101 bilhões de
dividendos aos seus acionistas – 29% dos quais para a União. É a segunda maior
distribuição de dividendos do mundo neste ano entre empresas petrolíferas,
atrás somente da ExxonMobil, segundo levantamento da Economática.
A tentativa de
criar um mercado privado e competitivo ainda está em andamento. A Petrobras
segue com posição dominante e controla cerca de 80% do refino no Brasil. Ambos
os governos, que tiveram à frente do Ministério da Economia Henrique Meirelles,
Eduardo Guardia e Paulo Guedes, adotaram uma linha pró-mercado e de redução do
tamanho da Petrobras, também com o intuito de atrair investimentos privados.
Mas a chegada de capital novo para a construção de novas refinarias no Brasil
não se concretizou em larga escala.
Nesse período, a
Petrobras se desfez de diversos ativos, como a BR Distribuidora e refinarias
como a de Mataripe, na Bahia, comprada pelo fundo de investimento árabe
Mubadala. As novas regras também levaram ao crescimento do número de empresas
importadoras de combustível no Brasil.
O que Lula propôs
na propaganda do PT em março foi reorientar novamente a política de preço da
Petrobras para considerar os custos internos de produção, o que voltaria a dar
à estatal margem para praticar preços menores do que os do mercado
internacional.
Qual é a proposta à
esquerda
Deyvid Bacelar,
coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), vinculada à CUT e
próxima de Lula, afirma à DW Brasil que "não faz sentido" o mercado
brasileiro utilizar o preço internacional dos combustíveis. Ele defende que a
Petrobras modifique sua atual política sobre o tema para considerar os custos
internos e amplie sua
capacidade de refino para reduzir a necessidade de importações.
Ele menciona que o
Brasil é autossuficiente em petróleo e que o custo total de produção no país, a
partir do ponto em que começa a dar lucro, seria um dos menores do mundo, de 28
dólares por barril em 2021, atrás apenas do da Arábia Saudita. Nesta
segunda-feira (20/06), o barril do petróleo tipo Brent era negociado a 112
dólares no mercado internacional.
Coordenador da FUP diz que "não faz sentido" o mercado
brasileiro utilizar o preço internacional de combustíveisFoto: Buda
Mendes/Getty Images
A FUP afirma que,
ao longo de 2021, as refinarias da Petrobras operaram com 75% a 80% da
capacidade, e que teria sido possível obter a autossuficiência em gasolina e
reduzir a importação do diesel se essa taxa tivesse sido maior. Neste ano, as
refinarias da estatal estão operando com cerca de 90% de capacidade.
Esse ponto é
respaldado por um estudo reservado da Empresa de Pesquisa Energética (EPE),
vinculada ao Ministério de Minas e Energia, revelado no início de abril pelo
jornal Folha de S.Paulo. Segundo o documento, a ampliação do refino
dentro das capacidades da Petrobras poderia elevar a produção de óleo diesel em
até 15%, reduzindo em 43% as importações líquidas, e faria o país
autossuficiente em gasolina. Ao jornal, a Petrobras afirmou que havia
"análises equivocadas" no estudo e que suas refinarias estavam operando
"em sua capacidade máxima, considerando as condições adequadas de
produção, segurança, rentabilidade e logística".
Em relação à
capacidade de refino, o levantamento da FUP aponta que a empresa investiu de
2003 a 2015, em média, 26,8 bilhões de dólares por ano. Em 2021, a estatal
investiu 8,7 bilhões de dólares. Bacelar defende a conclusão de duas refinarias
que tiveram suas obras interrompidas após a revelação de desvios bilionários
pela Operação Lava Jato, a do Comperj, no Rio de Janeiro, e a segunda linha de
Abreu e Lima, em Pernambuco.
Após a Lava Jato, a
Petrobras contabilizou perdas de R$ 28 bilhões com o Comperj, que seria o maior
projeto individual da história da estatal. No governo Temer, a estatal tentou
firmar uma parceria com a chinesa CNPC para terminar a obra, mas o negócio não
foi adiante. Em 2020, a empresa rebatizou o complexo de Gaslub Itaboraí e
redirecionou seu foco para processar somente gás natural. A Petrobras também
tentou vender a refinaria de Abreu e Lima, mas não houve interessados, e em
novembro de 2021 anunciou que iria concluir as obras da segunda linha da
unidade, com investimentos de 1 bilhão de dólares anuais até 2026.
