Crédito: Bruno Cecim e Ascom PF (Foto: )
A Polícia Federal (PF) cumpriu na manhã desta quarta-feira,
10, mandado de busca e apreensão no Palácio do Governo, em Belém, na casa
de Helder Barbalho, em empresas, nas secretarias de Estado de Saúde, Fazenda e
Casa Civil do Estado do Pará. A operação apura fraudes na compra de
respiradores pulmonares com valor de R$ 50,4 milhões de reais. As
investigações fazem parte da operação "PARA BELLUM" e foi
desencadeada em razão do cumprimento de determinação do Ministro do STJ
Francisco Falcão.
Durante a investigação foram encontrados indícios que o negócio ocorreu
de forma fraudulenta. As informações obtidas pela PF corroboram para
existência de uma associação criminosa que, durante da pandemia da Covid-19,
encontrou oportunidade para obter indevidamente vultosos valores com a venda de
material e equipamento médico/hospitalar para entes públicos.
Conforme restou demonstrado por meio de prova pericial, o contrato
administrativo celebrado entre o Governo do Estado do Pará e a empresa
vendedora dos equipamentos apresenta inobservância de formalidades
imprescindíveis para atos administrativos, tais como: ausência de data de
celebração do contrato, ausência de qualificação do representante do Governo do
Estado do Pará e da contratada, ausência das assinaturas das testemunhas,
ausência de certidões de regularidade junto à seguridade social da empresa, juntada
de documentos extemporâneos, os quais sinalização a montagem posterior do
procedimento com a finalidade de dotar de aparência legal, a exemplo da
Certidão de Regularidade do FGTS – CRF, emitida em 01/05/2020, sendo que o
procedimento licitatório ocorreu em março.
A perícia constatou ainda, que a empresa não detinha habilitação técnica
compatível com o objeto licitado. Dessa forma, foi possível estabelecer a
ausência de fundamentação plausível a justificar a escolha da empresa
investigada. Não bastasse, verificou-se sobrepreço do valor
comercializado de até 86,60%, considerando o preço médio dos respiradores
vendidos no mercado.
Obervou-se também indicativos de vínculo anterior entre o representante
da empresa investigada e o governador do Estado do Pará, Helder Barbalho,
materializados através de trocas de mensagens que se seguiram ao longo dos anos
de 2018, 2019 e 2020.
A investigação também aponta para a existência de uma garantia prévia de
isenção de ICMS à empresa investigada, inclusive com trocas de mensagens
referentes à minuta de decreto de isenção antes da publicação no Diário Oficial
do Estado (Decreto n° 718 de 29 de abril de 2020).
Observou-se também pelo teor das mensagens, que durante a execução
contratual o gestor estadual teve conhecimento tanto dos atrasos da chegada dos
equipamentos, quanto da troca do modelo de ventiladores pulmonares a serem
entregues.
Durante a execução das diligências de hoje foram apreendidos documentos
relacionados ao procedimento licitatório, trocas de e-mails, computadores e
smartphones pertencentes aos envolvidos.
Também houve a apreensão na posse dos investigados de 01 (um) veículo de
luxo, valores em espécie que totalizam cerca de R$ 840.000,00 (oitocentos e
quarenta mil reais) em espécie e R$ 1.195.728,51 (um milhão cento e noventa e
cinco mil setecentos e vinte e oito reais e cinquenta e um centavos) em cheques
e notas promissórias.
Os crimes investigados são: fraude à licitação (art. 89, 96 e 97 da Lei
nº 8.666/93), falsidade documental e ideológica (art. 297 e 299 do CP (art. 297
do CP), corrupção ativa e passiva (art. 333 e 317 do Código Penal),
prevaricação (art. 319 do Código Penal) e lavagem de dinheiro (art. 1º, §4º da
Lei nº 9.613/98).
Fonte: Ascom/PF