Polícia Federal apreendeu R$ 750 mil durante operação que investiga
fraudes na compra de respiradores no Pará. — Foto: Polícia Federal
O Governo do Estado do Pará exonerou
no final da manhã desta quarta-feira (10) o secretário adjunto de gestão
administrativa de Saúde, Peter Cassol. A decisão foi anunciada após a Polícia Federal deflagrar a Operação Bellum,
para investigar fraudes na compra de respiradores pelo estado.
Foram apreendidos R$ 750 mil que,
segundo fontes do G1, estariam na casa do agora
ex-secretario. O montante estaria embalado em páginas de jornal e escondido
dentro de uma caixa térmica. Peter Cassol foi alvo de mandado de busca e
apreensão, expedidos pela pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) com base em
pedido da Procuradoria Geral da República (PGR). O G1 entrou em
contato com a defesa do ex-secretário e aguarda posicionamento.
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Polícia Federal apreende R$ 750 mil na Operação Bellum
Além de Cassol, também foram alvos de
mandados de busca o governador Helder Barbalho (MDB) e o presidente do Conselho
Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame. Além deles,
outras onze pessoas são alvos.
Em rede social, o governador Helder
Barbalho afirmou que agiu a tempo e "os recursos foram devolvidos aos
cofres do estado". Em nota oficial, o governo do estado afirmou que apoia
a ação de PF e também destacou o ressarcimento dos recursos. O G1 entrou em
contato com Alberto Beltrame, com o Conass e com os demais alvos, mas não
obteve resposta até por volta de 12h20. (Veja
detalhes ao final da reportagem)
Mais de R$ 700 mil foram encontrados na casa do secretário adjunto de
gestão administrativa da secretaria de saúde do Pará — Foto: Divulgação
PF vê ligação entre
Helder e empresário
As buscas desta quarta-feira foram
realizadas nas residências dos investigados, em empresas e, também, no Palácio
dos Despachos - sede do governo do Pará - e nas secretarias estaduais de Saúde,
Fazenda e Casa Civil do Pará.
Indícios levantados pela PGR apontam
que o governador tem relação próxima com o
empresário responsável pela concretização do negócio. As investigações
apontam, ainda, que ele sabia da divergência dos produtos comprados e da carga
de ventiladores pulmonares inadequados para o tratamento da Covid-19 que foi
entregue ao estado.
Além do contrato dos respiradores, a
organização ligada a este empresário foi favorecida com uma outra contratação
milionária, cujo pagamento também foi feito de forma antecipada, no valor de R$
4,2 milhões.
Bloqueio de bens e
indícios de fraude e prevaricação
23 mandatos de busca e apreensão foram cumpridos — Foto:
Reprodução/Polícia Federal do Pará
A TV Globo teve acesso ao despacho do
ministro do STJ Francisco Falcão, que autorizou a operação da PF. Para
Falcão, sobram indícios de prática de fraude
a licitação e prevaricação pelo governador. O crime de
prevaricação ocorre quando um servidor público deixa de agir como deveria ou
age de forma ilícita em busca de benefício próprio.
O ministro do STJ também aponta que
ainda não se pode afastar possível ato de corrupção. Falcão afirmou, ainda, que
as investigações mostraram o pagamento antecipado de R$ 25,2 milhões por
equipamentos "imprestáveis para uso".
Na decisão, o ministro também
decretou o bloqueio bens de Barbalho, Beltrame e empresários. Foram declarados
indisponíveis imóveis, embarcações, aeronaves e de dinheiro, em depósito ou
aplicação financeira, no valor de R$ 25,2 milhões.
O que dizem os
investigados
Em uma rede social, o governador
Helder Barbalho disse que está tranquilo e à disposição para qualquer
esclarecimento. Segundo ele, os recursos foram devolvidos aos cofres públicos.
"Agi
a tempo de evitar danos ao erário público, já que os recursos foram devolvidos
aos cofres do estado. Por minha determinação o pagamento de outros equipamentos
para a mesma empresa está bloqueado e o Governo entrou na justiça pleiteando
indenização por danos morais coletivos contras os fornecedores. Por fim,
esclareço que não sou amigo do empresário e, obviamente, não sabia que os
respiradores não funcionariam", disse Helder.
Em nota, o governo do estado diz que
"reafirma seu compromisso de sempre apoiar a Polícia Federal no
cumprimento de seu papel em sua esfera de ação" e destaca que o "recurso pago na entrada da
compra dos respiradores foi ressarcido aos cofres públicos por ação do Governo
do Estado". O governo também afirma que "entrou na Justiça com pedido de
indenização por danos morais coletivos contra os vendedores dos
equipamentos."