Além de mudar a
política de preços e aumentar a capacidade de refino, a FUP defende a
criação de um fundo de estabilização de preços pelo governo, que seria
financiado por um imposto sobre a exportação de petróleo cru, com alíquota
variável de acordo com o preço do petróleo no mercado internacional.
"Não estou
falando para a empresa dar prejuízo, é para ter lucro, mas menor do que tem
hoje. A Petrobras reduziu sua capacidade de investimento, que poderia ser usado
também na transição energética, e virou uma grande empresa que gera renda
principalmente para investidores internacionais", diz Bacelar.
Qual é a proposta dos importadores
Sérgio Araujo,
presidente executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis
(Abicom), afirma à DW Brasil ser compreensível que tanto Lula como Bolsonaro
estejam tratando do preço dos combustíveis neste momento, cujos preços
"estão muito elevados, e isso está sacrificando o bolso da população
brasileira". "É um tema muito atrativo para os pré-candidatos."
No entanto, ele
defende a manutenção da atual política de preços da Petrobras como uma
forma de garantir a viabilidade da importação por agentes privados e promover a
atração de novos investimentos. "A economia brasileira caminha sobre
rodas, e o investimento nesse setor se faz necessário", diz.
Joaquim Silva e Luna afirmou que política de preços da estatal de 2010 a
2015 provocou prejuízo de 40 bilhões de dólares à estatalFoto: Wagner
Meier/Getty Images
Para a Abicom, a
solução mais eficiente para a economia é precificar os combustíveis como as
demais commodities, de acordo com a oferta e a demanda. "Subiu o preço do
pão francês, do leite, do óleo de soja, e ninguém fica questionando. Com
combustível, há usuários mais organizados, como os caminhoneiros e os taxistas,
e acabam existindo contestações maiores. Mas o melhor para a economia é que os
preços sejam definidos com base na oferta e demanda", diz.
Araujo afirma ser
"uma grande inverdade" que a capacidade instalada da Petrobras para
refino seria suficiente para o atendimento da demanda interna e diz que,
no mundo, as refinarias em geral trabalham a 85% a 90% de sua capacidade.
Segundo ele, o "déficit estrutural" no setor decorre de um
descompasso entre o aumento da demanda e da capacidade de produção de combustíveis.
Ele alerta que
mudar a política de preços da Petrobras também provocaria prejuízos à própria
estatal. Joaquim Silva e Luna, que presidiu a estatal até março de
2022, afirmou que o "tabelamento" dos preços pela estatal de
2010 a 2015 provocou prejuízo de 40 bilhões de dólares e fez a empresa se
tornar alvo de 31 ações movidas por acionistas minoritários.
Em casos
excepcionais, Araujo considera que o governo deve ter "sensibilidade"
a aumentos abruptos nos preços de combustíveis e adotar uma política pública
para amortecer as oscilações, mas com recursos do próprio governo, e não da
Petrobras. Como alternativa, ele defende reduzir tributos ou criar um fundo de
estabilização de preços, financiado com as receitas com royalties e de
participação especial que o governo recebe pela exploração do petróleo no país.
Apesar de o tema
ter entrado na pré-campanha eleitoral, Araujo diz não crer que Lula promoveria
mudanças substantivas a respeito. "Não acredito que Lula, se eleito, vá
mexer na política de preços da Petrobras. O partido já teve essa experiência em
um passado não muito diante, durante o governo da Dilma, de artificializar o
preço dos combustíveis, o que acarretou num prejuízo muito grande para a
Petrobras", afirma, mencionando reações de acionistas minoritários e
redução do interesse da iniciativa privada de investir no setor. "Não
acredito que o que está sendo debatido calorosamente na pré-campanha de fato se
concretize, seja com o presidente Lula ou com o presidente Bolsonaro."
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