Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante (Foto: )
Brasília – O presidente do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante,
anunciou, ontem, segunda-feira (17), uma linha de crédito especial para
microempreendedores individuais (MEIs), além de micro, pequenos e médios
empresários. A instituição aprovou também uma linha de crédito rural em dólar
para produtores rurais agroexportadores.
A linha
contará com 2 anos de carência e os usuários terão até 120 meses para pagar o
financiamento. A medida será publicada oficialmente nesta terça-feira, 18, e
será disponibilizada em maio pelos 77 bancos credenciados pelo BNDES.
De acordo
com o comunicado, serão R$ 21 bilhões para MEIs e pequenas e médias empresas. A
vantagem é que o banco garante até 80% do risco da operação. Já no setor rural,
a expectativa é de potencial de crédito superior a R$ 2 bilhões por ano. O
banco de fomento vai repassar os recursos para cerca de 77 parceiros, mas
também poderá operar diretamente.
“Como a
gente garante o risco, ajudamos a diminuir a crise de confiança para que
empresários possam ter mais crédito e capacidade de investimentos”, comentou
Mercadante. A linha usará a Taxa de Longo Prazo do banco.
Crédito rural em dólar mais
competitivo para o setor agroexportador
O board (Conselho
de Administração) do BNDES aprovou o uso de uma taxa fixa, em dólares
americanos, para operações no âmbito do produto BNDES Crédito Rural para a
aquisição de máquinas e equipamento agrícolas. O objetivo é ampliar e
diversificar alternativas de crédito agropecuário a custos mais competitivos
para esse segmento, intensivamente exportador.
Atualmente,
o produtor rural conta com três tipos de custos financeiros básicos na formação
da taxa final para o financiamento do BNDES Crédito Rural: Taxa Selic, TLP
(Taxa de longo prazo do BNDES) ou a Taxa Fixa do BNDES. Com a criação de uma
linha com taxa fixa em dólares, a expectativa é de potencial de crédito
superior a R$ 2 bilhões por ano para operações que utilizem esse custo
financeiro. A novidade deve contribuir para a ampliação da mecanização,
renovação e atualização tecnológica da frota de tratores e colheitadeiras
agrícolas, viabilizando maior produtividade no campo, estima o banco.
Aloizio
Mercadante destacou que, para receber o crédito rural em dólar, o agricultor
tem que apresentar recebíveis em dólar. “Não queremos transferir risco cambial
para o agricultor. É uma condição muito favorável, fixa, que permite
planejamento e segurança. Queremos uma agricultura inovadora, digital, de
precisão, para reduzir custos e riscos. Temos um caminho muito promissor, para
um setor que exportou R$ 159 bilhões no ano passado. A força do Brasil na
questão ambiental e presença do presidente Lula abre portas para que surjam
mais soluções e mercados sejam abertos”.
“É uma taxa
muito abaixo da Selic. Estamos falando de Selic -6%. É uma taxa de juros muito
baixa, mas ela só vai poder ser assim para quem tem receita em dólar. Quem não
tem, não pode usar essa linha porque nós não queremos transferir para o
produtor o risco da variação do câmbio”, esclareceu Mercadante.
O ministro
da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou que o Brasil voltou ao
cenário internacional e a demanda é muito grande, o que gera oportunidades para
vender mais, gerando empregos no País. “Precisamos buscar alternativa de
custos, a equipe do BNDES entendeu a lógica e essa linha vem solucionar essa
demanda para o exportador sem gerar custos para o Tesouro Nacional“, concluiu.
“Encontramos
uma situação que se encaixava perfeitamente para produtores com recebíveis em
dólar. Aproveitando um bom momento para captações internacionais em que o BNDES
preserva seus ganhos normais e pode oferecer uma taxa fixa mais barata, em
7,59% ao ano, mais variação cambial, para aquisição de máquinas e implementos
para atividade agropecuária”, esclareceu o diretor financeiro do BNDES,
Alexandre Abreu.
A nova linha
contará com prazos totais que vão desde 25 a 120 meses e prazo de carência de
até 24 meses. Além disso, essa nova solução financeira partirá de um custo
final ao produtor rural em torno de 7,59% ao ano, acrescido da variação
cambial, que é extremamente competitivo se comparado a soluções semelhantes
disponíveis no mercado.
Para obter
o financiamento, o produtor rural deve buscar um dos agentes financeiros credenciados ao BNDES, que atualmente conta com mais
de 70 instituições, entre bancos públicos e privados, bancos de desenvolvimento
regionais, bancos cooperativos e cooperativas de crédito, além de bancos de
montadoras. No site do BNDES, é possível observar
estatísticas dos principais agentes financeiros que operam a linha de crédito
rural.
Criado em
2020, o BNDES Crédito Rural é um produto financeiro não subsidiado que utiliza
recursos do BNDES de forma complementar aos Programas Agropecuários do Governo
Federal (PAGF). Os PAGF contam com recursos equalizáveis do Tesouro Nacional e
são objeto de alta demanda por parte do setor agrícola brasileiro, o que
ocasiona rápido consumo do orçamento. Como o BNDES Crédito Rural não é passível
de equalização, atua de forma a tornar o funding (financiamento)
mais estável e previsível para o setor, que poderá contar com a nova modalidade
com recursos captados em moeda estrangeira. A expectativa é de que o BNDES
Crédito Agrícola em Dólar esteja disponível para os clientes nos agentes
financeiros a partir de maio.
“Com mais
esse fortalecimento da política de crédito, o BNDES segue na direção de maior
intensificação da produção, adoção de boas práticas e sustentabilidade
contribuindo para o avanço do país em questões econômicas, sociais e
ambientais”, disse Mercadante.
O BNDES
Crédito Rural já aprovou, em três anos, R$ 11,2 bilhões em crédito em mais de
25 mil operações, com a participação de 20 agentes financeiros (bancos e
cooperativas de crédito). Cerca de 98% das operações aprovadas no âmbito do
BNDES Crédito Rural são para micro, pequenas e médias empresas, o que
representa 90% do valor total financiado.
Agricultura
“A
estratégia de atuação do BNDES na agricultura tem focado no apoio a investimentos
que gerem aumento da produtividade e sustentabilidade por meio da difusão de
novas tecnologias, e assim, contribuir para a ampliação da segurança alimentar,
energética e das exportações”, informou o banco em nota.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.