Mesmo com o fato ocorrido na madrugada desta quarta-feira (2) na
cidade de Cametá, distante a 234 quilômetros da capital paraense, a
Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) aponta
redução de 80% nos casos de roubos a agências bancárias na modalidade
conhecida como "vapor" ou "novo cangaço" no Estado.
No período de 1º janeiro a 2 de dezembro deste ano, esse tipo de crime
reduziu de 15 para três, se comparado ao mesmo período de 2019. Os dados
destacam que as ações integradas e de inteligência estão alcançando o seu
objetivo: reduzir os índices criminais. De acordo com a Segup, o que ocorreu
em Cametá foi um registro pontual.
Os episódios deste ano foram registrados em Ipixuna do Pará, em
janeiro, São Domingos do Capim, em abril e ontem, em Cametá. Este ano, houve
ainda a prisão de 36 pessoas envolvidas em roubos a bancos na modalidade
"novo cangaço"; apreensão de 17 armas longas e 300 quilos de
explosivos. Todas as quadrilhas responsáveis por ações caracterizadas como
"novo cangaço", em 2019 e 2020, foram desarticuladas. A última
morte registrada de transeunte ou refém durante uma ação como essa foi
registrada em 2015, na cidade de São Geraldo do Araguaia. A integração entre
as inteligências de cada instituição proporciona a troca de informações
evitando que muitos roubos não cheguem a ser concretizados.
"Nós já estamos com toda a equipe da Polícia Militar, Polícia
Civil, Centro de Perícias Renato Chaves e o apoio inclusive de peritos da
Polícia Federal, para que nós possamos, o mais rápido possível, esclarecer
este lamentável episódio ocorrido durante o final da noite e a madrugada aqui
em Cametá. Nós comparamos os anos de 2018, 2019 e 2020, observando que tivemos
19 assaltos a banco em 2018, 15 assaltos a banco em 2019, e este é o terceiro
assalto a banco, portanto, as ações de inteligência têm inibido e evitado que
ações como esta, de quadrilhas especializadas em assalto a banco possam
continuar agindo. Agora, claro que nós não estamos imunes a um episódio
dramático como viveu a população de Cametá , por isto que estamos com toda a
estrutura para repreender e efetivamente fazer com que esta quadrilha possa
ser presa e possa não mais em circulação, seja no baixo Tocantins seja em
outras regiões do Estado", ressaltou o governador do Pará, Helder
Barbalho.
O caso registrado na madrugada desta quarta-feira (2) envolveu mais de
20 criminosos fortemente armados, com armas de grosso calibre como fuzis. A
ação, que durou mais de uma hora, teve como alvo o Banco do Brasil. Uma
pessoa que foi usada como refém foi alvejada pelos criminosos e morreu no
local. Outro morador, que foi atingido na perna por arma de fogo, está
internado no hospital da cidade, mas sem gravidade. Os criminosos explodiram
o cofre errado e nenhum valor foi levado.
O governador afirmou ainda, que nenhum valor foi levado do banco e que
a estrutura de segurança se manterá até encontrar a quadrilha. "Nós
vamos permanecer aqui com o BOP Core, com o núcleo de inteligência, com tudo
o que há de especialidade, tanto da Polícia Militar, quanto da Polícia Civil,
até que este crime seja elucidado. Além disto, nós estamos com dois
helicópteros que ficarão aqui em Cametá pela peculiaridade local dos rios que
precisam deste monitoramento para esclarecer este evento ocorrido aqui. É
importante registrar a quadrilha não logrou êxito, por tanto, não houve
qualquer prejuízo para o banco, eles não conseguiram levar qualquer dinheiro
o que se por um lado representa um ponto positivo, mas também nós temos que
estar alertas porque uma quadrilha como esta, quando faz uma operação desta
dimensão, custa muito dinheiro e nós ficaremos atentos, com todo o sistema de
segurança para evitar que tentem uma nova ação em outros municípios, em
outras unidades bancárias", destacou.
Durante as buscas ao longo da BR 422, em Cametá, no Km 40, uma
caminhonete que teria sido utilizada foi encontrada pelas equipes policiais.
Dentro do veículo foram encontrados diversos explosivos. Já no quilometro 80,
na cidade de Baião, eles afundaram um carro (contendo explosivos), no rio
Itaperuçu. Após a averiguação das equipes, no quilômetro 90, populares
informaram que viram os criminosos pela última vez. Há indícios que eles
tenham fugido para uma área de mata. Nas investigações, foi constatado que os
membros da quadrilha possuem sotaque nordestino, o que levanta a suspeita de
serem de fora do Estado.
A Polícia Civil conta com a atuação de equipes da Superintendência
Regional do Baixo Tocantins, Delegacia de Repressão de Repressão de Roubo a
Banco e Antisequestro (DRBBA) e Coordenadoria de Operações e Recursos
Especiais (CORE). A Polícia Militar também está atuando com as suas equipes
especializadas. Peritos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves
(CPCRC) foi acionada para ir à Cametá. As análises solicitadas envolvem
perícia de patrimônio, veículo e local de crime.
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