Brasília – A equipe da
Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) identificou seis suspeitos
de participarem do sequestro e da morte do estudante paraense que
cursava farmácia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marcos
Winícius Tomé Coelho de Lima, de 20 anos, desaparecido no dia 8 de outubro. Seu
corpo foi encontrado um dia depois, crivado de balas, desovado na cidade de
Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
As investigações em busca da autoria do crime,
partiram após os tiras conseguirem imagens de câmeras instaladas em residências
numa rua do bairro da Urca onde houve a emboscada e sequestro do estudante
paraense.
Lima estava num shopping próximo a sua casa com os
pais, também na Zona Sul do Rio, na noite de 8 de outubro e voltou para a sua
casa de bicicleta. Horas após a ação, já na madrugada do dia 9, o corpo do
rapaz foi abandonado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Para a polícia, o
jovem teria sido executado por traficantes de classe média alta que suspeitaram
de seu envolvimento no roubo de uma carga de drogas na qual Marcus Winícius —
que era produtor de eventos não participou. “Até agora, sabemos que a vítima
participou da encomenda da droga, mas não participou do roubo da droga que
ocorreu na hora do acerto”, disse o delegado Uriel Alcântara, da DHBF.
O estudante de
farmácia, no Rio de Janeiro, não teve nenhuma chance de defesa
Morreu de graça
Para tentar descobrir o que aconteceu com o
estudante, e também como os assassinos o transportaram no trecho entre a Zona
Sul e a Baixada — a 49 quilômetros de distância de onde foi visto com vida pela
última vez —, a Polícia Civil requisitou imagens de câmeras de segurança
instaladas ao longo deste trajeto.
Foi justamente analisando as imagens de câmeras de
segurança que os tiras viram revelado o momento em que Marcos Winícius foi
sequestrado ao chegar na Urca. As cenas dos últimos momentos de vida do
estudante mostram o rapaz pedalando, quando um carro branco surge na contramão
e atinge a bicicleta elétrica da vítima. Com o impacto, Marcos cai no chão.
Bandidos armados descem do automóvel e o colocam no interior do veículo, que,
com a cobertura de uma caminhonete, deixa o local. As câmeras mostram ainda que
cinco pessoas presenciaram o crime, e saíram correndo apavoradas, na direção
oposta à tomada pelos bandidos.
Boteiros
Os suspeitos do crime tiveram a prisão temporária
decretada pela Justiça. Dois foram presos. Um foi capturado na quinta-feira
(15), e já teve a prisão relaxada. O outro está detido desde sábado (19). De
acordo com a Polícia Civil, Marcos Winícius foi morto por traficantes de classe
média alta, especializados no tráfico de drogas como Skunk, maconha hidropônica
e haxixe. A vítima não teve nenhuma chance de defesa.
Investigações da DHBF revelam que, entre uma e duas
semanas antes de ser executado, o estudante teria participado de uma negociação
para a encomenda de uma carga de skank, avaliada em R$ 80 mil. Quando a droga
ia ser entregue, em Copacabana, homens de uma outra quadrilha assaltaram o
traficante que faria a entrega, e levaram a mercadoria transportada. A Polícia
Civil investiga a participação de policiais militares nesse bando. Conhecido
como boteiros (dão um bote para se apropriar da carga), o grupo age em
Botafogo, Copacabana, Ipanema, Leblon, Barra e Recreio.
“Existe um grupo, da qual a vítima não fazia parte,
mas mantinha um relacionamento. Eles combinavam uma negociação de drogas.
Marcavam e roubavam a droga (na hora da entrega) em vez de comprar.
Investigamos a participação de policiais militares nesse bote. A vítima não faz
parte dos boteiros, mas participou da negociação (a encomenda da droga) junto
com uma pessoa do relacionamento dela, que faz parte desse grupo. Quando foram
receber a carga, a vítima não estava, e eles roubaram a droga do traficante.
Essa foi a motivação (do crime). Quem tomou prejuízo tinha certeza que a vítima
tinha participado desse bote”, explicou o delegado Uriel Alcântara, titular da
especializada.
Fuga
Investigações revelam que, logo após o episódio,
alguns integrantes do grupo de boteiros, entre eles os que conheciam o
estudante, fugiram para São Paulo. Como Marcos Winícius ficou no Rio, acabou
sendo morto por traficantes.
Dos seis identificados, quatro teriam participado
diretamente do sequestro. O único que teve o nome revelado é Igor Moreira
Dantas, o Gordinho. Ele estaria no banco do carona do carro que teria rendido a
vítima. Já os outros dois procurados seriam da quadrilha dos boteiros. Os nomes
não foram revelados para não atrapalhar as investigações.
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