Na festa dos 43 anos do PT, Haddad (centro) diz que entregou plano ao presidente (Foto: )
Brasília – Já está
na mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o plano apresentado pelo
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que define o novo salário mínimo e a
proposta que aumenta a faixa de isenção do Imposto de Renda. Segundo ele,
provavelmente os anúncios devem ser feitos antes ou logo após o carnaval.
Haddad declarou também que o “Programa Desenrola”, de renegociação de dívidas,
está perto de ser anunciado por Lula.
As declarações do ministro foram feitas durante a
reunião do diretório do Partido dos Trabalhadores, em Brasília, nesta
segunda-feira (13), momentos antes da festa de aniversário dos 43 anos de
fundação do partido.
No caso do Imposto de Renda, atualmente, é isento
quem tem um salário mensal menor do que R$ 1.900. Durante a campanha eleitoral,
Lula prometeu isentar rendas de até R$ 5 mil. O plano em discussão, no entanto,
avalia elevar esse patamar para dois salários mínimos (R$ 2.600), mas não foi
dito quando isso ocorrerá.
A questão do salário mínimo também vem sendo
debatida desde as eleições. No segundo turno, Lula prometeu reajustá-lo acima
da inflação para devolver o poder aquisitivo às famílias. “O povo sabe por que
está passando, o povo sabe que está desempregado. Portanto, eu me sinto muito à
vontade para repetir: não houve aumento do salário mínimo. Houve apenas uma
reposição inflacionária. E não houve aumento da merenda escolar,” disse.
Apesar de estar prevista no orçamento federal, a
correção do salário mínimo para R$ 1.320 foi postergada no final de janeiro,
assim, ficou valendo o montante de R$ 1.302. Na ocasião, o presidente assinou
um despacho para que os ministérios apresentassem, em 45 dias, uma proposta de
revisão do valor. “Estamos instituindo um grupo de trabalho que discutirá a
política de valorização do salário mínimo, igualmente como aconteceu em 2005,”
observou.
No último domingo (12), o ministro do Trabalho,
Luiz Marinho, afirmou que o reajuste acima de R$ 1.302 pode ter validade a
partir de maio, mês em que é comemorado o Dia do Trabalho: “Estamos discutindo
a busca de espaço fiscal para mudar o valor do salário mínimo ainda este ano.
Se houver espaço fiscal, nós haveremos de anunciar uma mudança para 1º de
maio”.
R$ 66 mil em premiações
Responsabilidade fiscal
Outro ponto citado por Haddad na reunião foi sobre
a proposta que altera a faixa de isenção do Imposto de Renda. Em janeiro, o
colega, ministro Luiz Marinho, disse que o governo vai observar a
responsabilidade fiscal para implementar a promessa de elevar a faixa de
isenção para R$ 5 mil, e indicou que será um processo gradual.
De acordo com cálculos do Sindicato dos Auditores
Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), a tabela do Imposto de Renda de Pessoa
Física (IRPF) registra defasagem de 148,1%. “Nossa constituição defende o
princípio da capacidade contributiva, que significa que quem ganha mais, deve
pagar mais imposto. A falta de correção da tabela é uma maneira de aumentar a
tributação para os mais pobres,” afirma Tiago Barbosa, vice-presidente do
sindicato.
O Sindifisco diz que, caso a correção total da
tabela fosse feita, estariam isentas do Imposto de Rendas as pessoas físicas
com renda tributável mensal inferior a R$ 4.683,95. A correção não é feita pelo
governo federal desde o ano de 2015.
Programa Desenrola
O programa Desenrola, divulgado durante evento da
Caixa na semana passada, prevê a renegociação das dívidas de quem tem renda
mensal de até dois salários mínimos. No evento, Haddad apontou que está se
preparando para apresentar ao presidente Lula o projeto de combate ao
superendividamento pós-pandemia. O ministro destacou que, de um total de 70
milhões de CPFs negativados atualmente, cerca de 50 milhões dizem respeito a
pessoas com renda de até dois salários mínimos, público alvo do programa.
Segundo ele, o programa pode alcançar até 100
milhões de brasileiros. “O ministro [da Casa Civil] Rui Costa vai nos convocar
a uma reunião com o presidente, para apresentar o Desenrola, que é um outro
programa que vai ter um alcance enorme”, disse o ministro. “Nós podemos ter 100
milhões de brasileiros porque um CPF negativado pode estar dialogando com uma
família de quatro, cinco pessoas”.
Por Val-André
Mutran – de Brasília