A maior praça financeira da Região Norte amargou
retração tão drástica quanto histórica na balança comercial. Nem nos piores
pesadelos o Pará chegou a perder – ou deixou de ganhar – 8 bilhões de dólares
de um ano para outro, como ocorreu no ano passado em relação a 2021. Por
consequência, deixou de ser o quarto maior exportador para se tornar, agora, o
sétimo, sob risco de cair ainda mais.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé
Dudu, que analisou dados recém-divulgados pelo Ministério da Economia sobre a
balança comercial do país. Em 2022, o Pará transacionou 21,471 bilhões de
dólares em commodities, 28% abaixo dos 29,526 bilhões registrados de maneira recorde
no ano anterior.
Pelo desempenho abaixo do esperado, o estado
encerrou o ano atrás de São Paulo (69,383 bilhões), Rio de Janeiro (44,297
bilhões), Minas Gerais (40,03 bilhões), Mato Grosso (32,418 bilhões), Rio
Grande do Sul (22,422 bilhões) e Paraná (22,125 bilhões). O minério de ferro,
que tantas vezes levou o Pará à glória, foi o grande responsável pelo tombo,
tendo em vista a baixa do preço da tonelada na cotação internacional e, também,
o volume físico produzido aquém do esperado.
Parauapebas
e Canaã
Os dois maiores produtores de recursos minerais do
Brasil seguiram, no ano passado, entre os cinco maiores exportadores.
Parauapebas foi o terceiro e Canaã dos Carajás, o quinto. Mas há ressalvas: se
apresentarem desempenho este ano similar a 2022, é bem provável que terminem
2023 fora do grupo dos dez primeiros maiores exportadores.
Como o Blog do Zé Dudu havia previsto, a queda das
exportações seguiu o que se vira no recebimento da Compensação Financeira pela
Exploração Mineral (Cfem). De 2021 para 2022, as exportações da Capital do
Minério diminuíram 5,331 bilhões de dólares, passando de 12,353 bilhões para
7,022 bilhões, tombo de 43,2%.
Em Canaã, o cenário foi praticamente similar, já
que a Terra Prometida reportou encolhimento da ordem de 41%, tendo deixado de
exportar 4,017 bilhões de dólares. No ano passado, foram embarcados de Canaã
5,783 bilhões em commodities, muito menos que os 9,8 bilhões de 2021. Foi a
maior perda de valor da balança comercial do município desde que, em 2005, ele
passou a ser exportador oficialmente.
Com o desempenho tacanho, os dois paraenses líderes
da extração mineral entraram na mira da derrota nas exportações para as cidades
portuárias de Paranaguá (PR), Itajaí (SC) e Santos (SP), além de terem perdido
espaço para as cidades do Rio de Janeiro, que liderou as exportações com 22,097
bilhões (mais até que toda a exportação do Pará inteiro), e para a igualmente
fluminense cidade de Duque de Caxias, que transacionou 18,206 bilhões.
Barcarena
e Marabá
No ranking nacional, o município de Barcarena foi o
19º maior exportador, tendo movimentado 2,627 bilhões de dólares em 2022, 14,5%
acima dos embarques de 2021. Marabá, por seu turno, que já chegou a estar entre
os 20 maiores exportadores, rolou para a 43ª posição, já que viu suas
exportações caírem de 1,871 bilhão de dólares em 2021 para 1,561 bilhão em
2022, baixa de 16,6%.
Parauapebas, Canaã dos Carajás e Marabá, baluartes
da indústria extrativa mineral em suas modalidades, têm em comum, para além do
fato de simplesmente terem caído na balança comercial, a presença da mineradora
multinacional Vale, que tem sede de operações nesses municípios. Cada um deles
tem o produto dominante na cesta de exportações extraído pela Vale, que também
amargou queda no faturamento das operações no Pará ao longo de 2022,
derrubando, por tabela, o desempenho virtual dos municípios nas
estatísticas.
No conjunto dos cem principais municípios
exportadores, Parauapebas e Canaã dos Carajás tiveram o pior desempenho
negativo, o que, em breve, terá repercussões na contabilidade da produção de
riquezas de ambos.
ZE DUDU