O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), no Palácio do Planalto. Duran (Foto: )
O mercado
não recebeu bem o anúncio, nesta segunda-feira (22), do programa de R$ 300
bilhões em financiamentos até 2026 para viabilizar o “Nova Indústria Brasil” –
novo plano do Executivo para incentivar a indústria. Desse valor, R$ 106 bilhões
já haviam sido anunciados ainda na primeira reunião do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Industrial (CNDI), em julho do ano passado.
No anúncio
de hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “para se
tornar mais competitivo, o Brasil tem de financiar algumas das coisas que ele
quer exportar”, e completou: “Essa reunião mostra que, finalmente, o Brasil
juntou um grupo de pessoas que vai fazer com que aconteça uma política
industrial”.
Caberá ao
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), à Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep) e à Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação
Industrial (Embrapii) a gestão dos R$ 300 bilhões em financiamentos previstos
até 2026. Esses valores serão disponibilizados por meio de “linhas específicas,
não reembolsáveis ou reembolsáveis, e recursos por meio de mercado de capitais,
em alinhamento aos objetivos e prioridades das missões para promover a
neoindustrialização nacional.”
O governo
explica que, do total de recursos, R$ 20 bilhões serão não-reembolsáveis (com o
governo compartilhando com empresas custos e riscos de atividades de pesquisa,
desenvolvimento e inovação), e que caberá à Finep lançar 11 chamadas públicas,
no valor total de R$ 2,1 bilhões.
Indústria
na Reforma Tributária
O incentivo
à indústria está alinhado às mudanças previstas pela Reforma tributaria
aprovada pelo Congresso Nacional em 15 de dezembro de 2023. De acordo com
especialistas, o novo sistema tributário privilegia a indústria em detrimento a
serviços e comércios. A ideia, como diz o próprio relator do texto, Reginaldo
Lopes (PT-MG), é que a indústria é muito onerada pelo atual sistema e as
mudanças na legislação vêm para reequilibrá-lo.
O que é o
Nova Indústria Brasil (NIB)?
O plano
tem, como centro, metas e ações que, até 2033, pretendem estimular o
desenvolvimento do país por meio de estímulos à inovação e à sustentabilidade
em áreas estratégicas para investimento.
Tudo a
partir, segundo o Planalto, de um “amplo diálogo entre o governo e o setor
produtivo”, em direção à chamada neoindustrialização — modernização e evolução
da indústria. O texto da NIB foi oficialmente apresentado ao presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva, nesta segunda-feira (22), pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI).
O efeito
foi imeditado: o Ibovespa fechou em queda. A principal referência da B3
terminou o dia em baixa de 0,81%, aos 126.601,55 pontos, após oscilar entre
máxima a 127.842,59 pontos e mínima a 125.875,65 pontos.
O texto do
programa Nova Indústria Brasil (NIB), política para o desenvolvimento
industrial, com R$ 300 bilhões destinados para financiamentos até 2026, sendo
R$ 250 bilhões mobilizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES). “É uma quantia considerável. Sabemos como isso foi feito no
passado. Gera problemas, riscos fiscais, alocação de recursos e deixa o
investidor reticente não só por causa do risco fiscal, mas por indicar
intervencionismo”, destacou o economista Silvio Campos Neto, sócio da
Tendências Consultoria, ao comentar o programa.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente
do Blog do Zé Dudu em Brasília.