Danos ambientais provocados já são visíveis no meio da floresta (Foto: MPF) (Foto: )
Brasília – Atendendo
ordem judicial após investigação e denúncia formulada por procuradores do
Ministério Público Federal (MPF), policiais federais estão se deslocando para o
Oeste do Pará para desencadear mais uma operação para o combate a garimpos
ilegais na região de Munduruku – sobretudo ao longo da cabeceira do rio
Kabitutu, dentro da Reserva Indígena de mesmo nome.
A nova ação ocorre dois dias após a força policial
ter informado outra operação com o objetivo de reprimir a prática ilegal de
garimpo no Rio Boia e afluentes, em Jutaí (AM).
Desta vez, as investigações do MPF indicam a
existência de aliciamento de integrantes de comunidades indígenas para
participar do ato criminoso.
A ação tramita na Justiça Federal da Subseção
Judiciária de Itaituba. De acordo com os investigadores, há também a
participação de pessoas ligadas à regional da Fundação Nacional do Índio
(Funai) no esquema de extração ilegal dos garimpos, para que o material deixe o
país pela fronteira com a República Cooperativa da Guiana na fronteira norte do
país.
Há vários anos, a região é alvo de constantes
fiscalizações por parte de autoridades federais, contudo, conforme aponta o
MPF, a prática cresceu durante a pandemia do novo coronavírus. Agentes federais
estão acampados na base do Exército e dentro da mata, no sul do Pará, a oeste
de BR-163, região de Castelo dos Sonhos, distrito localizado há quase mil
quilômetros da sede do município de Altamira.
“Para além do aliciamento, os relatos colhidos dão
conta de que a exploração mineral ilegal no rio Kaburuá tem ocorrido de modo
consorciado entre mineradores não indígenas e indígenas, conforme
representações dos próprios indígenas,” registra trecho da ação civil pública
acatada pela justiça.
“Alguns dos indígenas pró-garimpo, além de
organizarem a atividade, exercem pressão sobre membros da própria etnia
Munduruku, por vezes mediante ameaça, para forçar a aceitação da mineração
ilegal ou silenciar aqueles que são contrários,” diz.
Por Val-André
Mutran