Se a MP não for prorrogada, o preço do litro da gasolina pode subir, de imediato, R$ 0,60 na bomba dos postos (Foto: )
Brasília – O governo
inicia a semana sob pressão, se prorroga ou não, pela segunda vez, a medida
provisória (MP) editada no início do ano, que desonera impostos incidentes
sobre o preço da gasolina e do etanol. A MP vence nesta terça-feira (28) e é a
mais urgente preocupação da área econômica.
Para discutir e encaminhar uma solução para o
assunto, o presidente Lula (PT) se reúne nesta segunda-feira (27) com o
ministro da Fazenda, Fernando Haddad; com o presidente da Petrobras, Jean Paul
Prates; e com o ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa.
Integrantes da ala política do núcleo duro do
governo defendem estender a validade da MP por dois meses, evitando assim uma
alta nos produtos e impacto numa inflação já elevada, enquanto a equipe
econômica liderada por Haddad defende a reoneração dos combustíveis.
Além da tributação, no encontro também serão
discutidas alterações na política de preços da Petrobras, medida vista como
alternativa para evitar que contribuintes tenham de pagar mais caro para
abastecer seus veículos. A cadeia logística do país depende fortemente da
estabilização de preços dos combustíveis, especialmente o diesel. Qualquer
aumento de preços no setor, dispara um efeito dominó de aumento de preços
devido o preço do frete, essencialmente rodoviário, cobrado no país.
A expectativa de integrantes do governo é de que a
reunião sele um acordo sobre o tema, que precisa de definição, já que a MP que
garante a desoneração perde a validade amanhã. O encontro será hoje
porque Fernando Haddad estava na Índia, participando de reunião do G20 e
retornou ao Brasil no final da tarde de sábado.
Na pauta da conversa está também uma solução
intermediária para a questão tributária, com uma elevação inferior à alíquota
cheia, possibilidade estudada pelos técnicos da Fazenda e que será apresentada
ao presidente Lula.
A alteração na política de preços da Petrobras, que
mantém paridade com o mercado externo, seria uma forma de absorver parte dessa
elevação do preço nas bombas. O que vem sendo estudado é a manutenção da
cotação internacional como referência, mas levando em conta o preço da produção
nacional e da importação.
Um aumento integral dos impostos sobre combustíveis
representaria impacto de R$ 0,69 por litro de gasolina, enquanto a Petrobras só
teria uma margem para reduzir algo em torno de R$ 0,20.
A desoneração representa perda de receita em
momento de restrição fiscal. O impacto para gasolina e álcool é estimado em
cerca de R$ 3 bilhões por mês. Integrantes da Fazenda argumentam que o custo é
maior do que os gastos com o reajuste do salário mínimo e da faixa de isenção
do Imposto de Renda, somados.
A reoneração também ajudaria a reduzir o rombo das
contas públicas neste ano, que é estimado em R$ 230 bilhões. Prorrogar a medida
custaria R$ 28,8 bilhões até o fim do ano.
Compromissos de campanha
No início do governo, Lula editou medida provisória
mantendo os impostos zerados (PIS/Cofins e Cide) sobre combustíveis, regra em
vigor pela gestão de Jair Bolsonaro (PL) até 31 de dezembro de 2022. Enquanto
os impostos sobre gasolina, etanol, querosene de aviação e GNV foram reduzidos
até o dia 28 de fevereiro, os que incidem sobre diesel e gás de cozinha
continuarão zerados até 31 de dezembro deste ano. O governo busca uma solução
temporária para a gasolina e o álcool combustível.
Reportagem: Val-André
Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.