Uma nota assinada por 12 Entidades de Defesa dos
Direitos Humanos exige rigorosa apuração e punição para os autores de um
estupro coletivo ocorrido no dia 14 de agosto de 2020 contra uma jovem, pobre e
negra, em São Félix do Xingu, no sudeste paraense. O documento foi divulgado
nesta quinta-feira, 10, pela OAB-PA.
De acordo com a nota de repúdio, integrantes de
famílias poderosas política e financeiramente de São Félix do Xingu e até uma
pessoa investigada por assassinato teriam participado do crime. “A violência
contra a mulher é um dos grandes males do nosso século e o enfrentamento deve
ser obrigação de toda a sociedade, que não deve tolerar a perpetuação de
comportamentos criminosos, machistas e misóginos, na contramão do processo
civilizatório. Trata-se, pois, de ato desumano e humilhante, que tem atingido
violenta e reiteradamente as mulheres, que tem seu corpo, direitos e dignidade
violados sistematicamente”, destaca o documento.
O pedido é para que as autoridades policiais e o
Governo do Estado garantem suporte e apoio aos delegados e promotores que estão
apurando os fatos. A preocupação é com as ameaças que supostos agressores
estariam fazendo contra a vítima e até oferta de dinheiro para silenciar as
pessoas. “São ameaças de morte explícitas contra a vítima e sua família,
pressões tão insuportáveis, a ponto de a vítima ter de sair da cidade, com medo
de morrer”, descreve a nota.
As entidades chamam a atenção da Polícia Civil e do
Ministério Público Estadual para a luta por prevenção, punição e erradicação de
todas as formas de violência contra a mulher. “É dever do Estado, conforme
prevê a Convenção de Belém do Pará e a Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha),
sendo dever comum, de todas as instituições, o enfrentamento, também como
medida de combate ao machismo estrutural na efetivação dos direitos
constitucionalmente garantidos”.
A nota enfatiza que, após a comprovação das
autorias do estupro coletivo, é necessária a aplicação de punições severas, com
a responsabilização de todos os envolvidos no crime.
“Que este caso possa ter caráter pedagógico e
servir de exemplo a todos aqueles que transitam nos limites da lei, cometendo
violações de direitos humanos em múltiplos aspectos e variadas dimensões,
sobretudo, massacrando mulheres, em atos de violência generalizada,
utilizando-se da violência sexual como forma atroz de dominação e subjugação”,
encerra a nota.
Entidades
O documento foi encaminhado ao Secretário de
Segurança Pública do Estado do Pará, ao Delegado Geral da Polícia Civil e ao
Procurador Geral do Estado do Pará.
A nota foi assinada pela Comissão de Direitos
Humanos da OAB/PA; a Sociedade Paraense de Direitos Humanos (SDDH); Projeto
Marias do Amor; Instituto Paulo Fonteles de Direitos Humanos; Comissão de
Direitos Humanos da OAB/ Xinguara; Grupo de Mulheres Brasileiras (GMB);
Movimento Mulheres do Campo e da Cidade (MMCC/PA); Movimento de Mulheres da
Amazônia (MAMA); Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH); Centro de
Estudos e Defesa do Negro e da Negra do Estado do Pará (CEDENPA); Rede de
Advogadas e Advogados Populares (RENAP/PA) e; Movimento Humanos Direitos
(MHuD).