Por
Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília
:
A
unificação de vários tributos no Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) não trará
perda de arrecadação aos municípios, disse nesta segunda-feira (13) o ministro
da Fazenda, Fernando Haddad. Ele participou de debate sobre a reforma
tributária promovido pela Frente Nacional dos Prefeitos (FNP).
O
ministro repetiu declarações recentes de que o IBS, que funciona como um tipo
de Imposto sobre Valor Adicionado (IVA), não diminuirá as receitas de 90% das
prefeituras. Haddad reiterou que o IVA é o modelo mais adotado no planeta, além
de trazer mais simplicidade e transparência ao sistema tributário.
“Quando
proponho o IVA, que pode ser dual [um para a União e outro para os estados e
municípios] ou não, é um tributo transparente, justo e simples. O IVA não vai
diminuir em nada a arrecadação dos municípios; 90% vai ficar exatamente no
mesmo lugar, pois será cobrado no destino [local de consumo das mercadorias]”,
declarou o ministro.
Haddad
ressaltou que o debate sobre o impacto da reforma tributária nos municípios
está sendo afetado por ruídos. “Estão criando fantasmas que devem ser
enfrentados no diálogo franco. Estou aqui para resolver o problema do país, não
o problema da União”, disse.
O
ministro comparou a criação do IBS ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica (Fundeb). Segundo o ministro, desde a introdução do fundo, em
2003, a carga tributária não aumentou, só havendo pequenos ajustes. “Há uma
desorganização do ICMS e também dos tributos federais”, disse.
Histórico
As
duas propostas de emenda à Constituição (PEC) da reforma tributária, a PEC 45
(da Câmara) e a PEC 110 (do Senado), preveem a unificação de diversos
tributos no IBS. A proposta da
Câmara reúne duas contribuições – o Programa de Integração Social (PIS) e a
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) – e três
impostos – o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto sobre a
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços (ISS).
A
proposta do Senado cria dois tributos: a Contribuição sobre Bens e Serviços
(CBS), que ficaria com a União, e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). A CBS
substituiria a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins),
o Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Formação do Patrimônio do
Servidor Público (Pasep).
O
Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) substituiria o Imposto sobre a Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS), arrecadado pelos estados, e o Imposto sobre
Serviço (ISS), de responsabilidade dos municípios. A proposta não unificou o
Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), a Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico (Cide) e o salário-educação no novo tributo federal.
Atualmente,
as contribuições ficam inteiramente com a União, o IPI é partilhado entre União
e governos locais, o ICMS fica com os estados; e o ISS, com os municípios. A
Frente Nacional dos Prefeitos, entidade que representa 415 grandes e médios
municípios, é contra a criação do IBS. A entidade defende a PEC 46/2022, de
autoria do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), que unificaria apenas as
legislações para o ICMS e o ISS, mas manteria a autonomia das prefeituras e dos
governos estaduais para estabelecer as alíquotas e administrar a arrecadação.
Simples Nacional
O
ministro da Fazenda negou que pequenos comerciantes serão prejudicados com a
criação do IBS. Haddad reiterou que os negócios enquadrados no Simples Nacional
não serão abrangidos nessa fase da reforma tributária. Segundo o ministro, a
aprovação da reforma poderá impulsionar a reindustrialização do país e trazer
impacto de até 20% do PIB.
“Queremos
reindustrializar o país, e esse setor será beneficiado, sim. Essa reforma tem
impacto de 20% do PIB. Ela está indo no caminho certo. Qualquer economista
sabe”, disse.
Na
saída do encontro, Haddad reafirmou que uma eventual desoneração definitiva da
folha de pagamento será discutida apenas no segundo semestre, tramitando junto
com a reforma do Imposto de Renda.
Edição:
Fernando Fraga

