Na manhã desta sexta-feira (10), a Federação das Indústrias
do Estado do Pará (FIEPA) reuniu representantes do setor produtivo para
apresentação e discussão da Lei Estadual 10.837/2024, que altera dispositivos
relacionados ao Fundo de Desenvolvimento Econômico do Estado do Pará (FDE).
Instituído pela Lei nº 5.674/1991, o fundo tem como objetivo fomentar
investimentos em infraestrutura, mas passa a incluir novas categorias de
contribuição, impactando especialmente os setores de mineração e agropecuário.
Com a nova redação, a legislação divide as categorias de
contribuintes. O segmento de mineração, já participante, mantém as condições de
arrecadação, enquanto o agropecuário passa a ser incluído como contribuinte,
conforme disposto no artigo 3º-K e no Anexo II da lei. A base de cálculo da
contribuição para o setor agropecuário é vinculada a produtos exportados, como
carne e soja, seguindo valores estabelecidos na Unidade Padrão Fiscal do Estado
(UPF-PA).
A inclusão do segmento agropecuário, que antes não era
tributado pelo fundo, gerou debates sobre a constitucionalidade da medida. A
análise jurídica destaca que a ampliação da base de incidência pode contrariar
a Emenda Constitucional 132/23, que congelou as condições de contribuição
vigentes em abril de 2023. Os advogados também mencionaram um precedente do
Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou inconstitucional uma medida
similar no estado do Tocantins, alegando imunidade das exportações previstas na
Constituição Federal.
A FIEPA manifestou preocupação sobre os reflexos da nova
legislação. “As alterações podem representar um ônus adicional para empresas
que já enfrentam desafios relacionados à competitividade e tributação, além de
trazer possíveis implicações sobre incentivos fiscais concedidos a empresas, o
que pode afetar diretamente a viabilidade de projetos econômicos no estado,”
destacou Clóvis Carneiro, vice-presidente executivo da entidade.
Agora, a Federação buscará a construção de um diálogo
propositivo entre o setor produtivo, o governo estadual e a Assembleia
Legislativa. “A proposta é que esse debate seja pautado por dados técnicos e
econômicos que evidenciem os impactos negativos da norma sobre a
competitividade e o desenvolvimento das empresas. Reforçamos a importância de
buscar ajustes que preservem a viabilidade econômica dos setores atingidos, sem
comprometer os objetivos do Fundo de Desenvolvimento Econômico,” conclui o
presidente do Conselho Temático de Infraestrutura (COINFRA/FIEPA) e do Centro
das Indústrias do Pará (CIP), José Maria Mendonça.