Hospital Galileu no Pará é administrado pela OS Pró-Saúde (Foto: )
Justiça do Pará bloqueia R$ 14,5 mi de secretários
e mais 9 por fraudes na Saúde.
O juiz Luiz Otávio Oliveira Moreira, respondendo
pela 4ª Vara da Fazenda Pública do Pará, determinou na última terça-feira, 27,
o bloqueio de até R$ 14,5 milhões em bens da deputada estadual Heloísa Guimarães
(DEM) e do médico Vitor Mateus, secretários de Saúde da gestão do ex-governador
tucano Simão Jatene (2011-2018), e de outras nove pessoas que respondem a uma
ação por improbidade ajuizada pelo Ministério Público do Estado. O grupo é
processado por suspeita de participação em supostas irregularidades em
contratos para a administração do Hospital Galileu, em Belém, que teriam
causado prejuízos correspondentes ao valor bloqueado pela Justiça.
Além dos ex-secretários, a decisão se estende a
membros do corpo diretivo da Pró-Saúde, organização social contratada pelo
governo do Pará para gerenciar o hospital, e a diretores das áreas financeira,
técnica e clínica da unidade de saúde.
A liminar atende a um pedido apresentado pela
promotora Helena Maria Oliveira Muniz Gomes, da 2ª Promotoria de Tutela de
Fundações Privadas, Associações de Interesse Social, Falência e Recuperação
Judicial e Extrajudicial de Belém.
A investigação que levou ao processo teve início no
final do ano passado a partir de procedimentos administrativos instaurados dois
anos antes para analisar a contabilidade da Pró-Saúde. No curso do inquérito, o
Ministério Público afirma ter encontrado irregularidades que, segundo a
Promotoria, envolvem aditivos em valores ‘elevados’ para inclusão de serviços
já previstos no contrato inicial de gestão. Esses aditivos teriam sido
assinados pelos ex-secretários de Saúde.
O Ministério Público também coloca sob suspeita
empréstimos de R$ 11 milhões a custo zero e sem prazo de pagamento em favor das
outras unidades da Pró-Saúde, localizadas inclusive fora do Estado.
“Nas investigações, a promotoria de justiça
identificou a duplicidade de pagamentos com recuso público, a partir de termos
aditivos adotados para cobrir serviços já previstos no contrato inicial; a
efetuação de empréstimos financeiros (sem retorno) para das outras unidades da
Pro-Saúde, incluindo a Sede Administrativa situada em São Paulo; a contratação
de empresas para prestar serviços no Hospital Galileu, nas quais tinham como
sócios pessoas que faziam parte corpo diretivo da Unidade de Saúde; bem como
despesas não previstas no contrato de gestão”, informou o Ministério Público do
Pará.
Na ação, a Promotoria também pedia a condenação do
Estado do Pará. A Justiça, no entanto, considerou que o Estado ‘enquanto pessoa
jurídica de direito público a ser eventualmente ressarcida’, não poderia
figurar como réu na ação de improbidade administrativa’.
COM A PALAVRA, A DEPUTADA DRA HELOÍSA
“A deputada dra Heloísa informa que aguarda a
notificação da Justiça para tomar o conhecimento devido e se manifestar sobre o
caso.”
COM A PALAVRA, A ORGANIZAÇÃO SOCIAL PRÓ SAÚDE
“Com estarrecimento e indignação, a Pró-Saúde tomou
conhecimento da Ação Civil ajuizada pela 2ª Promotoria de Justiça de Tutela de
Fundações Privadas do Ministério Público do Estado do Pará, que emitiu decisão
de indisponibilidade de bens, sem considerar qualquer oportunidade de defesa à
entidade filantrópica.
A Pró-Saúde entende que o procedimento judicial se
baseou em informações reconhecidamente incompletas e, também, equivocadas, do
ponto de vista técnico e jurídico, produzidas a partir de maneira unilateral
pelo próprio órgão ministerial, autor da ação. Por essa razão, a entidade
filantrópica irá recorrer da decisão e procederá, em momento oportuno, os
esclarecimentos pertinentes naquele feito.”
COM A PALAVRA, OS DEMAIS CITADOS
Até a publicação desta matéria, a reportagem buscou
contato com os demais citados, mas sem sucesso. O espaço permanece aberto a
manifestações.
Val-André Mutran –
É correspondente do Blog do Zé Dudu em
Brasília.