Impostações de até US$ 50,00 podem ser taxadas integralmente (Foto: )
Emparedados
pela péssima repercussão, entre as classes de consumo C, D e E, da taxação de
compras de até US$ 50 (R$ 257,93, na cotação desta terça-feira, 28) em sites
internacionais como AliExpress, Amazon, Shopee, Shein, entre outros,
congressistas, antes favoráveis à cobrança começam a reavaliar essa posição.
Ainda não há uma saída, mas ideia que prevalece é a apresentação de um projeto
de lei específico para tratar do assunto, que virou polêmica.
A sugestão
de escalonar progressivamente a taxação de compras de até US$ 50 é a que ganhou
mais força entre os deputados. A opção foi dada em reunião de líderes da
Câmara, mas continua em fase inicial.
O fim da
isenção da taxação das compras internacionais está incluído no projeto de lei
sobre o Programa de Mobilidade Verde (Mover). A expectativa é de que o texto
seja votado na Câmara e no Senado ainda nesta semana, pois a medida provisória
(MP) que deu origem ao programa, que tem o mesmo conteúdo do projeto de lei,
perde a validade na sexta-feira (31).
O maior
impasse entre os deputados é justamente o “jabuti” (trecho sem relação com o
projeto inicial) que derruba a isenção de imposto de importação em compras até
US$ 50.
Lula é contra a taxação?
Alertada do
estrago que a medida pode causar na imagem de Lula, a primeira-dama Rosângela
da Silva, popularmente conhecida como Janja, explicou ao presidente que a
compra de “blusinhas” nos sites estrangeiros é uma alternativa barata para as
pessoas de baixa renda, mesmo após a adesão dessas empresas ao programa Remessa
Conforme, que estabelece tratamento aduaneiro mais célere e econômico para
empresas de comércio eletrônico.
Quem não
gostou da medida foram as empresas da indústria nacional, que alegam prejuízos
bilionários contra o que chamam de concorrência desleal no pagamento de
tributos.
Lula já
tomou sua decisão. Na última quinta-feira (23), ele disse que vetaria a
proposta caso ela fosse à sanção com o fim da isenção. Entretanto, indicou um
meio-termo com deputados e senadores.
Questionado
sobre se poderia aceitar uma taxação reduzida para esse tipo de compra, Lula
disse ser preciso “encontrar um jeito de não tentar ajudar uns prejudicando os
outros”. Afirmou querer “uma coisa uniforme” e que está disposto a conversar
para encontrar uma saída.
Há uma
divergência dentro do próprio governo sobre o assunto. A equipe econômica
defende o fim da isenção para aumentar a arrecadação, mas Lula mudou de
opinião. Em março, disse que não era possível aceitar que as pessoas vendessem
coisas para o Brasil sem pagar impostos.
Novo projeto para a “taxa da
blusinha”
Se na
semana passada a maioria dos líderes partidários defendia a “taxa da blusinha”,
o clima mudou na segunda-feira (27), após movimento que contou com a
participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Nesta terça, líderes
partidários já admitem que a iniciativa perdeu força e que o melhor é realmente
aceitar a proposta do governo federal e analisar a “taxa da blusinha” em um
projeto de lei separado.
A atuação
de Haddad foi crucial. O ministro, que antes se esquivava do assunto, passou a
defender que o tema foi polarizado e que é necessário discuti-lo de maneira
técnica. O compromisso do ministro em retomar o debate arrefeceu os ânimos
contra o governo federal, de acordo líderes partidários.
A decisão
sobre retirar o fim da isenção do Mover será tomada em reunião, no início da
tarde, com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). A
condição defendida na Casa Legislativa é de que o Ministério da Fazenda envie,
ainda em junho, um projeto de lei para taxar as compras internacionais.
A mudança
de rumo também se deu por conta do Senado. No fim de semana, senadores
governistas iniciaram movimento de suprimir a “taxa da blusinha” do Mover, caso
ela fosse aprovada pela Câmara dos Deputados.
O
diagnóstico foi o de que, no fim das contas, a Câmara levaria todo o ônus de
criar um imposto que prejudicaria a classe média e as pessoas mais pobres que
fazem compras nesse sites devido ao preço mais baixo, mesmo pagando os impostos
estaduais e, em muitos casos, o frete da China ao Brasil.
Por Val-André Mutran – de Brasília